Lágrimas de amor
Ajoelho-me a teus pés
Remendo um rosário de orquídeas
E beijo o chão, para que possas caminhar
Sem frio, embalo-me dentro do útero que nunca sai
Tenho medo mãe, que não voltes acordar,
Que os teus braços tombem
Sobre o meu corpo desprotegido
E naufrague sobre o deserto dos meus olhos
Os passeios ficarão manchados
De passos desconhecidos, e eu espessura voraz,
A impiedade que ascende de todas as pedras
À procura dos teus passos
Agora, recordo essa criança que ferve no teu sangue,
Correndo pelos teus anos, levados pelo seu canto confidente.
Um dia serei como tu, talvez, quando as andorinhas chegarem.
Conceição Bernardino
pelo poema que és
tentei dizer de ti o ébano que voa sobre os travesseiros
de tuas mãos duas asas se oferecendo pra voar-me
tentei dizer dos teus olhos verde-cana adoçando mar
e mais do teu andar, plumas tranquilizando-me o olhar.
quis dizer-te do raiar da aurora, tua voz macia, senhora
fazendo ponte tua boca à outra margem do oceano
e do teu colo, o território pra tuas crias beberem da fonte
e do teu canto, toque de brisa a enxugar os prantos
quis dizer-te em poucas ou muitas linhas
do alvorecer às varandas de muitas tardes
nos tapetes, nas leituras sob teus olhos flor docilidade...
quis dizer das sombras do pomar
sossego de tuas mãos tão férteis
(ainda) agora
quis escrever de ti um poema, que para
meus olhos te sentirem sempre perto
mas, palavras não superam tua presença, amor e sorriso...
minha mãe, meu apoio, minha estância, meu abrigo
Nasceu um poema
NASCEU UM POEMA
Meu coração é como um cipreste gigante
Enfrenta o tempo e a tempestade
Resiste, mesmo apertado segue adiante
Barco à deriva num mar de saudade.
São meus sonhos searas à mercê dos ventos
Meus poemas filhos por nascer
Sinto-os nas entranhas, ouço-lhes os lamentos
E aguardo o momento de ao Mundo os trazer.
E assim vou moldando seus passos,
Segundo minha visão
Acrescento-lhes mais umas gotas de medos
Alguns cansaços
E para tapar buracos no casco, a solidão.
Finalmente o desespero que meu rosto esconde
E meus olhos que se perdem sabe-se-lá por onde.
Vida inteira e uma mão cheia de nada
Hoje acordei vazia e assustada
Restos dum sono desassossegado
Palavras à volta na boca
Meu coração acelerado
Agarrando-se à vida que já é tão pouca.
Mais um poema é puxado para fora da mãe
E eu pouco sei do seu nascimento
Mas sendo mãe passam as dores, fico bem
E a minha dor se tranforma em amor neste momento.
O nascimento?
É íntimo e doloroso!
E mais um milagre me parece...talvez curiosidade?!
Dentro de mim a chave... a saudade!
rosafogo
Dia das mães
Hoje é o dia das mães
Hoje é o dia das mães?
Coloque a mesa
Divida os pães.
Cante uma seresta
Ofereça o seu olhar para ela
Caminhe na paralela
Que festa é esta?
A onde foram todos
Se chegue beije-lhe a testa
Para onde foram
Que festa é esta?
Todo dia é o dia
Do Pai do Filho, da Mãe
Coloque a mesa
Divida os pães.
Nereida
Á todas as mães do planeta
O presente maior é a sua presença.
OLHOS DE ENCANTAR
Os teus olhos são estrelas que aveludam meu coração
São as estrelas mais belas que eu vi em noites de verão.
Eu fico encantado por esse brilho incandescente
Dão luz à minha vida, iluminam a minha mente.
Trazem-me muita alegria para fleliz poder viver
Esse olhar é sinfonia para nunca mais esquecer.
Quando acordas pela manhã, teus olhos brilham tanto
Que os meus ficam inundados por esse teu encanto.
Durante o dia esse brilho, ilumina os meus passos.
São a luz da minha vida, são a força dos meus braços.
Se o meu corpo tem calor, a ti ele te deve também
Olhos que me acompanham, são os teus olhos minha mãe.
