Sabado, 16
Anotações esparsas.
A cirurgia foi realizada ontem as nove na clínica da Cohab com o cirurgião oftálmico Dr. Océlio.
O filhote foi pontual. Fomos e viemos de Uber. Chegamos lá as sete e quinze e recebi a senha CPF 021 e esperamos no térreo e depois fomos para o centro cirúrgico no segundo piso. Depois de confirmado, enfermeira entregou-me o prontuário e outra colocou um colírio.
Não posso forçar a barra entrei em convalescença pós-operatório.
Asa Branca de Luiz Gonzaga de 1947.
Domingo,17
Segundo dia
A noite a vista operada mostra sinais de melhoras. Coloco o colírio de três em três horas. E aos poucos começo a ver de leve sem nenhuma nitidez. Dr. Ocelio depois que lipoaspirou a retina ou a córnea ou o cristalino, antes um anestesista baixinho aplicou-me uma injeção no olho minuto depois estava tudo dormente. Confesso que não senti nada, apenas uma luzinha verde e um barulhinho e doutor pedindo alguma coisa para instrumentista – uma lente e uma seringa e sentia que a cama-maca se locomovia para o mesmo lugar, onde eu me deitara rente a parede. Eram duas cama-macas, o medico operava um e o seus auxiliares preparavam o outro numa verdadeira linha de montagem –
A serie Columbo com Peter Folk, o detetive atrapalhado.
O tempo esfriou depois de um chuvisco no começo da noite, quando vinha da casa do meu filhote, onde fui avisa-lo que precisaria de um óculos escuros – o que tenho é inadequado para o meu caso – na verdade é um óculos para assistir filmes em 3D – não lembro quem me deu. O meu medo era cair um toró e molhar a minha cabeça. Pedi uma sacola plástica para Ed filho e improvisei um capuz. A senhora Vince ficou uma arara com a minha imprudência que poderia causar algum problema – repouso absoluto.
São uma e quarenta da madrugada e assisto SBT News – mudo para a Tv Brasil, um documentário “Terra dos Primatas”
Duas horas de la mañana de lunes – todos ressonam na pensão nos seus respectivos quartos. O sono quer me roubar, mas o documentário é bom , sobre avisa social dos babuínos numa savana no sul da África do Sul
Segunda-feira, 18
Véspera dos meus cumpleaños e eu convalescendo no terceiro dia. É noite ouvindo o radinho na penumbra dos meus humildes aposentos a cantora lírica americana Barbara Hendrix, interpretando belas canções natalinas no programa do jovem cantor lírico Roberto de Carvalho e escrevendo com dificuldades e as cegas. Tio Willi e Prof Murilo estão nas alturas o Fluminense vai para a final do Mundial de Clubes na Arabia Saudita.
Assistindo um filme xarope nacional com um marketing intensivo da Coca-Cola – Ritmo Natalino.
Quando fixo os dois olhos num determinado objeto, o operado fica balançando com se a lente estivesse solta, fora do lugar e isso me deixa apreensivo e angustiado.
Terça-feira, 19
O meu melhor presente foi a cirurgia e voltar a enxergar. Ainda não dar para ler, mas a nevoa que cobria olho esquerdo desapareceu e aos poucos as imagens vão se formando – apesar da dança das letras.
O cheiro de terra molhada, um chuvisco esfriou e um brisa com odor salgado acalenta nossos espíritos.
A vista embaçou de vez e voltou a ser como era – deve fazer parte da cura – de manhã cedo estava uma maravilha.
Iniciou o período chuvoso tão esperado no dia do meu aniversário – 63 años – avista amanheceu límpida, fiquei radiante e depois embaçou, deu-me esperança de que vou voltar a enxergar.
No meio da tarde enquanto os ingleses do Manchester penavam para ganhar um time japonês, deitado na cama contemplava o telhado e planejava o futuro, louvando a Deus e o meu amado filhote, que mesmo passando por dificuldades financeiras cumpriu o prometido, comprou e trouxe o óculos apropriado. Obrigado Deus por ter me dado um filhote bom.
Alguma coisa acontece com meu ego, quando a vista oscila, mas estou bem melhor. Descubro uma maneira legal para escrever, apenas deitado na cama aproveitando a réstia da luz da lâmpada da copa-cozinha que entra pela porta sem porta dos meus aposentos.
Desde domingo, depois que todos se recolhem, venho assisti televisão – a vista operada a todo vapor e uma excelente visão, bem colorida e nítida. Acho que a lente ainda está se adaptando. Domingo encarei “jornada das Estrelas” e o incrível Mcgyver e suas criações improvisadas, aproveitando materiais disponíveis para fazer o improvável. Ontem “terra de Gigantes” e a bela Linda Carter a maravilhosa “Mulher Maravilha” – dormir as uma e pouca e foi as três despertei para colocar o colírio e voltei a dormir, sendo deportado pelos chamados da Sra Vince que queria limpar os aposentos, levantei e fui urinar no quintal. Sr. Vince chegou com os pães – aliás antes de levantar-me, o colírio. Depois do café voltei para a cama e fiquei deitado até a hora do almoço, ouvindo o radinho – zapeando na AM – Timbiras e Mirante e na FM – Universidade e Jovem Pan “Pânico”.
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