Nenhum sopro de vida fecundada,
Nos antípodas da terra bendita,
Nem luz entre as mortalhas penetrada,
Ferem de morte a tristeza infinita.
Amorfa a voz na boca amordaçada,
Em busca da palavra nunca dita,
A tristeza no rosto disfarçada,
A alma sufocada que emerge aflita.
Mas na perdição tão viva e iminente,
Singrando num mar de gente indiferente,
É Diógenes erguendo a lanterna?...
Não. Sem cinismo e numa voz tão terna,
Lançou-me a boia flutuante e eterna,
E estendeu-me a praia, naturalmente.
15 de Dezembro de 2006