Poemas, frases e mensagens de jessébarbosadeolivei

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de jessébarbosadeolivei

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DIREITOS AUTORAIS N°9.610/98

O PRANTO DA ESTRELA DE FOGO

 
O Sol, que nos ilumina
E magnanimamente nos vivifica,
Verte dos olhos oceanos da mais funda dolência:

As guerras e a busca por realeza suprema
Tornam mármore os homens. Oprimindo
A Natureza, transformam-Na no mais furioso Estadão equânime!

Monarca-mor dos estafetas
Da mais sábia e feérica Felicidade, Grandeza,
O Sol, Fonte da mais bela aventura inefável,
Lava as mãos da Piedade(não hipocritamente como Pilatos),
Deixando que a Mãe-Gaia expie a humanidade.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
                                      O PRANTO DA ESTRELA DE FOGO

AUSÊNCIA

 
AUSÊNCIA

Dirige-se velhaca em minha direção
A verdadeira semântica da sombra da tristeza:
Pesa-me, sobre o baluarte da mente e do coração,
O medo de ser tragado pelo oceano da rarefação
Da alegria; de não tê-la novamente
Como a minha eterna genética mansão.

Ela sobrepuja a porta:
Não pede licença,
A campainha não toca;
Antes galga as escadas,
Que a conduzem á minha alcova incauta.
De repente, pego-me a contemplá-la:
Contemplando-a entrar imperiosa, autocrata,
A apoderar-se do cômodo, da casa, de minha cética alma,
A partir de então, lacrimejosa, aluvião de lágrimas,
Pelas ruínas da felicidade, soterrada!

Por isso, depois de ponderar muito,
Delibero:
Mergulho até as profundezas do ostracismo:
Lá fixo residência nas casamatas do silêncio
E, por tempo indeterminado,
Ainda hiberno sem esperanças
De que um dia outra vez eu seja ativo.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
AUSÊNCIA

O SORO DA MALDADE

 
Picada em doses sucintas.
Alfinete comutado em peçonha assassina.
Dor e supernova que se demoram
Na rotineiramente contínua
Roda-Viva da vida.

E a Boreal Cobra Coral
Que ostenta na língua
A parasítica lâmina opressiva
Plenamente se deleita,
Jantando sadicamente a sua Presa.

Ademais,
Só nos espera
O amanhecer da esperança que se arruína,

As sentinelas que se alimentam
Do mel qual jorra da colmeia tremeluzida
Ao matarem um leão por dia

Além da própria
Boreal
Cobra
Coral da riqueza mesquinha
Que come o sofisma da Paz
E o maná da fotossíntese produzida
Pela Cativa Companhia
De Tolhidas Máquinas Líricas!


JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

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• http://twitter.com/jessebarbosa27
 
O SORO DA MALDADE

O PERDEDOR DOS DIAMANTES DE AÇUCENA

 
O PERDEDOR DOS DIAMANTES DE AÇUCENA

Trânsfuga opaco fora o que sempre acabara sendo:
Desertor da sepultura da presença, mas continuamente preso á sua sombra;
Desertor auspicioso de afáveis paisagens,
Contudo, a todo momento, querendo me reencontrar
Com a concórdia que havia de mim proscrito
Quando perdi a direção da estrada que é o vetor para o achamento do seu destino;
Desertor de um abissal reposteiro sedoso de ideais singelos, augustos, sinuosos,
Estóicos,
[Oníricos,
Todavia, eternamente amargurado por ser vítima de ocasos primários
Da esperança e por não podê-lo seguir
Desde que vencesse os ardilosos sortilégios e a teimosa pujança dos descaminhos.

Por isso me perdoem, irmãos de sonho...
Por isso me perdoem, compatriotas da clorofila trigueira e de ébano...
Por isso me perdoe, arquipélago da quietude e da luz...
Por isso me perdoe, nação Cecém:
Perdoe-me, Rainha dos Lírios Brancos,
Por ser a catálise e o ourives da dolência;
Enfim, perdoe-me, Opala das florescências,
Por ser eu o Perdedor dos Diamantes de Açucena!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
          O PERDEDOR DOS DIAMANTES DE AÇUCENA

DIVAGANDO SOBRE A POÉTICA CABRALINA

 
O verso cabralino
É conciso, sintético;
Mas que transforma
Em Taj Mahal dos pensamentos
Quaisquer ruínas do cérebro.

