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Viajandão IV

 
Saturday

O casamento real do Príncipe Henry, filho da querida e inesquecível Princesa Diane, admirava-a muito. Emocionado até a alma com a pomposidade da cerimonia em Windsor; todos convidados chegaram e por último a grande Rainha Elizabeth II e o marido - um desfile de celebridades artísticas e aristocrática. A mãe da noiva emocionada lacrimejando como se não acreditasse que estava ali no meio da aristocracia inglesa - um sonho para qualquer mãe, ver a filha casando-se com um príncipe. O Arcebispo dar início as orações. A Acústica da capela é perfeita - um belo espetáculo real para pobres plebeus - gosto e admiro a realeza britânica pelo seu simbolismo que representa, uma monarquia parlamentarista estável.
Nesses últimos dias estou sempre em surto, o coração acelerado, a boca amarga e a imensa vontade de se superar, agora não sei de quê.
- Vai passando o sorveteiro na sua rua - anuncia - Atenção vai passando o sorveteiro são apenas três bolas por um real. Traga a vasilha - avisa.
Devem ser os efeitos colaterais das Ritas@ que me deixa num estado angustiante. Como sempre estou fedendo. Moza, o homem do Forro Forte deixara suas tralhas na calçada no canto da porta enquanto foi buscar a moto do colega. Nas últimas páginas do "Caçador de Pipas.." onde Amir Jan recupera o sobrinho das mãos do facínora talibã, antigo desafeto de seu meio irmão o hazara Hassan -
Devolvi o livro e entornei uma dose de vodca com a rapaziada da praça - não estou muito bem. Deitado, tentando adormecer ou ler..
Comecei a reler os contos magníficos de Fitz, sempre gostei dele, desde quando li o romance "Os Belos e os Malditos" em 1980 - entrava de cabeça no mundo literário e adotei os escritores americanos Fitz e Hemingway como mestres, depois descobrir John Steinbeck em "As vinhas da Ira", William Saroyan, Mark Twain e outros até finalmente desemborcar nos beats: Kerouac em "Subterrâneo", Fante "Pergunte ao Pó", Bukowski "Factotum", Borroughs "Junkie" e o meu mestre favorito Henry Miller em "Tropico de Cancer" - eles abriram novos caminhos, mostrando-me que eu também, um simples serralheiro podia escrever na maneira mais simples e pratica possível - O genial irlandês James Joyce faleceu em Zurique no dia 13 de Janeiro de 1941 de uma ulcera perfurada, um ano antes da morte de Fitz em Hollywood - uns dizem que foi coração, mas David Niven celebre ator britânico escreveu em seu livro que foi tuberculose.
La noche em mi cuarto em companhia de mi hijo que lê atentamente as últimas folhas datilografadas do novo projeto literário "Vila Embratel / Praça Sete Palmeiras" que venho arrastando sofregamente alguns meses e ele vem acompanhando desde as dez folhas iniciais. Depois o acompanhei até a sua residência, antes passamos na casa de Mãe Douce para dar-lhe os pêsames pela morte do seu esposo mestre Vasco Lelacher que faleceu aos noventa e poucos anos. Jantei um empanado de frango e temo uma diarreia estava muito oleoso - e sem vacilar ingerir um comprimido de Zila" - de qualquer maneira estou no meu aconchego e sem álcool, vamos ver como me comportarei. Um amiga leu uns trechos de "Tuberculose" e gostou, mas duvido se o comprará - todos gostam, mas ninguém os compra - apenas três leram e compraram - Jean Gaspar, Comandante la Sierra e Gordinho, o bom samaritano - depois disso ninguém se manifestou - mas é assim mesmo em tratando de mim todas as molezas acontecem - peido pela quinta vez - assim será a minha vida e o pior que meu filhote está no mesmo caminho - mas um dia as coisas hão de melhorara para nós.
Reli dois contos "Boa Vida" e "As costas do Camelo" de Fitz - excellent - como diria os franceses. A tarde depois da sesta conclui a leitura da biografia do mestre de Dublin e reli algumas páginas de "O Idiota" - Um dos melhores romance do bom Dostoiévski. Relerei Hemingway que também foi editado por Perking - e foi Fitzgerald que o apresentou - e a primeira leitura foi "As Aventuras de Nick Adams" - quando ainda escrevia o clássico "O Sol Também se levanta" em 1922. "As Aventuras de Nick Adams" foi o único exemplar que sobrou da minha primeira biblioteca - 22/02/86 - ainda morávamos na grande casa grande da Rua Afonso Pena no bairro do Desterro - onde nasci e morei até os meus vinte e oito anos quando Papai a vendeu para pagar o INSS e se aposentar e começar a diáspora dos Bambas.
Apaguei a lâmpada do quarto para evitar reclamações da Sra. Vince que já se recolheu. Da Praça Sete Palmeiras vem um melódico reggae das antigas que embalou muito as noites em minha adolescência pelos bares do centro. escrevo e leio com a luz do poste que entra pela grade da janela - Apesar de toda essa penúria que parece nunca ter fim, acredito que terá ou sofrerei para sempre? Mas está bom, estou com saúde e o que quero mais do isso? Apenas um dinheirinho extra para comprar uns livros

