Vou deixar de ser eu
Estou cansado de viver assim
De esconder-me,
De todos e de mim
E se eu tiver que ir
Para longe daqui
Espero ir sim,
Para não me encontrarem mais!
Fugir para uma ilha deserta
Para um bosque sem fim
Caminhar sem destino, talvez sozinho!
Pois até de mim estou farto...
Vou atirar-me de um prédio
E cair num abismo sem fim
Vou nadar em veneno
Para tentar fugir da dor
Quero morrer distante
De todos e de mim
Fugir daqui!!
Sozinho...
Quem me dera estar num quadro
Pintado, preso, sem me mexer
Passar a vida, a olhar sempre em frente
Deixou de ser importante, de repente
E se eu for, não falem mais mim
E se eu estiver no espelho
Partam-no por mim
Vistam de negro o quarto
E deixem-me caminhar...
Vou atirar-me do céu
E descobrir que asas tenho
Vou subir...
Eu tive que deixar morrer
O que era meu
Mas sei que ainda vivo
Mas estou tão só
Na multidão!
Vou segurar-me,
Enquanto caio aqui
Vou encontrar-me
No espelho talvez
Vou resgatar-me e
Pintar as paredes de branco
Para não voltar a ser eu...
Vou deixar de ser eu...
Amar e Errar ( Na Morte de Um Novo Amor 2)
Talvez por estupidez
Ou talvez por desconforto
O tempo acabou de vez
E o amor já está morto
Jurei te calar
De me afastar de ti
Mas errei ao amar
Por gostar de ti
Talvez por indecisão
Ou talvez por avisos
Amavas com o coração
E laçavas em mim sorrisos
Mas agora passou por mim
Que foi só uma semana
Deus quis que fosse assim
Pois quem erra, também ama
Adeus às mais tristezas
Ao pedidos de morte
Às tuas incertezas
De não quereres mudar a sorte
Ai, maldição maldita
Que destino cruel
A minha sina já escrita
De sempre representar tal papel
Ó vidas, sumidas,
Voltem e me levem
Sarem lá as minhas feridas
E as dores que fervem
Ó vento, continua
Leva este sentimento
Esta verdade nua
Este meu tormento
Ó esperança calada
Volta lá a falar
Sei que isto não é nada
De amar e errar
Pobre sentimento solto
Que as areias me enterraram
E não sei se mais volto
Por aqueles que me amaram
As lágrimas recônditas
Ainda estão aqui!
As loucuras benditas
Ainda esperam por ti
Calai-vos, prantos sóbrios
O tempo empalideceu
Onde estão os brios
Do esperado Romeu?
O poeta morreu
Os seus versos também
O cardo não é mais meu
E a rosa já não é minha mãe
Reza, mar, ó mar reza!
Reza por mim, por favor
Este sentimento pesa
Na morte de um novo amor...
Essa sombra modesta
Da praia, de manhã
Dela, nada resta
Não surgirá amanhã
Se o silêncio e o desgosto
Me pudessem já matar
Mostravam o meu rosto
De quando te amo ao errar
Ó sentidos diversos
Acabem-me com as estrelas
Destruam os universos
Para não mais vê-las
Rasgo o meu coração
Quem me dera não o fazer
Morro por desilusão
De ter que te perder
A fortuna é tão pobre
Quando a gente não a tem
Mas é gesto tão nobre
Poder amar alguém
Porque é que esse alguém
Não chega?
Por mim, esse ninguém?
Essa esperança me cega
Ai onde está o céu?
Onde está a sua cor
Cubram-me já com esse véu
Na morte de um novo amor...