A fotográfica topografia cabralina
O corpo e a alma dos entes desnuda:
A exemplo do Rio Capibaribe,
O perfeito cão sem plumas;

A exemplo da cabra, que,
Com sua epifânica, sábia e curtida negrura,
Plasma ou cunha --- no DNA filiforme, porém tenaz
Da emigrante nordestina pessoa ---
O gosto pela arte da sobrevivência,
Além do amor pela saudade telúrica;

A exemplo da dileta fruta,
Aferindo-a ante toda uma sorte de frutas
Para poder mostrar
A sóbria apoteose da sua ímpar gostosura.

A poética cabralina
É --- em verdade ---
Um majestático, prolífero reino mineral:

Talhada á água,
Á pedra, a mangue,
Á natureza vestida de sol e sal.

A poesia de Cabral
Não flerta ou transa com o sol do lirismo:
Evita a esparrela de sua areia movediça,
De seu insidioso precipício!

Entretanto a aridez dos versos cabralinos
Derrama sobre nós
Um infinito afluente de sentimentos:

A eloquência de sua iconografia
Faz com que a sua poesia
Induza o leitor ao choro, ao enternecimento,
Á erupção da emoção legítima
Quando a declamamos no apogeu do seu momento!

Afinal a poesia cabralina
Ostenta um dúplice segredo:
A observação como matéria prima
E o seu canto a palo seco.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
DIVAGANDO SOBRE A POÉTICA CABRALINA

LAS CALLES DE UNA HERIDA ARGENTINA

 
LAS CALLES DE UNA HERIDA ARGENTINA

Viver eternamente a esperar o ente que nunca virá.
É esta a sina daquelas Ondinas da esperança
Que perderam seus amados jardins de Girassol
Em tempestades ainda nada remotas.
Almejar, quando vejam uma estrela cadente cair
Por sobre o soalho da Terra,
Que esta, ao verter, traga consigo senão a notícia de que seu Girassol
Ainda diariamente floresça,
Ao menos, possa trazê-lo,
Mesmo que o seja sob a melancolizante veste das cinzas,
Para poderem inumá-lo, pondo-o, então, dentro da cálida e Refrigerante sepultura das águas altruístas.

Viver eternamente á espera da volta da prole de seus girassóis:
Sim, este é mais um fardo a ser carregado
Pelas caçadoras do mais sublime arco-íris.
Rezar para que seus netos enxerguem
Além da máscara de bondade que oculta a lídima face
Dos discípulos de Medusa,
Querendo, assim, se dirigir á terra pátria
E ancorar seu navio no porto da sua verdadeira genealogia.
Esta é chama que as mantém firme quando a aurora anuncia a Chegada
De um outro dia.

Viver estacionadas no cais da espera da volta
Viver na expectativa de que um dia possa reflorescer
A amarela flora
Viver á espera de que se abaixe sobre si
A gama de raios do sol de outrora
Se preciso for,
Transpor os raios do sol da contraluz da vida
Para testemunhar a colônia de Hitleres-parasitas
Ver-se soçobrada quando verter sobre sua torpe matéria
O fogo da inclemente embora morosa Justiça
Ah, esperar, esperar
Esta é a sua maldita sina!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
      LAS CALLES DE UNA HERIDA ARGENTINA

A GRAVIDADE EM COMA

 
Preciso despressurizar a mente em pânico:
Fazê-la viajar sem medo
Pelos mares-veraneio do remanso benfazejo, tônico, atlântico!

Preciso despressurizar a mente em pânico:
Exorcizar os fantasmas nefandos,
Absorvendo as verdades quais me acossam
E seus longevos danos.

Preciso despressurizar a mente em pânico:
Quero reverter o processo
De atrofia e necrose dos meus neurônios
Para pôr minha vida novamente no prumo.

Preciso despressurizar a mente em pânico:
Saber que viver é um carro desgovernado
Continuamente em trânsito.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
                         A GRAVIDADE EM COMA

A IGNOTA EQUAÇÃO HERMÉTICA DE UMA MATÉRIA

 
Ela não emite e nem absorve o galopar pujante e pungente
Da luz, da energia.
Ela vaga intangível pelo espaço:
Á revelia dos tradicionais dogmas
Da Gravidade, da Astro-Física.

