Foste a voz no silêncio sem vida,
Lançada num espaço de vento e nada,
Por mim ouvida, mas não escutada,
Uma voz nesse silêncio erguida.
Longínqua longitude admirada,
De terra quente e de açúcar florida,
Uma pétala de riso vestida,
Sobre o tão lascivo Equador pousada.
Cruzeiro do sul ao oceano dada,
Estrelas sobre um veleiro à deriva,
Sem rumo, sem meta, sem vento alado…
Singrando o mar, vergando tempestades,
Afinal na proa a candeia viva,
E à popa acenando às eternidades.
20 de Maio de 2017
Viriato Samora