A brisa do vento quis dar um grito,
Arfou a esperança e trouxe-a consigo,
Apontou-me o norte, mas não a sigo,
Nunca o farei, mesmo no fim, aflito.
No meu rosto a verdade de Heraclito
Beija-me e foge procurando abrigo,
Renasce uma vez e não mais consigo,
É a vida no mais perpétuo rito.
Assim duas vezes não vem o amor,
Imerge a luz do dia no luar,
Ambos parecidos, nunca iguais…
Sem saberes, homem, és um actor,
E enquanto o pano desce devagar,
Representas-te em todos os Natais.
10 de Novembro de 2010