Filosofar...humanidade
Se a humanidade fosse compreendida
O desemprego era psicólogo
Mas se a vida fosse entendida
Nunca nasciam filósofos
Porém,
se o desemprego fosse psicólogo
E nunca nascessem filósofos
A humanidade estaria da vida perdida
Quando uma alma parte, somos eternos - RIP/DEP, Carla Pereira
Somos eternos
Imortais nas asas de um anjo
Pois os anjos, somos todos nós
Apenas nos esquecemos de como voar
Mais um desses anjos belos e singulares partiu
Meu RIP é pequeno demais no meu Inglês
Meu DEP é duro demais no seu Português
Pequeno é o meu tributo, no papel duro e frio
------------------------RIP/DEP---------------------------
Quando uma alma parte
Será que outra nasce para a compensar?
Por cada tristeza, uma alegria por desdobrar?
Quando eu partir podem-me compensar…
Façam nascer mais almas que as badaladas do meu descansar
Desdobrem mil alegrias, para o meu corpo as tristezas chamar
Ficam comigo presas nas coisas que deixei por acabar, por falar
Quando eu partir podem-me perdoar…
Quando uma alma chora
Será que outra ri para a compensar?
Pois cada tristeza, é uma alegria por desdobrar
Quando eu chorar até de mim podem rir…
Pois muitas almas a rir por uma a chorar
É um preço que não desgosto de pagar
Mas deixem ao menos alguém lamentar
Quando eu não quiser mas tiver que partir
Pelo Céu foste obrigada a entrar
Pela coisa que a tal te obrigou
Quando teu corpo soube minar
Nem o dinheiro, amor e amizade chegou
Ficam as palavras por falar
Os abraços e beijos por dar
O meu coração sem ar
Chora sem parar
Por uma amiga agora anjo
Pois amizade tal, não arranjo
Pelo Céu foste obrigada a optar
Pela maldita doença celular
Que Deus te proteja a todo o momento
É o meu mais profundo sentimento
------------------RIP/DEP---------------------
Por vezes a tristeza é tão abismal
que nem as lágrimas ousam cair
Outras, a felicidade é tão espacial
que somos planetas girando, a sorrir
Existem dias tão duros e pesados
Que o mundo cai-nos das costas
Outros, tão leves e arejados
Que no vento somos seres alados
Até na morte choramos da vida
De quem parte de nós, órfão
Deixando meia, a custosa despedida
Num “perdão”, preso num tufão
Nas fraquezas ansiamos ser fortes
como couraçados de aço intemporal
que resistem às dores de outras sortes
mas não chega... nem com a alma imortal
Somos apenas humanos...
Choramos e gritamos
no escuro, ainda amamos
E a noite eterna… só odiamos
Num “Deus nos proteja e acolha”
Sem termos nenhuma outra escolha
As almas especiais são imortais
São Anjos que vivem como mortais
por nos amarem talvez demais
A despedida... nem escrevo mais...
Para Carla Pereira, RIP/DEP
amiga… agora estou mais sozinho… como foste capaz?
(Minha alma está tão triste que nada a anima... e a escrita ainda mais a desanima)
Nunca pensei… mas por algum tempo deixarei de escrever…
Venho apenas agradecer o carinho de todos por este fantástico ano passado na vossa companhia (e dos vossos belos poemas). Lamento se inadvertidamente alguém feri de algum modo e obrigado por tudo o que me ensinaram e comigo partilharam. Obrigado mesmo!
Com amizade para todos,
António Jorge Pereira Madeira
PEQUENO PARDALINHO
(Partilho o poema que foi Menção Honrosa no XIX Concurso de Poesia da APPACDM Setúbal, esperando que gostem)
PEQUENO PARDALINHO
Escuta-me pequeno pardalinho
que vives triste, quase solitário
nessa tua opaca gaiola onde te procuro,
sem te conseguir de lá libertar
Um dia…
Numa trovoada de esperança, cairão chuvas de libertações,
abrindo a tua gaiola entre outras que à tua são tão iguais
Quê? Que me dizes?
Não gostas de te molhar?
Envergonhas-te por não saberes falar nem cantar?
Nada importa!
