Boemia
Boemia
À meia luz dos teus olhos
Apenas duas taças de um vinho barato
Brumas de um cigarro
Trocas de olhares
Amava-o assim perdido na noite
A alma cheia de ideais
Revolucionário era o impulso que nos movia
Chamava-me burguesa e eu sorria
Amava-o assim, cabelo encaracolado...
O velho jeans rasgado, menino!
A rabiscar poemas inconformados...
Brendda Neves
04/2005
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Amor branco suave
Amor branco suave
As lâminas de sol refletem na pele nua
Anunciam a hora de partir
Entrelaçados em lençóis de linho
Despetalados no ardor do carinho
Seguimos caminhos diferentes
O relógio engana o tempo
Espero que retornes amanha
Troco de pele e renovo o querer
O adocicado aroma do vinho
Confunde-se com o perfume
Que exala dos nossos corpos
Repousar em ti e sentir o fulgor
Dos desejos sem dedos e sem rumos
A buscar-me no horizonte
Brendda Neves - Vix-2005
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Haicai primaveril
Meu coração febril
Abandonado no bosque!
Asas de um beija-flor
Brendda Neves
Poesia não mata a fome...
O poeta vive com a cabeça nas nuvens
Num mundo mais imaginário do que real,
Pois a realidade que existe é mortificante
E o poeta quer existir no que pode ser criado!
O poeta quer viver da sua poesia,
Porém ela não mata a fome!
D'alma sim, do corpo não...
Centenas de poetas só foram reconhecidos
Após suas mortes miseráveis...
Alguns tornaram-se gênios imortais,
Mas milhares de poetas marginais
Arrastaram suas vidas em trabalhos inglórios,
Porque a poesia não mata a fome
E a fome do corpo dói, corrói e destrói a alma...
Busco um trabalho para sentir que realizo e produzo algo que é palpável...
A poesia é uma fumaça de palavras feito algodão doce
Que consigo tocar e orquestrar em versos para que me leias...
Mas tú? Consegues tocar?
Mata a fome da tu' alma,
Não mata a fome do meu corpo!
Poesia não mata a fome...
E eu como todo dia, verso por verso, palavra por palavra, estrofe por estrofe
E cago ritmo, melodia e rima todo dia...
Quer comer também?
Poesia é comida que não sacia!
Tu comes e nunca mais deixas de comer...
Brendda Neves
Corcel negro
Corcel negro
No lago de teus olhos negros
Encontro a poesia de meus delírios!
Wandas... Acácias... Sândalos... Lírios!
Teus beijos perfumam minh’ alma
O teu sorriso, tão envolvente, inflama meu coração!
Nos teus braços rendo-me ao corcel da paixão!
Reinarás soberano em meu coração...
O meu corpo estremece ao toque de suas mãos!
Carinhosas mãos... Dedos vadios a despetalar-me!
Horizonte ardente a envolver nossos corpos!
Arrebato-lhe de desejo, meu doce amante...
Gato persa a espera de um gesto meu...
Os teus carinhos são meu maior tesouro!
Te conheci numa gélida noite primaveril,
Entreguei-me translúcida aos teus desejos!
Libertinas palavras por ti sussurradas
Irrompe meu silêncio... Passo meus dedos por seus cabelos,
Pouso minha cabeça em teu peito nu... Amanheço!
Brendda Neves
Acróstico
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Chamas
Chamas
Em direção ao último voo
Nao restou o nosso adeus
Nas asas da paixão pensamos ser deus
Chamas e vento... Voo e ventania
Ninho desfeito sem destino
Porto em desatino
Parto em tua direção
Chamas e sol... Sombras e sons
Vinho sem rótulo e sem sabor
Nao tê-lo aqui é dissabor
Nao sou de quem malmequer
Sou de quem eu quiser
Brendda Neves - Vix/2005
Itapoã
Itapoã
Itapoã da velha vila
Lembra-me Jobim
Com seu mar verde azulado
Esqueço-me das horas do fim
Brisa fresca, areia branca!
Num céu azul esverdeado...
Vou indo vou andando
Caminhando vou pela orla de Vila Velha
Brendda Neves 2009
Humanidade desumana - Brendda Neves
Humanidade desumana
15-03-2012
Sinais de fogo chegam de Brasília
A chama também acesa em Linhares
Não tinham teto tampouco família
Mas tinham vida e foram pelos ares
Homens desumanos com fósforos na mão
Desalmados e sem coração
Ateiam fogo em seu semelhante
Que dormem sob a lua... Morador de rua
Nosso irmão! Tido por alguns como errante
Geração cruel sem amor nalma
Humanidade desumana incendiando vidas
Sinais de fogo chegam e nos tiram a calma
Ontem foi um índio, hoje mendigo
Amanha serei eu? Será você?
Quanto vale a vida? Nossa cor? Opção sexual? Nem digo...
Brendda Neves
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Poema feito após ler a notícia do índio que teve seu corpo incendiado em Brasília. Qual foi a minha surpresa ao saber que o mesmo ocorreu em minha cidade natal, Linhares-ES
Ladainha da Corrupção
Dizem que Deus é brasileiro,
Então clamo a Ele por esta nação!
Brasil cheio de corrupção
Brasil cheio de ratos no poder
Brasil onde todos querem se dar bem
Deus, se é brasileiro, salva esta nação.
Ouve o clamor do teu povo santo!
Brasil cheio de corrupção
Brasil cheio de ratos no poder
Brasil onde todos querem se dar bem
Brendda Neves