Cacos de lua
Até aí, tudo era perfeito
Ouvias meus sonhos e davas-lhes asas
E eu tinha uma mãe, sentia-me plena
Nada me faltava
Mas quis o acaso
Talvez o destino, que a hora chegasse
E o chão me faltasse
Quando tu partiste…
Cresci em revolta
E quebrei minh´alma em cacos de lua
Senti tua falta e demorei muito
Para sorrir de novo
O tempo ajudou-me a sarar as feridas
As chagas da alma
Devolveu-me a paz, a serenidade
Superei a dor, agarrei-me à vida
E fi-lo por ti
Segui meu caminho
E numa oração eternizo o amor
Mantendo-te viva no meu coração
Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal
SÒ BEIJO DE MÃE
SÓ BEIJO DE MÃE
Só o beijo da mãe tem importãncia
Quando nos penduramos ao seu pescoço
Ainda criança...
Como o som repenicado ainda ouço...
É um acontecimento o beijo da mãe!
A infância continua dentro de nós
Como uma papoila que estremece ao vento
Ainda agora, da mãe me lembra a voz.
Deixo-me a vaguear neste acontecimento
Entre o passado e o presente
Este dia está velho!?
Como o meu pensamento.
As ruas silenciosas,
As portas cerradas
Das arvores as folhas caem, chorosas,
Das flores, foram-se as pétalas perfumadas.
Fico atenta ao que vejo
Nuvens rindo no céu passeando,
O Sol há muito acordou
E os casais, esses?! Continuam-se amando!
Daqui a pouco a tranquilidade da tarde
E eu aqui estou...
Vivendo vou lembrando com saudade.
O beijo da mãe, que acaba com a solidão
Que põe fora a inquietação
E um anjo a minha história vai arquivando
E guarda tudo o que vou lembrando.
Escrevo, mesmo parecendo ausente
Estou recordando meu chão
A brincar me deixo na ilusão
Que ainda sou dez réis de gente.
rosafogo
(Dez réis de gente, gente pequena.)
Esta poesia tem algum tempo, ainda embalava meu
neto que hoje é homem e às vezes me chama de mãe.
"Não viu as horas, menino!"
Mãe...
Lembra quando pegava minha mão
para atravessarmos a rua?!
Eu queria tanto correr,
e você me segurava!
Até que um dia,
sob seus olhos em vigília,
deixou eu seguir sozinho...
E dando exemplos aos pés
me ensinou a por fé
nos meus passos,
aos poucos me soltando para a vida...
Entusiasmado com a liberdade,
corri meu destino!
Lembra quantas madrugadas,
sem conseguir dormir,
ficou esperando eu chegar em casa?!
A seu modo, sem perceber
me alertava:
"não viu as horas, menino!"
E foi como enxergar com seus olhos!
Esses que também
ignoraram o tempo
e me guardaram criança.
Não notei mesmo as horas....
E achei que sempre estaria ali
esperando meu regresso!
Hoje,
homem,
continuo correndo.
Já não há tanta liberdade
e nem muito entusiasmo.
Lembro as estórias que me contava!
Havia sempre uma eterna felicidade,
inocente,
no desfecho.
Pena que a vida corrompe a inocência,
e o tempo cuida de matar o "para sempre"!
Hoje,
homem,
continuo correndo.
E é o tempo que, às vezes,
de madrugada me zomba:
"não viu as horas, menino!"
Nesses momentos, confesso
que apesar de todo seu exemplo:
no desespero, a calma; na tempestade, o abrigo...
Eu me pego, de novo, tão pequeno!
Querendo tanto a sua mão para atravessar a vida.
... AMAR...
Mãe vem do verbo amar...
Uma palavra que não se pode conjugar!
Sua essência é divina ama com razão por amar.
Por ser a própria vida reproduzida ao fecundar.
Criar sua prole é um prazer educar, orientar...
Vive dupla dualidade sua realidade refugiar
Na sua luz perfume da vida que lhe é peculiar.
A MULHER É SIMBOLO DE AMOR (RECTIFICADO)
Nós deviamos beijar
Os seus ventres que nos deram a vida.
Os seus olhos que nos olham de amor.
As suas bocas que tantos beijos nos dão.
Os seus corações que por nós morreriam.
As suas almas plenas de sensibilidade.
Os seus corpos que por nós muito sofrem.
O seu amor que data desde sempre.
Os seus seios que nos mataram a sede.
As suas mãos que nos deram a comer.
Os seus braços que de amor nos apertaram.
Os seus ouvidos que nos sabem escutar.
Os seus cérebros que por nós se cansaram.
Os seus pés que por nós muito andaram.
Sim! porque elas são nossas mães!
Porque elas são a Nossa Rosa dos Ventos.
Porque são mulheres!
E ser mulher é ser simbolo de beleza,
É ser simbolo de amor!
A. da fonseca