Catarse Poética
A alma do poeta expressa
uma forma diferente de sentir
Longe do mundo e da pressa
Revelando algo que está por vir
Enternece tão somente
àqueles que por ela são tocados
Uma alegria para quem sente
os seus sentimentos revelados
Pois com sua palavra e voz
ele pode transpor muros
e ajuda a desatar os nós
aliviando os corações mais puros
Com sua alma exposta
e seu coração na mão
se entrega com paixão ao que gosta
e compõe notas da mais pura emoção
Com palavras ele desenha
como o pintor com seu pincel
Pois do cofre ele tem a senha
Colorindo o branco do papel
Revela sem medo suas dores
e expõe desejos contidos
Fala até mesmo de seus amores
e pensamentos proibidos
Numa catarse de emoções
sua alma aflora e se liberta
Florindo nas mais belas estações
lapidando sua dor mais secreta
Com a alma purificada
e o coração atento
Não busca da vida mais nada
do que a leveza do momento
Ianê Mello
A Vida em Atos
Máscaras a encobrir nossa face
Criadas pelo medo
que se instala no ser
obscurecido pela ausência
do verdadeiro eu
Emolduram o rosto
e em seu contínuo uso
nele tomam forma
De tal maneira
se incorporam e se amoldam
que torna-se difícil
vislumbrar a face original
No exercício constante do disfarce
a consciência de si mesmo
se perde pouco a pouco
No palco da vida
Personagens assumem seu papel
No diário teatro de máscaras
Labirintos da Alma
Plenitude do Ser
Entre o céu e o mar
habita em mim o desejo
de meu corpo libertar
das amarras que o prendem
fincando seus pés na terra
impedindo-o de voar
Minha alma libertar...
Como Ícaro, criar asas
para com sabedoria planar
Nem muito perto do sol
para minhas asas não derreter
Nem tão próximo ao mar
pois em suas densas águas
poderia naufragar
A busca do perfeito equilíbrio
entre espírito e matéria
que move a humanidade
desde a sua criação
nos faz crer na possibilidade
de na alma encontrar
a verdadeira libertação
Mas o corpo que habitamos
em vida, nossa prisão
pelos sentidos mantida,
é também nossa morada,
nosso abrigo nesta vida
para uma alma elevada
Há que se ter discernimento
para a harmonia encontrar
entre os desejos do corpo,
vontades de navegar
e os proclames da alma
querendo se libertar
Na vida haverá o momento
de viver em plenitude
Corpo e alma irmanados
Fraternalmente ligados
em perfeita completude
Ianê Mello
Labirintos da Alma
Lutemos pela Paz!
Vinheta de Adofo Payés
Nesse mundo de guerras, injustiças e preconceitos
perdidos estamos nos descaminhos do amor
A cada mão levantada, a cada arma empunhada, a cada agressão
mais nos afastamos de nossa verdadeira essência,
de nossa humanidade, decência e sentimento de compaixão
Quanto tempo perdido com tamanha destruição!
Nos tornamos autômatos, inertes e sem coração
Robotizados estamos, prisioneiros do tempo
Vivemos nossa vida a esmo
Vivemos apenas para nós mesmos
e esquecemos o nosso irmão
Construímos nossa própria prisão
num castelo de ruínas
onde nos escondemos do mundo,
onde nos perdemos cada vez mais
num caminho sem volta
Nos protegemos uns dos outros
por medo da entrega
por medo da decepção
e cada vez mais nos fechamos
dentro de nós, em nosso esconderijo próprio,
onde nos sentimos protegidos
e livres de ameaças externas
E para onde vamos nós
Encarcerados em nosso próprio medo?
Quanto tempo mais aguentaremos esse isolamento?
Já paramos para pensar que o ser ao nosso lado
também sente o mesmo que nós?
Já ouvimos no outro a nossa própria voz?
No olhar desesperançado,
no semblante contraído,
na boca emudecida pelo silêncio,
ouvimos nosso próprio gemido?
Somos iguais, sentimentos e emoções
Então, porque não unirmos nossas vozes,
nos olharmos nos olhos,
compartilharmos nossas dores?
Ainda há tempo, quero acreditar
Se você também crê, vem...
me dê sua mão e vamos caminhar
Vamos nos unir e construir um mundo
onde seja permitido ao menos sonhar.
Ianê Mello
Labirintos da Alma