Estou aqui sobre ti tão curvado,
Folha alva, puro pedaço de neve,
Sorvendo o tempo, esse momento breve,
Fiando ideias num passo estugado.
Num instante que nunca se descreve,
Mas mais instintivo do que agitado,
Certeiro como o golpe dum machado,
Saiu-me isto da caneta lesta e leve.
Inspiro-me dando-me aos virotões,
E peneirando o pesadelo denso,
De mim fujo e de mim fico suspenso…
Não mandarão nunca as leis do bom senso,
Guiam-me os desastres, os furacões!
Tudo o que sou são alucinações.
04 de Novembro de 2010