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Nada existe que não seja

 
Nada existe que não seja
Desânimo
Desalento
Inacção, esmorecimento,
e o verbo cardo, este que rabisco
desenhado, impresso
no pano-cru de um tempo esfiapado,
que desaparece, lesto e pardo, inane,
descontinuado, a traço largo.
Um tempo inútil que carrego na bagagem -
Karma, carga, sina, fardo.

Caminho-me na noite parada,
vagueio memórias, luares na madrugada,
lugares sem gestos, agrestes,
sem norte, sem bóreas.
Sem coisa alguma ou nada que não seja
uma existência desumanizada,
fabulada,
em que apenas e apesar de querendo,
não esqueço, esquecendo-me de mim,
de tudo e do meu mundo:
- Este arco-íris
tinto de negro permanente,
elevado no beiral rubro de um telhado
a amarrar, a escorar, a terra e o mar,
nesta agonia angulada de dormir
acicatada,
de dormir semilíquida, pastosa,
lívida, quase verde,
quase roxa,
na sede de uma alvorada.

De levitar cinzenta estrada,
na deambulação rasa da água.



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Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
Gilberto
Publicado: 28/05/2007 22:12  Atualizado: 28/05/2007 22:12
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Usuário desde: 21/04/2007
Localidade: V.Nde GAIA-Porto
Mensagens: 1804
 Re: Nada existe que não seja
Neste diambular pela agonia. O sujeito poético brinda-nos, com um belo poema!
Com todos os condimentos que sustentam estas palavras, carrregadas de frustração, e desânimo.
Porém...espero que sejam apenas palavras...

Gostei muito!

Beijinhos


Enviado por Tópico
ângelaLugo
Publicado: 28/05/2007 22:17  Atualizado: 28/05/2007 22:17
Colaborador
Usuário desde: 04/09/2006
Localidade: São Paulo - Brasil
Mensagens: 14852
 Re: Nada existe que não seja p/ Mel de Carvalho
Querida poetisa

Desanimo, fardo, sina
seja o nome que for sempre
está em nossa vida que as
vezes penso ser coisas do
destino, mas quem garante
que realmente exista não é?
Mas A vida é assim....
Esta bagagem inútil muitas
vezes também nos ajudam nas
caminhadas da vida...
Adorei seu poema escrito
com uma tristeza será que
estou certa?

Beijinhos iluminados