Eu canto e falo por ti e cubro-te da chuva em mim
Faço esse Um dia ser já amanhã, mas tens de me ajudar
Sabes…
embora tenha penas, já não servem para voar
pela vida fora, deixei de as saber usar
foram as mágoas e o receio de as magoar
Mas faço de tudo para te ver bem alto,
todo emplumado, feliz no Céu de nosso mundo,
por ti e por mim,
tal normal anjo a voar
Aqui como B. de Batista Bastos
António Jorge Pereira Madeira
O velho e eu Velho
Quis fugir do destino
Escondendo-me opaco
Na alma de um menino
Mas o velho é macaco!
Sabotei o tempo imuto
Com bombas de ilusão
Mas o velho é astuto!
E atirou-me a desilusão
Cortei amarras ao mundo
Tentando fluir na maré
O velho viu-me do fundo
Puxou-me, perdi o meu pé
Estava quase afogado
Cheio de fel borbulhando
Mas o velho é danado!
E fez-me viver chorando
Maldito velho desalvorado
Que vives em mim fechado
No gelo branco do pecado
Ateando o meu negro lado
Liberta-te de mim e sai
Vai para o teu covil aguado
Onde fechado está teu Pai
Leva-lhe este meu recado
Pois nunca mais cederei
Nunca mais serei manipulado
Caia a terra e eu escaparei
Num carro de vinho aguado
Rumo ao firmamento
Onde as estrelas riem
Desprovidas de vento
Agitadas, me sorriem
Sabes velho…
A terra é o espaço
Onde brilham estrelas
O céu apenas terraço
Onde vamos colhê-las
Onde podemos vê-las
Nelas nos apontarmos
No brilho ofuscarmos
Ansiando por tê-las
Mas eu apenas te tenho
Velho corpo e alma pingona
Que no tempo detenho
Para fazer esta paragona
A brincar e a criticar
Tinha amigos aos milhares
Até que minha pobreza chegou
Agora nos seus gestos e olhares
vejo do que a pobreza me livrou
Não as querendo criticar
Nunca as mulheres me assediaram
Mas depois de um dia casar
Nem da minha porta se afastavam
Até chegar a infeliz separação
que caiu na vida com pesar
não sei se foi essa a razão
de nunca mais nenhuma avistar
Restava-me meu trabalho ideal
Que me dava longas horas de azia
O que ganhava, era tão pouco, irreal
Quando as faturas a pagar, conferia
Mas não conseguia aprender a roubar
Embora visse os mestres em ação
Que na televisão e governo, ao falar
Roubavam-me até a minha visão
Fui para pedinte, carros arrumar
Mas a concorrência era brutal
Até a um deles tive de pagar
para não me por em tribunal
Fui acusado de o caluniar
Ao chamar-lhe de malandro
Ainda tive de advogado pagar
E com pulseira eletrónica ando
Não posso dele me aproximar
Por causa duma injunção cautelar
Raio de filho que me havia de nascer
Que até do Pai goza, a bel-prazer
Quase que conseguia de tudo chorar
Se não tivesse de meus olhos hipotecar
Para pagar a minha pequena cirurgia
Depois de ver as contas de oftalmologia
É que nem cego por cá se pode ser
Muito menos deficiente aqui nascer
Pois para dinheiro eu conseguir arranjar
Tenho de cegamente em linha reta andar
e caso deficiente, ter de a Universidade completar
Mas se numa bola um chute ao acaso acertar
Sou um português que o estado irá ajudar
Mas sou apenas deficiente com medalhas a nadar
Dizem; vais a nado que tens bom “corpinho” para pagar
A de cima era da frustração a falar
Por ver por ai, tanto herói exemplar
E ver sempre os mesmos a ganhar
O que para todos devia chegar
Desculpem por me enervar
E por tanto me alongar…
Por favor não me façam disto pagar
Que não tenho mais nada para empenhar!
