Poemas, frases e mensagens de gabrielas

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de gabrielas

bati com a cabeça, vou cuzinhar

 
eu quero a prova, para provar
o que está provado e aprovado
eu quero a prova para enxaguar
as nossas vidas e as doirar
o que disse em troca do teu lado
eu assumo tudo o que se provar
eu sou a prova do propalado
porque eu pintei no meu prado
o que falei de ti por escusado.
escolhe, eu ordeno, fala agora
para que se prove esta razão
que sem sentido vai provar
da tua boca a alucinação.
eu sou a vítima, tu a maldade
tens a língua colada à minha
sem querer só dizes a verdade
e eu empurrada falo sózinha.
não me difames, ó veneno puro
não me provoques os joanetes
que eu sofro e já grito ao escuro
- no tribunal farão eco as retretes.
eu ainda tenho o alfinete
por isso faz tudo o que digo
se me difamas, cais-me a jeito
e eu do meu trauma faço-te um figo.
repito, escolhe pois esta novela
que eu meto tudo ao barulho
misturo todas vós numa panela
cuzinho-as bem e depois embrulho.
 
bati com a cabeça, vou cuzinhar

eu quero ir de nu

 
quando eu morrer
atirem chapéus ao ar
dancem no passo que der
a música do mar.
eu quero ir de nu
no meu corpo mudo
tão belo, esticado
entesado e tudo.
venham sem esquecer
que o morto sou eu
o herói janota
mais pobre do céu
venham de mota
buzinem a fundo
avisem os vivos
de todo o mundo
não quero gritos
nem cara escura
esgares aflitos
ou jeitos contritos
e se a dor for dura
podem até vir
uns pontapés na amargura
para esta se rir.
declamem-me o amor
que chorar não posso
quero por favor
o poema erótico
todo feito de osso
vestido de gótico.
e no fim da festa
vejam se estou frio
quieto e sem pio
chamem-me de besta
se eu não me zangar
atirem-me ao mar.
 
eu quero ir de nu

vinho d'alma

 
colhi um pingo de chuva
e pousei-o no teu rosto
desceu à boca era uva
gosto de ternura posto

deste-me tão doce beijo
vinho d'alma, rubro encanto
que hoje no teu ver me vejo
e muda a boca diz tanto
 
vinho d'alma

girassol ouvi-o

 
sonetilho em redondilha menor (5 sílabas)

girassol pequeno
tão murcho sem cor
sorriso veneno
raiz de rancor

ouvi-o berrar
neste prado ouvi-o
o ventre a inchar
de tanto vazio

apareceu na hora
roxinho de frio
a cabeça à nora

em azio pavio.
rebentou agora
e agora me rio.
 
girassol ouvi-o

poema pimba de mandar à merda

 
vejo-te
despejo-te
no teu marasmo
hoje, meu sarcasmo
porque não sabes
nem das metades
desse beijo vingado
que te fiei no passado.
amanhã serei ausência
e tu a impaciência
no fundo do poço.
daqui não te ouço
tal quando te querias
surdo e me dizias
que lágrima é fastio,
tu bandido frio.
tudo se aprende
no tempo que pende
e agora, nesta hora
não sei de quem chora.
eu sou ponta solta
que vai e não volta.

Tema
"A EMPÁFIA"
 
poema pimba de mandar à merda

sabes amar?

 
os que mais precisam de amor e calor humano(e têm amor para dar) são muitas vezes aqueles que menos se sabem fazer amar:os desinseridos, os estranhos, os marginais, os ariscos, os solitários...

este pensamento veio-me ao reparar numa atitude bonita de um casal lindo neste site (dan e sommer)

convido a continuar aqui com mais exemplos.
 
sabes amar?

