Era uma vez por tua voz cantada,
A palavra do mundo, pobre e rouca,
Trazia tanto, tanto de tão pouca,
Que no tudo trazido, trouxe o nada.
Era morta a noite pela alvorada,
Tomou gosto o verbo na tua boca,
Despiste o sol numa vertigem louca,
Uma vez partida, uma vez chegada.
Como a vontade nómada do sul,
Que habita nas aves e nos ribeiros,
Excitada com o vento, sem rota…
Almejas muito um pouco mais de azul,
Queres os tufões e a paz dos mosteiros,
E vencer sobre as cinzas da derrota.
14 de Junho de 2022
Viriato Samora