Dimanche

Dormir um sono de chumbo sem direito a sonhos e nem a despertar pela madrugada. Uma bela borboleta sugava o néctar da flor da romã - tão simples e suave o seu voo.

Bukowski me acompanha nessa alvissareira manhã ensolarada de domingo. Vim aqui na oficina apenas para turbinar o meu combalido cérebro com meia banda de Rita@ que estilhaçou-se ao corta-la, mas deu para aproveitar. Paulinho ex-pescamar, velho conhecido e vizinho da Rua Afonso Pena, pede-me o telefone da Aço Maranhão, quer encomendar umas treliças para cercar o terreno dele. estava acompanhado por Seu Dracula, o pedreiro e motorista de frete, antes labutava numa carroça puxando um jumentinho ranhêta e cambaio, com muita luta e obstinação tirou a sua sonhada carteira de habilitação - desfez da carroça e do jumentinho teimoso e com a ajuda da irmã comprou uma camionete Fiat - e agora mata dois coelhos com uma cajadada.

A Rita@ bateu e chegou os convidados abusados da Sra. Vince, quebrando o encanto magico do momento, datilografava uma folha com muita luta de "Vila Embratel/ Praça Sete Palmeira. Antes relia "Os Pastores da Noite" e seus típicos personagens bem baianos.

Saio embocetado pela chegada deles, me irritam - Ando a esmo pelas vielas do mercado até descambar na calçada da lojinha do Sr. K que atendia umas clientes. Nelsinho, amigo de infância dele arregalou os olhos ao ver uma enorme jovem branca, cheia de carnes, trajando uma colada bermuda de cotton, deixando a mostra as suas belas pernas grossas e brancas, ficando de queixo caído diante de tamanha exuberância sensual. Um senhor bem idoso, branco, com a camisa desbotoada, empurrando um carrinho de vender picolé e apressado.

Era quase uma hora da tarde, Nelsinho ajudava Sr. K a tirar e guardar as confecções expostas penduradas na marquis. tentei ferra-lo, mas foi inútil alegou que as vendas foram fracas e tinha duplicadas a pagar na segunda. Capei o gato sutilmente.
Depois de perambular por todos os quadrantes do mercado e de beber quase uma garrafa de cana com os meninos da Praça da Barricudeira, que contribuí com a ajuda luxuosa de uma amigo do Sr. Vince que me deu dois reais, voltando para casa, encontrei um velho conhecido que bebia uma cerveja em pé no balcão do bar de Zé Filho e ferrei-o um copo de vodka.

A noite ainda chegava e eu bebia um quarto de cachaça paga pelo seu Lucas Evangelista no bar de Dona Antônia, próximo a residência de meu filhote e da mãe. Depois fui beber uma lata na casa dele na rua vinte, é um senhor rodado e bem informado. De lá, lembro-me quando sai, o resto foi deletado pela amnesia braba



 
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efemero25
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Enviado por Tópico
Benjamin Pó
Publicado: 12/08/2025 08:33  Atualizado: 12/08/2025 08:33
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 Viajandão IV p/ efemero25
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Valeu pelas sugestões de leitura e pelo ambiente delirante da experiência.