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Pai José - O desembargador Cardozo - XX

 
XX
O desembargador Cardozo

Era uma bela manhã de maio, uma sexta-feira. Estava sentado nos degraus da grande escadaria da Catedral da Sé, na Avenida Don Pedro II. Ao lado do carro de mão com galinhas e galos, quando um Opala quatro portas preto parou. A porta traseira se abriu e um homem de barba desceu, vestindo um elegante terno azul bem talhado, óculos escuros, bem perfumado e sapatos de cromo alemão pretos bem polidos brilhando ao sol. Fumava um charuto. Levantei prontamente, aproximou de mim, ajeitando sua bela gravata. "Quanto são suas galinhas? Interrogou-me com autoridade, apontando para elas. "São 30 reais, senhor", respondi,. "É todas as galinhas? " "Não, senhor, por uma galinha! " Ele tirou os óculos e ficou de pé, olhando para mim, levantando a mão. "Você não é o Sr. Joseph que trabalhava com a Sra. Silvia?”Perguntou encarando-me "Sim, senhor,sou eu mesmo”! Confirmei todo feliz. "Eu sou Desembargador Cardozo e a Sra. Silvia era uma muito minha amiga. " "Lembro-me, senhor", falei, abaixando a cabeça tristemente . " E tu trabalhas aqui, vendendo galinhas e galos?" "É, sim, senhor", Assenti timidamente ainda com os olhos baixos. Observou-me das cabeça aos pés coçou o queixo balançou a cabeça, o charuto preso no canto da boca. "Quanto custa todos?” apontando as três galinhas e os dois galos . "É cento e cinquenta reais", eu disse,. "Mas deixo para o Senhor por 120." "Pago os 150, mas o senhor vai deixar lá em casa.O senhor sabe onde moro? " – “Sim senhor” "Muito bem então, espero por você amanhã! “ Pagou e entrou no carro. No dia seguinte, encontrava-me na mesa da linda sala de jantar sentado ao lado do Desembargador Cardozo, o presidente do Tribunal de Justiça bebendo café da manhã. Trajava um robe de chambre que cheirava a água de colônia. "Sr. Joseph", disse-me enquanto mordia um bolo de mandioca com queijo: "Eu tenho uma boa proposta de você!” Faez uma pausa para tomar o café e comer pão com salsicha. "A Sra. Silvia o amava muito e antes de morrer ela me pediu um favor” Sorvia o café e parei, preocupado. "Ela me pediu para ajudá-lo, e ontem, quando vi você vender suas galinhas e galos na praça, isso me entristeceu ... Eu tenho um trabalho para você. Tenho uma chacara na estrada para São José de Ribamar e preciso de um caseiro. Você concorda em se tornar um? "Sim, senhor, eu quero.” . No dia seguinte, seu motorista me pegou e levou-me para a chácara. Era um trabalho tranquilo. Acordava por volta das seis da manhã, preparava o café e saia para alimentar os pássaros em numa enorme viveiro, depois regar as plantas e árvores no jardim e jogar as rações dos peixes que nadavam na pequena lagoa localizada no fundo da chácara. Meu quartinho ficava atrás da casa.... Depois do almoço, cochilava na rede,a noite jantava sanduíches deitava no sofá lia meus livros e escrevia... meia-noite soltava os cães e me recolhia ... Em uma linda manhã de segunda-feira, jogava a ração aos peixes, quando ouvi a buzina do carro no portão. Até estranhei. O sol estava batendo forte ... Fui rápido, abri era o carro do juiz. O motorista saiu do veículo e veio em minha direção ... Suas lágrimas corriam na face, seus olhos estavam vermelhos e seu rosto triste. aproximou de mim e colocou a mão no meu ombro enquanto mordia os lábios ... "Joseph, nosso chefe, o desembargador Cardozo, morreu ontem durante a noite. Ele teve um ataque cardíaco! " Cacete, aconteceu novamente. Durou três anos ... Descobri depois que era o Tribunal de Justiça que me pagava.... O salário oficial era três mil reais, mas o juiz dava-me apenas mil reais, Com mais essa fatalidade voltei para o centro

 
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efemero25
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