Venho de ti despedir-me, não vês?
Tardando a hora deste adeus imprudente,
Que a razão me leva a ti outra vez,
Num olhar de não te ver, mas se sente.
Nada que me transcenda aqui tu lês,
Descido às terras, empiricamente,
Como um caixão que às lamas se desfez,
E deixo ao presente um lugar ausente.
Ao meu aceno, mesmo assim nojento,
Ao retorno a mim dum imenso amor,
Ao fim semeado em cada despedida…
De quem me despeço dirá o vento,
No peito, enfim, o fragor, o estertor,
Porque o caminho do adeus é só de ida.
10 de Outubro de 2021
Viriato Samora