Na Morte de um Novo Amor
Espero agora que o tempo
Depressa possa passar
Eu quero que esse vento
Ouça-me e possa parar
Em exílio fiquei
Longe de ti, amor
Do sim, já não sei
E do não sou a favor
Sou poeta em prosa
Sou verso inacabado
Sou rebento de uma rosa
Sou o irmão de um cardo
Sou tristeza em desespero
Sou alegria infeliz
Sou o azul sincero
Esperando pelo vermelho que fiz
E o tempo não passa
E a tristeza não se apaga
E a caneta que me laça
Tende a tornar-se em praga
Ai por te querer tanto
O silêncio é a dor
No choro do meu pranto
Na morte de um novo amor
Na lágrima recôndita
No medo de te dizer
Essa verdade insólita
De te querer e não poder
No momento de te dizer
No futuro já passado
No meu envelhecer
No meu triste, triste fado
Amargura inquieta
Paixão sem calor
Por ti, mataria-me com uma seta
Mas não espero por teu amor
Ó voz presa em pedra
Ó fortuna da pobreza
Ó mágoa da minha perda
Perdi toda a certeza
Ó vento, vento pára
Pára de tentar curar
Essa ferida que não sara
E o tempo a passar
Ó areias que me afogam
Afogam a minha dor
Pois por mim, já não choram
Na morte de um novo amor
Fingi
Fingi alegria para chorar
Fingi tristeza para festejar
Fingi amar para esquecer
Fingi viver para morrer
Fingi entrar para sair
Fingi pensar para não sorrir
Pois fingi
Fingi escrever para ser feliz
Cisne Negro
Pedem que eu morra então
Em vão,
No chão,
Jazido sem ninguém
E por mim suplicam
Replicam
Evitam
Que eu morra já
Bato as asas e caio sem me deter
Viver em compasso, a morte me chama
E morro com exaustão
Ingratidão que ama o meu ser!
Pára! Volta para mim
Enfim
Teu fim
Será por mim feito
E morres já
E que ele vá
Para cá
Eu poder já ser teu
E voo e voo até à exaustão
Ingratidão
Que o meu ser tem ao coração
Loucura ambígua
Crua e que cai enfim
Desce, é o fim!
Vêm até mim
Cai e cai
E ele já vai
E eu perco-me no meu ser
Sem nada poder fazer
Caio e vejo-me morrer
Com todos a ver e a ver
Morro e morro outra vez...
(De vez, de vez)
E dou por mim no meu lago
Onde me todos esperam!
Bato as asas e se desfaz
A paz
Em mim, em todo o meu ser
Bato as asas então
Até...
Bate então o coração
Então
Sou um cisne negro
Grito contra ti
Como me doí a vida
Quando fui enganado
Como morro aos pedaços
Por ter acreditado em ti
Encontro-me perdido, mal achado
Triste é não estar ao teu lado
E pertencer só a ti
Como a morte em mim implora
Que eu vá ter com ela
Choro lágrimas mortas
O que sinto ainda importa
Pois não serás nunca meu
Acabo de perder aquilo que já não tenho
Acabo de receber o que sempre tive
Ai, modesto coração puro
Como deixaste de estar seguro?
Como deixei que te levassem?
Eu peço à morte que não me leve
Para ver se não me choras
Eu queria saber porque o fizeste
Se me amavas porque me deixaste?
Perdoei todos os teus erros
Mas os meus, porém pequenos, tu não os perdoaste...
Cheguei ao fim (Um Resumo de Mim)
Até voltar a ser dia
Farei tudo demais
Perder de alegria
Não compensa o jamais
Adeus até algum dia
Que triste sombra possuo
Ai segredos ela me guarda
Vivo em corredores sem fim
Esperando que me salvem
Estou preso até o fim
Escrevi já tantas cartas
Sem ver o destinatário
Fui em tempos já Deus grego
Sedento por minha imagem
E dai tornei-me humilde.
O mundo não é só meu
Decerto não é de ninguém
Ai triste de mim
Pois algum dia sonhei
Por fim chega o fim.
Espero agora que o tempo
Depressa possa passar
Por uma lágrima derramada
Foram-me logo julgar
Ai que morro
Ai que caio.