Como o Amor me dói
Como o amor me dói
Me fere o peito desnudo
Que envergo como herói
Chorando bem no fundo
Como a fraqueza me fortalece
Me escuda o coração apressado
Que de tão pesado já nem parece
Ser aquele que bate só e calado
Como a fraqueza me dói
No amor que me fortalece
Onde o coração se desnuda
Num peito tão pesado… tão apressado
Como tudo me dói
Quando a dor és tu
Quando o teu rosto é Ceu
E anseio ser o teu luar
Para o teu rosto iluminar
No brilho dos olhos meus
Que te tornam o verbo amar
E a mar me sabem os desejos
Como o amor me dói
Me faz da dor gostar
Mas ele faz de mim herói
Eu… que sou incapaz de amar
Como a verdade me dói…
Pre(Cativos)
Cativamos num olhar
Noutro libertamos o nosso amar
Depois de libertado nunca quer regressar
Prende-se no tempo, mergulhado nas ilusões
De nosso cativo que cativou o nosso gostar
Cativamos numa fala
Noutra falamos sem nos calar
Atropelando peões na passadeira
Na língua atrasada do pensamento a brotar
Ser cativo não é mera brincadeira por falar
Cativamos o tempo
Mas ele não nos liga, foge sem parar
Anda sessenta léguas rodadas num minuto
Para em segundos, anos de nós separar
Quando escrevi isto era um mero “puto”
Desde que deixei o relógio a embolorar
O tempo parece estagnar, o sol e lua ignorar
Mas vivo atrasado de tudo… quem sabe se a morte
Não me deixa por ela passar… sem ter de a cativar
QUASE AUTOGRAFONIA
Muitos se queixam do meu feitio arreigado
Que explode na face que de Deus recebi
Dizem que é do Rio quase Mar azulado
Que banha a Cidade onde eu nasci
Falam que no crescer, meu corpo foi danado
Como ele da morte, não vivia muito afastado
Até que um belo e singelo amanhecer
Fez no brilho, a escura ceifeira desfalecer
Da infância não sei o passado (não me têm contado)
Pois era no presente que pequeno, adormecia
Escudando os olhos de uma fera humana, assustado
Que quando acossado, no corpo de minha mãe batia
Depois cresceu o pensamento, no adolescente calado
Que borbulhando hormonas de amor, sorria poemas
No seu Rio quase mar Azulado, onde chorava salgado
Por seu amor rejeitado, não ser azul mas encarnado
Dizem que as recordações nunca morrem
Vivem do coração, no sangue bombadas
Que constroem o caráter de um homem
Queimando na alma, as suas pegadas
Mas eu sinto mais do que posso falar
Escrever, ou chorar
Não sei como de mim tirar
O que não sai de modo vulgar
Sinto o torniquete apertado
Que contém o meu inundar
De emoções.
Que me asfixia o pensamento
Num eterno momento
Sem nunca hesitar
De mim se afastar
Coragem, entoo para dentro
São mais alguns anos por passar
Depois
Apenas passam meios mundos
Cheios de meias vitórias
Que na boca chegam a amargar
O tempo nada repassa,
tudo devassa
E eu não consigo extravasar o que se passa
Pois apenas se passa um humano a imolar
O seu sentimento,
num rio de paixões falsificadas.
Nele fui batizado,
Pelo falso profeta enganado
Pois ainda na água mergulhado
Vi que o mundo era aguado
Sujo, depravado por todos
Privado do seu amargurar
E esta dor que sinto
Que me corta o coração
São apenas fragmentos
Do ateu que morreu não conversão
Aleluia, que também eu sou Cristão
Muitos se queixam do meu feitio arreigado
Mas foi com ele que sempre vivi
É ele que me faz ser um rio azul inflamado
Que banha este corpo, onde eu nasci
Maldito Frio, que Vadio
Maldito frio que vadio, vais vadiando nos meus sapatos
Arrefecendo os dedos rotos nas meias andanças
Atrasas-me a mensagem, que trago envolta nos trapos
Que finos um dia, são agora rasgões expostos às lembranças
Maldito frio que vadio, no beco mostras a minha pobreza
Sei que a garrafa que envergo, meia cheia de esquecimento
É também meia cheia de céu cinzento que recordo,
bebendo na certeza de esquecer gentes que amei
quando sem trapos nem rasgões, no sentimento
Maldito frio que vadio, me lembraste de partir
Para pedir moeda quente que te faça fugir
Pois pobreza, meu corpo e alma estás a cobrir
E o bendito sol hoje tarda, por muito dormir
Todos os dias tem sido nublados e opacos
Mas frio assim só hoje que aqui desisti
Das andanças que não eram meias de dedos rotos esfriados
Meu ultimo Poema em '140314
Forças da Natureza
Quando me procuro inspirar
Oiço o distante marejar
Sob o por do sol a chegar
Preso numa flor a despontar
E perco-me no teu olhar
São estas coisas; as forças da natureza
De que gosto realmente de falar.