Poemas : 

A Vontade de Ler - Acto 120

 
Os porcos que escritos em ruínas e velhos muros
Deliciados com o som seco e pardo do vento frio
Tão igual a esse que engasga os seus sinónimos
Desfazem oratórias em gestos nulos e inseguros
Saciados dos incautos iliteratos sem chão ou pio
Como os seus déspotas surdos-mudos anónimos

Aplaudem num coro uníssono a morte prematura
Trazida pelo linchamento público de letras doces
E despreocupadas d'um poeta que versa o amor
Aqueles que lambem mutuamente a carne dura
E esquivam da faca do talho os golpes precoces
Infligindo nessa leitura chagas de irreparável dor

A vingança conta que amanhã todos me choram
Sem memória lamecha de bom ou mau tal vilão
Arauto de palavras exóticas que aqui entranhas
O ponto final ainda mal se vê e todos o adoram
A interrogação traz dúvidas entre o sim e o não
Esta morte só é certa após duas vidas estranhas


A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma

 
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Alemtagus
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Enviado por Tópico
Aline Lima
Publicado: 27/02/2024 16:06  Atualizado: 27/02/2024 16:06
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Mensagens: 597
 Re: A Vontade de Ler - Acto 120 para Alemtagus
Caro Alemtagus,

Li com grande interesse o seu poema. Fiquei impressionada com a força da sua linguagem.
A sua crítica à censura e à falta de valorização da literatura é muito pertinente.
Gostei muito da forma como você utilizou metáforas e imagens fortes para transmitir a sua mensagem. As comparações dos censores a porcos e dos conformistas a animais são muito eficazes.
O poema também me fez pensar sobre a minha própria relação com a leitura.
Obrigada pela. Foi uma leitura inspiradora e reflexiva.
Abraços.
Aline.