a merda é uma merda

 
que merda esta merda ser merda, é a merda, mais merda que eu já vi.
escorre merda entre a merda desta merda e não há balde de merda que apanhe a merda solta da merda a crescer na boca de merda que a merda tem.
a merda da censura é a maior merda que já nasceu da merda, e nem o cheiro da merda da rosa cheira menos a merda que a merda que a rosa tem.
bolas de merdas a rolar entre merdas de bolas, engatilham merda no merdieiro mor, morto pela merda que só atira no que não é merda.
eu sou a merda da gabrielas e quero a merda de uma desculpa de merda. mas quero.
quero a merda de uma consequência, nem que seja de merda.
mas quero.
 
a merda é uma merda

à vítima que se faz

 
Tu és a que grita antes da dor
tu és a que fala antes de ouvir
tu és a que pensa antes de saber
tu és a vítima de quem vai nascer

tu és a casta toda conspurcada
tu és a lama toda desamada
tu és a garganta agrilhoada
tu és a palavra regurgitada

tu és a gangrena do beijo
tu és o uivo crucificado
tu és o aborto do moribundo
tu és o poema amaldiçoado

tu és um lobo lubrificado
com dentes de anho ofertado
 
à vítima que se faz

empiscar com força

 
há uma força que é tão minha
talvez por eu ser caipira
quando essa força se aninha
sai um cheiro que admira

com ela, ah, eu sou alguém
não há quem me chegue aos pés
faço sombra, chego ao além
com ela eu voo através

levanto os mortos da terra
todos me seguem num bonde
como sardinhas para a guerra
e de mim nenhum se esconde

todos pensam que morri
tal é a força emitida
o aroma eu nunca o vi,
mas é toda a minha vida.

ai, mas que bela viagem
esta força que me enfeita
mais um poema na margem.
pisco à esquerda ou à direita?
 
empiscar com força

aviso: dedo no cu

 
aviso:
aqui
descasca
s’ todo
e rói
s’nas unhas.
se calha
repete
s’ mudo
não falha
e contudo
não liga
ao que nega.
desfaz
s’desliga
aviso
de novo:
o povo
vai nu
o dedo no cu.
 
aviso: dedo no cu

poeta e comentário

 
comentas tu comento eu
somos honestos e competentes
tu sabes do belo eu da técnica
estamos juntos e contentes
fazemos luz na cabeça da poética

tu comentas em forma de poesia
da mais bela e pura fantasia
se um poeta se acha inspirador
tua deixa nunca é em demasia
um outro te acha invejoso escurecedor

se tu dizes que é belo a um bajulas
quem lê se escacha em seu desdém
já outro se acha o melhor, o maior
dá pinotes, sorri, agradece
e, no fim,te desdenha também

se eu sei ler e interpreto
ao agrado do escritor
ele é grande forte e recto
eu servo, ele senhor
de palavras de doutor

eu faço o poema meu
e leio por dentro dele
invado a alma e parto os ossos
ao escritor,sinto-lhe a pele
e sob esta seus caroços

eu nem sabia do autor
só das palavras na minha rede
mas ele se faz estupor
diz que vai plantar batatas e fede
nas minhas costas um penico de dor.

tu estavas sózinho e triste
só querias beijinhos
não murros, nem mágoa
levaste com a horta toda que existe
na lógica da batata,
deste com os burros na água.

a quem comentar eu respondo em tom de brincadeira irónica. obrigada por participarem.
 
poeta e comentário

 
procuro-te nos astros, na rota dos pássaros, na levada do rio que me cobre os olhos. procuro-te lá atrás no beijo esquecido, na lágrima recolhida num adeus. longe agora dos teus passos bebo os lugares que nos velavam os gestos, registo a tristeza mais bela e revelo as memórias na fonte das palavras. a solidão é um bom vinho que importa beber, só.
 
só

ora, passe bem CAOS.

 
passou o caos por passar
no poema da velhota
vinha da semana a pingar
voto como cambalhota

caos de tão admirado
pela poesia com a nota
gritou nossa, e refinado
deu parabéns de lorota

foi assim que a velha leu
porque ruga não é tota
e o fogo nela cresceu
e caos rifou-se na lota

a página era só sua
mas fingia a dita cota
que não sabia da lua
enquanto ajeitava a bota

e atirou o pé ao ar
tão bem atirado! anota
tu ó caos, sabes nadar?
vai pescar outra marmota

ora palmas batam todos
a essa flor que arrota
postas de pescada a modos
e para o ar perdigota
 
ora, passe bem CAOS.

