Não é o teu vulto que busco em vão,
Fundido nas sombras da noite imensa,
Nem o rosto, nem o afago da mão,
De que fujo nesta procura intensa.
Amar é crer na própria descrença,
Sorrir à dor e dizer sim ao não,
Suplicar ao cansaço que me vença,
Morto e em cinzas lançadas num tufão.
Mas que coisa é esta, que brutal demanda,
Que a si chama e tolhe uma vida inteira,
Será carne ou fogo de vil desejo?...
Apenas o amor cego que comanda,
Forte e louco como da vez primeira,
Em que encarnou no espírito dum beijo.
07 de Fevereiro de 2017
Viriato Samora