Jasmim - Donzela do Gelo
Jasmim.
Quando vejo teus olhos, Violeta.
Jasmim em flor,
me finco.
Aldravia 01
hereditária
sina
de
perder-se
no
outro
O Beijo
De altas janelas, de mim, escrevo.
Num tom de azul, vago, passeio.
Não me importo se uma outra cor despontar, e tentando num contraponto me mostrar, outro tom de azul diante do meu olhar.
Pois em mim, que ao longe vejo,
teu sorriso,
um gracejo, que num azul vago, reflete-se gigantesco.
E nesta noite, que te escrevo,
a chuva que lá fora cai, num correr passageiro já se foi.
E eis, que este mesmo céu se fez fresco no beijo que sonhei.
Interior. - Cartas
Querida Gaveta Falante,
Como poderá haver entrega num mundo de valores tão fúteis? Estou aqui pensando sobre isto, estou ainda mais fragilizada pela expectativa dos meus oponentes.
Quixotes e escudeiros dementes!
Mato um leão por dia para manter minha sanidade mental intacta. Porém, temo que mesmo assim, não ser possível sobreviver ao céu de lanças e flechas atiradas pelos meus supostos amigos. Agora, pareço um porre ambulante. Retiram tudo de mim, como uma garrafa da mais barata pinga ou consumida como erva na esquina. Sou um produto de consumo disputada pelo mercado ávido.
Minhas vísceras ficaram expostas em busca da amizade, lealdade e amor. O amor não é para ferir e sim nos revigorar, nos fazer viver.
Quantas lutas insanas.
Dragões e flechas atiradas no chão, e a pobre Donzela investindo sua frágil armadura humana, sempre procurando defender seus nobres princípios, acreditando que pessoas podem ser justas e com sentimentos puros!
Mentirosos e enganadores, bem, deixem que eles se afundem nas virtudes movediças, desta praia de loucos. Que mundo de mentiras. Só desejo ser uma pessoa boa, qual é o erro?
Certamente o erro pertence a eles. E quando seus gritos de socorro forem enterrados nas areias do esquecimento. Se lembrarão de mim e vou sobreviver a isto. Jamais abdicarei dos nobres princípios que me regem, se não pela vontade espontânea de realizar o que for ditado pelo coração e pelo bom senso e ver em tempo o fim da história.
Saudade
- Essa saudade maltrata, e faz a gente maldizer a vida tem hora.
- Mas, e se fosse só de coisas boas?
- Talvez, fosse a vida, menos dolorida.
- Saudade, tem de todo tipo, Jão!
- É saudade que avoa, cheia de mistério.
- Tem saudade que é água, afoga a gente.
- Cada um tem a sua. Cada um sabe da sua
- Ô garota ardilosa sô!
Tautograma 01 - Cantigas
Cantigas
Canta comigo, coração
Criaremos cantigas cantatas canções
celebraremos casamentos
cancelaremos choros comoção conflitos
Colheremos conforto celebração carinhos
"Pensagem" - Donzela do Gelo
Já faz algum tempo que observo minhas mãos. Pálidas, serenas, frágeis. Contudo há algo de ameaçador nelas. Simultâneamente os vasos sanguíneos que sob a pele se distendem, os nervos que se contraem quando as fecho. Parece que são algo fora do corpo, como se estivessem á parte. Sinto toda a intensidade até mesmo quando os dedos repousam. Eles são grossos, médios e que por muitas vezes arranham as paredes deste cômodo frio, este quadrado no qual me finco.
Sempre que me olho no espelho, por vezes me vejo fora de ordem, como se todo ponto fosse de fuga, que conduz a vida ou a morte. Sensações das quais nunca sonhamos um dia viver. Não faço ideia de onde eu esteja neste momento, as lembranças, meus olhos parecem estar alheios, e estranhos ao destino. Que ás vezes, penso não serem passíveis de explicação ou entendimento, mas isso não importa, o que importa é a distância e a proximidade de cada um dos meus dedos.
Eles seguem juntos as palmas de minhas mãos, que variam sem uniformidade, me dizendo todo o tempo que sou destra, tão destra que por vezes creio ter apenas uma articulação, a direita. Deixando a esquerda numa infância abstrata.
Mas quando fecho as mãos, elas se transformam no meu sol particular. E quando as abro, as duas mãos irradiam luz, pois tudo cintila. É ai que percebo, que lá fora existe vida, e sonhos que me dizem que o mundo marcha! Intenso, infeso ás nossas dúvidas. Como se cada um fosse dono do seu próprio paraíso e do seu inferno. O que diferencia isto, é a forma de como encaramos o abrir e o fechar de nossas mãos.
Aldravia 02
pele
branda
de
linho
forrada
dorme
Aldravia 05
O
Fim
Chegou
Coração
Partiu
Enfim