Ela faz da incapacidade
De comprovar a sua existência
O seu éden abscondido:
O poder da altiva acuidade,
O poder da mais onipotente fortaleza,
O poder da mais sábia aquarela da insurgência,
A fluência da mais dinâmica cachoeira da móbil clareza,
A sageza daquela que é a mais inalcansavel cordilheira da transparência!

Ela aglomera estrelas:
Torna o lúgubre universo
Em cinéticos pontos de luminescência.

Ela, afinal, me espanta:
Trajada com a indumentária do anonimato,
Se comuta numa das forças
Que timoneram o sideral vácuo.

Ah, como quero fitá-la,
Degustá-la opticamente
E tangê-la no afagar da demora:
Abraçá-la, amá-la, sorvê-la,
Adquirir-lhe a virtude do contínuo vôo
E segui-la esconsamente
Pela vastidão das galáxias,
Que, a granel,
Nascendo, medrando, morrendo,
Caminhando para o reino da unificação se vão.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
A IGNOTA EQUAÇÃO HERMÉTICA DE UMA MATÉRIA

A COR DO VÁCUO

 
Como se contemplasse uma paisagem impalpável,
Testemunho recorrentemente
O ocaso e o desassossego dos sóis humanos:

Ainda hospedados na nave d’aurora;
A meio caminho do limite da estrada
Sombria, pérfida e sinuosa;
Dando passos cautelosos, breves
Sobre a obliqua corda bamba
Da falcifórmica alegria,
Cuja sina é ser o corpo
Que sempre tomba
Muito antes de chegar
Á fonte da água cristalina.

A mais pura verdade
É que a flor da inocência
Mal eclode, desabrocha, prospera;
Já sofre voz de prisão
E passa sua vida ----
Que, na gestação,
Emitia uma luz
Tão impávida, ígnea ---
Numa empedernida cela:
Solitária, sádica,
Faca a esventrar
Inclementemente
As vísceras da mental aquarela.

Ah, a onipotência da crueza
É uma força inexorável:
Ela desfila pelas passarelas da guerra;
Ela se alimenta de almas errantes, erráticas, crédulas;
Ela se tranforma continuamente
Nos habitacionais carcinomas da selva de pedra.

Ah, a miséria humana
Ah, a sede por vidas etéreas
Sôfrega e celeremente
Apodera-se da nossa chama e medra soberana.

E depois,
A paisagem do vácuo
É o que unicamente sobra:

Não há mente
Não há verve
Não há lembranças nem versos de protesto
E de paixão.

O que vive é um corpo:
Um corpo
Que não ama, não pensa.
Um corpo
Que não sente dor, desejo,
Brisa, luto ou tampouco saboreia a vida.

O que vive,
Finalmente,
É uma matéria
Que apenas anda
E ocupa lugar
Sob a imensidão
Da atmosfera da Terra.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
                               A COR DO VÁCUO

VERSOS CATÁRTICOS

 
Farejo o aborto de ideias:
Pensamentos que anseiam
Alcançar o estado de palavra;
Acabam tendo a garganta-vácua
Por cova, arquete, mortalha,
A sua única câmara mortuária!

Farejo vales de sangue
Inundando as esquinas da vida:
Ecoa pelo espaço
O agônico bramido de fera ferida
Em virtude de mais uma morte
Por bala perdida.

Farejo a cidadania
Vivendo á base de morfina e hemodiálise:
Cidadão de primeira classe
É fazer com que toda a nação
Consuma o oxigênio da mente
E das auspiciosas oportunidades á vontade.

Farejo a mão do arco-íris
Pousar sobre o meu ombro:
Apesar da fogueira de vilanias,
Preconceitos, impotências e hipocrisias,
A esperança bate-me no peito
De afro-latinoamericano ainda!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
                  VERSOS CATÁRTICOS

PESCADOR DO LIRISMO

 
Pescar pensamentos
E transformá-los, ao sabor da alquimia,
Em iguarias da Poesia.

Pescar,
Com astuciosa energia,
A delação contra os matizes
Da miséria, esconsa ou furtiva
E convertê-la em metralhadoras compulsivas
Que cuspam balas de fogo da poesia,
Assassinando a peçonhenta hipocrisia!

