Sonetos : 

As flores de Maio, envergonhadas

 
As flores de Maio, envergonhadas,
Não desabrocharam quando nasci,
E as outras coisas, inanimadas,
Mais mortas ficaram, que eu bem senti.

Logo depois do parto arrefeci,
Como as pedras escaldantes, geladas,
Ao sol lançadas, aqui e ali,
Ao deserto da noite abandonadas.

Nenhum calor me poderá aquecer,
Com a utópica fugacidade
Dum átomo de tempo de verdade…

Por isso não creio na minha idade,
Mais do que um nada possa vir a ser,
Que as flores verá só quando morrer.

05 de Maio de 2004

 
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ViriatoSamora
 
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