Deixa eu chutar ele

 
Deixa eu chutar ele
 
Deixa eu chutar ele

Ó deixa-me ser mulher safada
quando ele estiver no ponto
dominado pelo pecado
feito tonto
desnorteado
eu puxo-lhe o tapete
e ele cai de lado

Ó deixa eu chutar ele
quando vier com a língua
de trapo feita treta
o nariz empinado
dum jeito bem porreta
eu viro o bico ao prego
e ele vai sem cheta

Ó deixa eu chutar ele
Bem no centro do rego
No seu esquema quero dar
O pontapé no gozar

mais uma ilustração a pedido de uma alma em chamas
 
Deixa eu chutar ele

para a marreca

 
boa viagem marreca
lá prá feira dos ciganos
bebe lá uma bejeca
e volta daqui a uns anos

quando fores um esqueleto
mais bonito do que és
cantar-te-ei em soneto
da cabeça até aos pés

mas por hora, enquanto vais
na carreira do diabo
não enjoes da labuta

trabalho nunca é demais
cura-te do lombo ao rabo
anda lá filha da puta
 
para a marreca

vamos desencalhar? [1]

 
estou à porta do desejo
onde estás que não te vejo
estás no tempo ou na brisa
olha eu já sem camisa

anda depressa que eu quero
desapertar-te os botões
estou no vento em desespero
com vontade e sem travões

no teu decote sem fim
quero pôr o meu sentido
não sou mau, eu sou ruim
sou chicote e tu gemido

geme geme ao meu ouvido
roça-me as rendas e o tule
que eu arranco-te o vestido
e apalpo-te o belo bule

vamos suspirar à vez
em elogios sem par
dum poema fazemos três
para nos desencalhar

não há melhor pedido de casamento que este que acabo de receber, certinho direitinho...
 
vamos desencalhar? [1]

a história da vaca gorda

 
 
bem, há vacas e vacas
 
a história da vaca gorda

desaustinada.mente

 
há quem se ache dono das palavras
há quem se ache dono da lucidez
há quem se ache dono das consciências
mas use apenas da malvadez.

há quem se ache dono da bondade
há quem se ache dono da justiça
há quem se ache, tudo só por se achar
por cima da carniça.
 
desaustinada.mente

(porque cabeça sem corno, é como jardim sem flor)

 
eu ouvi-o a relinchar
tal cavalgadura em cio
de raiva ao adivinhar
seus cornos: ó desvario

amarelou-se num ai
deus me acuda madre santa
que o alheio nunca cai
se não quiser: sacripanta!

por isso vejam lá bem
se girassol tem razão
para se ralar pois se nem

sabe aquilo que é melhor
se as dores com que se enfeita
são picos, cornos ou flor.

(porque cabeça sem corno, é como jardim sem flor)
 
(porque cabeça sem corno, é como jardim sem flor)

trova azul e rosa

 
eu vou fazer uma trova
porque sou poeta sim
das grandes e como prova
tenho dois metros de mim

tenho uma boca jeitosa
poeto até com a orelha
tenho um herpes que me goza
e um hálito de velha

quando trovo faço fogo
pelas ventas do meu cu
e salto contente logo
se comigo trovas tu

cada uma cospe à vez
a competência da frase
num lábio de mata três
ou quatro mil. quase

um dueto bem metido
pode ser em verso ou prosa
e não importa o vestido
tem é de ser cor da rosa

trovas tu e trovo eu
numas linhas todas tolas
no fim um beijo azul céu
despedimo-nos: parolas.
 
trova azul e rosa