Pescar o airoso voo da abelha,
O sorrateiro voo do açor,
O lúgubre voo do corvo,
O termal voo da centelha,
O solitário voo do albatroz,
O imensurável voo da cordilheira,
O insidioso voo da harpia,
O perspicaz voo da megalomaníaca águia faminta,
O dantesco voo do usurário abutre, o aeronáutico perito caçador de carniça,
O perscrutativo voo da coruja, sempre alerta, oportunista,
O garboso voo da garça, discípula da brisa,
O grandiloquente voo do ébano cisne simbolista,
O feérico voo das libélulas-borboletas, velas de chama sucinta,
O hialino voo da gaivota, paladina da libertária utopia
E o thecoviano voo da cotovia,
Comutando-os no cimento, na argamassa, no concreto,
Na viscosa argila, na titânica longarina,
Na onipotente vivenda de alvenaria da Poesia!

Ah,
Tornar exeqüível
A mais idílica das pescarias:
Deslindar,
Ao bel-prazer do incessante fluxo
E refluxo da odisseia dos dias,
Que o elixir da vida
Foi, é e eternamente será
A onipresente e suprema arte cristalina da Poesia!

Ah,
A bem que se diga,
Quero que --- num iminente amanhã qual ao longe,
Inermemente rutila ---
A esperança-lamparina
Faça de meu ser em letargia
Mais um prolífico pescador da Poesia!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
PESCADOR DO LIRISMO

KINGDOM OF BLUE STARS

 
Lá, pairando a fulgurar além da terra,
Além da Via Láctea,
Estão estrelas com uma envergadura
Que transcende abissalmente a magnitude do sol.

Lá,
O Astro Gerador da Vida Terrestre
Não chegaria sequer a coadjuvante ou a tangível figurante:
Seria um opaco treseunte sujeito a um ocaso
Inexorável e célere.

Lá, nós nem sequer cogitaríamos
Abraçar e nos apoderar da fonte da destruição,
Porque, antes de existirmos,
A energia heliocêntrica já teria sido esmagada
Pela onipotência da azulina constelação.

Lá, não existiria
Poder, poetas, fauna, flora, oceanos, florestas;
Amores, rancores, jogos, atores, amantes, cônjuges
Nem corrupção!

Lá,
Somente estas estrelas
A reinarem soberanamente
Azuis.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
                 KINGDOM OF BLUE STARS

A DANTESCA VIGÍLIA INTANGÍVEL

 
Há uma nuvem de sombra, de penumbra
Acompanhando e norteando os nossos passos:
Ela nos entuba a mente,
Ministrando-nos latentes doses cavalares
Da sua cara ordem ideal, formidável:
Onipotente, onipresente, sodômica, noturna
E opressivamente solar, diáfana, diurna,
Soturna, elegíaca, sepulcral, gótica,
Fimósica, femural, tumoral, plúmbea!

Há uma nuvem de sombra, de penumbra
Acompanhando e norteando os nossos passos:
Ela esventra e trucida
Qualquer célula que a enxergue,
Em sua forma legítima,
E faça os pensamentos
Lutarem pela perpétua
Soberania da sua vida ignotamente augusta:
Sim, esta, guarda a via proba, segura
Qual nos leva ao píncaro nirvânico da mente mais ígnea, lúcida
Cuja luz descerra o caminho para o sol da perspicaz ventania
Que é o opalítico céu da sabedoria cor de Ametista!



Há uma nuvem de sombra, de penumbra
Acompanhando e norteando os nossos passos:
Ela nos nutre, nos edifica
Uma ventura de anestésica servidão
Ás Pátrias que estupram e silenciam
A eloquente sinfonia onírica da estamental Simetria!


Há uma nuvem de sombra, de penumbra
Acompanhando e norteando os nossos passos:
Ela provoca a letargia vitalícia
Do sangue da Filosofia,
Corrente em nossas veias políticas
E anuncia o óbito
Da manancial dos autônomos sensos,
Compondo-lhe uma sarcástica,
Humilhante elegia, vil preito, música ferina:
Erudita baixaria! Baixaria! Baixaria!

Há uma nuvem de sombra, de penumbra
Dentro do templo do nosso crepúsculo:
Ela urina, defeca e dá gargalhadas
Sobre o nosso ideológico túmulo.

