As flores de Maio, envergonhadas,
Não desabrocharam quando nasci,
E as outras coisas, inanimadas,
Mais mortas ficaram, que eu bem senti.
Logo depois do parto arrefeci,
Como as pedras escaldantes, geladas,
Ao sol lançadas, aqui e ali,
Ao deserto da noite abandonadas.
Nenhum calor me poderá aquecer,
Com a utópica fugacidade
Dum átomo de tempo de verdade…
Por isso não creio na minha idade,
Mais do que um nada possa vir a ser,
Que as flores verá só quando morrer.
05 de Maio de 2004