Ai, que medo
Que eu tenho
Que tu possas acordar
Talvez por conselho
Talvez por ciume
Apaguei as chamas
E aceitei virtude.
Adeus, voltaremos
Meus irmãos
A voz que já perdi
Por presunção
Não me chorem
Não me gritem
Finjam que não existo
Finjam que não existo
Fingi
Amar para esquecer
Viver para não morrer
Escrever para ser feliz.
Como um poeta
Erguem-se espadas
Caem vitórias
Como uma luta merecida
A paz não foi devolvida
E eu
Triste eu.
Gritei
Aos céus praguejei
Que não era certo.
Silêncio
Adeus amor
Penhasco de Lucidez
Sem maldade
Roubarei mais um beijo
Imaginário.
E eu temia ir embora
Quando eu é que acabei
Por partir
Com ou sem ti
Eu me despeço.
Fingi
Ódio meu
Amo-te mas odeio-te
Estou fraco
Sonhei
Morrer então no meu exílio
Cercado no abandono
No Cemitério mais sombrio
Onde há tudo menos arrepio
Estou pronto final
Como me custa
Viver em círculo cerrado
Onde o fado do nosso amor
Vive sempre sempre parado
Preso em caixa de vidro
Lamento
O Adeus pouco merecido
Farto de tudo
Não faz mal
Adeus é o final
Adeus amigos meus
Cheguei ao fim...
Para quem já leu anteriores poemas meus, poderão notar os versos antigos que me marcaram neste percurso na escrita entre novos versos que fazem a ligação entre o passado e o presente.
Este poema marca um resumo de toda a minha vida desde que redescobri a escrita e abracei a poesia, a prosa e os contos. Espero que gostem e com a promessa de uma vida melhor repleta de felicidade e desejando, acima de tudo muita criatividade desejo-vos, leitores e escritores do Luso-Poemas um feliz Natal e um óptimo 2011.
Até Sempre
Abraços
PedritoDomus
Deus
Deus diz-se, que criou o universo, a vida e a morte, e sobretudo nós. Diz-se que Deus nos criou para sermos felizes mas, na verdade não há felicidade sem tristeza, bem sem mal, luz sem escuridão.
Eu estou aqui, escrevendo, porque foi Deus que me criou dando-me a tristeza, o sofrimento e a dor.
No entanto, Deus está desconcertado, pois aos bons dá o castigo, enquanto aos maus dá a vida de luxo. Eu pergunto porquê que ainda estou aqui? Porque existo?
Deus foi teimoso ao me criar e é teimoso ao não me matar. Foi Deus que cria e destrói, mas, hoje em dia, Deus não destrói, não cria, não mata, não dá vida, não ama…
Mas eu sei que ele haverá de recompensar-me. Sendo este o meu único pedido, que Deus acorde e me mate para a vida!
Adeus
Adeus, minha gente,
Não tenciono mais voltar.
Deixo a vós minha mente.
A minha forma de pensar.
Sofrimento, que és bendito.
Por todos teus companheiros.
Adeus, é o que sinto.
Ao ver-vos, primeiros.
Saudade, ai Saudade.
Que resta em meu lugar.
Por falta de liberdade.
Que tenho ao me matar.
Adeus, meus amigos,
Parentes e entes queridos.
Só a vós vos digo,
Os meus tesouros perdidos.
Adeus, não me chorem.
Já basta o que eu chorei
Adeus, para os que forem,
Mas eu nunca mais voltarei.
Adeus!
Sonhei
Sonhei hoje
Que morria nos teus braços
Num corredor iluminado
Longe de todos os embaraços
Senti-me eu culpado.
Beijavas-me em desatino
Eu morria entre nós
Era aquele o nosso destino
Era aquela a nossa voz
A lucidez foi aumentando
E nós beijávamos
O sonho de vez em quando.
O som da tua voz perdeu-se
E a luz irrompeu-se.
Até que acordei...