Há uma nuvem de sombra, de penumbra
Que esgarça, flagela, molesta, domina,
Insulta e, sádica, nos emprenha o mundo:
Sujeitando-nos á sua pérfida e sicária cria de sanguessugas.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
                       A DANTESCA VIGÍLIA INTANGÍVEL

Á MARGEM DA EQUAÇÃO DA ALEGRIA

 
Lá fora,
A chuva molha o asfalto;
Aqui --- dentro de meu peito,
A imensurável savana indomável ---
Sinto-me perpétuo amanhecer calcinado.

Tenho tantas dúvidas
Pesando sobre meus ombros:
Ah, a mente prefere, entretanto,
O elixir da solar primavera
Á indigesta verdade impressa
Nas dolentes páginas gélidas
Do inexorável inverno-escombro.

Quero chegar ao cume
Da montanha dos sonhos:
Pegar seus atóis e espólios
Á mão do arco-íris-estanho,
Convertendo-os em estela de ouro
Ou num esplendoroso sol de titânio.

Todavia,
Quando regresso
Desta tão libertária viagem-gerânio,
Novamente me encontro
Aprisionado em nosso cotidiano-escafandro:

Aí, então,
Eu me readapto
E me rearranjo,
Esperando que um dia talvez
A nossa consciência
Reduza a pó
O cárcere-verdugo
Da sua Fogueira-Soprano,
Tornando-se --- enfim ---
O eterno, libérrimo, belo,
Etéreo e soberano
Pégasus-Oceano!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
Á MARGEM DA EQUAÇÃO DA ALEGRIA

A LIRA DO SEPULCRO PREMATURO

 
O colapso da cor dos olhos.
O vermelho defluindo da boca
Como filamentos grossos.
A juventude encontrando
A imorredoura tumba,
Ainda na aurora da sua jornada-ventura.

No entanto
Este túmulo precoce
Não açaima a prole da mocidade:

As jovens flores
Que não se entregam á ciranda do banzo
Brados por liberdade
Continuam vociferando.

E por lá estes hinos soberanos vão se propagando:
Seja pelas ruas da outrora rica Mesopotâmia,
Seja pelas avenidas da África Subsaariana,
Seja pelas esquinas, praças e alamedas do mundo
Em que a paz é tratada onipresentemente
Consoante um precioso manipanso!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
                      A LIRA DO SEPULCRO PREMATURO

A SEMÂNTICA DO ESCURO

 
A SEMÂNTICA DO ESCURO

Avatar sem girassol
Em que o vácuo da claridade prepondera:
O reino da contraluz,
Ao subjugar-nos com o seu viço
De leonina fera,
Faz com que tenhamos o insólito poder
De não estacarmos a nossa visão
Na dimensão da epiderme do oculto,
Mas de forçarmos o olhar
A viajar para muito além
Das vísceras da cratera,
Jacentes ainda no átrio do mundo.

Confinado na órbita
Do breu de orvalho,
O pensamento deixa
De ser a inane rocha
E passa á condição de fluxo:
Eterna queda d’água harta
Em mágico plenilúnio.

Leve e sem abrir mão
Da sua índole inconsútil,
O pensamento, ao despir-se
Da armadura enclausurada
No dna do universo fabricado,
Deixa pulular,
Em seu solo recém libertado,
A flora do Nirvana da razão
Quando sob o soberano jugo
Da óptica betúmica imensidão.

Então, sob o manto do visual negrume,
A percepção apura-se
Pois se dissolvem as onipresentes mentais brumas
E a verdadeira cromática da claridade,
Triunfante, assoma e todo o córtex invade
Como se fosse a glória da metástase!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
                      A SEMÂNTICA DO ESCURO

RESPIRANDO O DESERTO DOS HOMENS

 
RESPIRANDO O DESERTO DOS HOMENS

O remanso da alma
Tarda a se fazer aurora hialina:
A esperança vira estafa e se suicida,

Deixando-nos ao bel-sabor,
A bem que se diga,
Da violência fria, que pavimenta lancinante e imperativa
A jornada do sol de nossas rotinas.

Enquanto isso os barões do Hades e das armas ígneas
Transformam infinitos oásis ou banquetes da chacina
Em chafarizes onde jorram miríades e milhares de abjetas divisas.

