Podias ser tu no meu lugar. Podias ser tu a implorar. Implorar para se quer eu olhar, quando a tua voz me chamar. Mas sou eu. Com todos estes erros, sou eu. E o único erro que tu vês, sou eu. Sim, sou eu. Como tu não precisas de ninguém? Toda a gente precisa de alguém. Eu preciso ser alguém. Alguém para ti. Voltar a ser alguém, como eu já fui para ti. E não me digas que este não é o tempo certo para discussão. Se antes, todo o tempo parecia certo para discussão. Mesmo contra a minha intenção. E não. E não me digas que este não é o lugar certo, para recuperar a tua atenção. Se antes, todo o lugar te fazia o centro da minha atenção. Mesmo sem a minha percepção. Eu não tenho razão. Diz-me amor. Será que para tudo o que dizes, existe uma razão?
Não queres que te chame amor, pois houve um rasgão. Sim, vindo de ti, o rasgão. Porque não queres que te chame amor, se tu fizeste o rasgão mas não te tiraste do meu coração. Diz-me amor. Diz-me que tipo de cirurgião deixa aberto um coração? A meio de uma operação. Termina-a. Termina-a enquanto o meu olhar não fica cinzento. Tens o meu consentimento. Enquanto eu faço o reconhecimento, neste momento. Se isso resolver este tormento. Eu faço o reconhecimento. Por tudo o que aguentaste por mim, enquanto estavas cá dentro. Estiveste sempre, mesmo quando não me tiveste. Vejo que nunca soubeste. Não é da minha conta? Amor, tu não vês que enquanto tu estás por tua conta, eu estou por conta da dor? E tu achas que o barulho das ondas à minha voz se irá sobrepor. Quando antes, ele era música de fundo enquanto fazíamos amor. Quando antes, ele juntava sal ao teu sabor. Num tempo, em que no teu corpo, a areia limava cada aresta. Tempo. O problema é que ele já
não me resta. Parece tarde demais para amar. E enquanto continuas a caminhar, pensa. Podias ser tu no meu lugar.
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