Sonetos : 

Ardeu, queimou-se; a vida são dois dias

 
Ardeu, queimou-se; a vida são dois dias,
Meio-dia de noite, outro de nada,
Volta a Maria à casa abandonada,
Com o corpo em sangue e as mãos vazias.

Vendeu-se a vendilhona entre as judias,
Abriu-se como terra desbravada,
E cobriu de pó a pele esfolada,
Espojando-se pelas lajes frias.

Mas da porta entreaberta, na soleira,
O íncola com mau trato e má maneira,
Bradou-lhe com lúcida bebedeira:

Irra! Saíste ainda agora e já cá estás?!
Só leio nesses olhos de goraz,
Que nenhum tempo volta para trás!

15 de Março de 2011

 
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ViriatoSamora
 
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