Ah, esta Era empedernida faz do amor criança desnutrida:
Converte a oceânica opulência da alegria
Na mais suprema seca da Poesia:
No maior dínamo-nau da sua abissal e imorredoura agonia!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
           RESPIRANDO O DESERTO DOS HOMENS

PAISAGEM SEM PLUMAS

 
Sinto o olor de uma matilha no encalço do Girassol:
A sequidão por soçobrá-lo é tamanha
Que a canina imagem faminta e ferina
Qual se forma na fonte da minha espiritual retina,
Apesar de intangível por a saber ainda bem longínqua,
Penetra-me na verve como dantesco voraz raio-trovão
E me lancina atrozmente a razão.

No entanto,
O Girassol está completamente despido do medo:
Ele espera os seus algozes belicosos, morteiros
Tal como se estivesse dormindo calmamente
Sob o aconchego da transparente armadura lúcida,
Reino da fleuma, da sabedoria, do candor e da bravura.

Então começo a crer
Que a hoste dos sóis
Da Resistência Desarmada
Estava envolta pelo manto
Desta balsâmica e benfazeja aura
Ao encarar a fronte vociferante
Dos promotores malévolos da dama Caetana Sorte.

Ás vezes,
Sou acometido de uma forte impressão:
A impressão de que os entes
Que trazem sobre o semblante
Estes predicados do solar sereno horizonte
Não morrem quando recebem o derradeiro golpe;
Antes, sofrem uma poderosa metamorfose:
De outros corpos mentais tomam posse,
Fazendo pulular jardins do iluminado Girassol
Por toda parte.

Afinal, eu reflito:
Mesmo que a matilha de cães famintos
Alcance e trucide o Girassol,
Sua prole --- tão lauta e prolífica ---
Há de nos alimentar o corpo,
A derme, o córtex, o coração:
Sempre resplandecente e nada inerte, o crepúsculo do olhar vão!

Portanto o Girassol concebe o mundo
Conforme os olhos de quem contempla
A paisagem mais límpida, cristalina:
Sem as plumas da obtuosidade, da dúvida
E da bruma da obliqua indulgência soturna.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
                            PAISAGEM SEM PLUMAS

O VOO-ODE

 
Eu, a vela, a nau...
Eu, a jornada, a jangada, o jogral...
Eu, as estrelas, a estrada, os estafetas, o estendal...
Eu, a balsa, a valsa, a vala, o caos, a vazante, o vau...
Eu, a seca, a perda, a eira nem beira, a geleira, o fel, a treta, a majestade do sal...
Eu, o berro, a boca, a bomba, a fraga, a flauta, a falta, a sede, o embornal...
Eu, a guerra, a TERRA, a brasa, a cratera, A PRAÇA CELESTIAL...
Eu, a viela, a berinjela, a barrela, a vinícola, a Imagética, o parreiral...
Eu, o silêncio, a mesquita, a catedral, o concreto, a moreia, a Paz, A Pá de Cal...
Eu, o poema, a cadela, os pirilampos da favela, a cena, a marola, o plenilúnio do sol...
Eu, a Caatinga, Ipanema, o mar da Bahia, a poética aridez Cabralina, o Manguezal...
Eu, a ébana lida, Xangô, Tereza Batista, O Sambista, O PAÍS DO CARNAVAL...
Eu, a laje batida, a gata lasciva, o baba dominical...
Eu, o vento, a ventania, o tempo, o outro lado da Física, a ânsia gutural...
Eu, Lião, Policarpo Quaresma, Lea, A Miragem Vil-Metal...
Eu, Luísa Main e Zeferina, Zumbi, João de Deus, Lucas Lira, O Livre Líquido
Mineral...
Eu, Marighella, Che Guevara, Lamarca, Panteão do Araguaia, REVOLUÇÃO,
O Saber de Karl, A INTERNACIONAL...
Eu, Mandela, Malcolm X, Martin Lutter King, O Incolor Sonho Imortal...
Eu, Alegria-Alegria, A Palo Seco, Refazenda, Asa BrAnCA, Milagreiro,
Roda-Viva, Ideologia, Maria-Maria, A Mosca Na Sopa,
O Bêbado E O Equilibrista, Marina, Campo de Batalha e Malandrinha,
O Vento No Litoral...
Eu, o avesso do avesso, o verso, o verbo, a sedução do realejo,
A Comédia acontecendo, o Drama de não se conhecer a si mesmo,
Ocasos, orgasmos, beijos, canaviais, carvoarias, lagrimas efusivas,
A Vida Afinal!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
                              O VOO-ODE

DESNUDAMENTO

 
DESNUDAMENTO

Meteoros á maneira de miríade
Chocam-se sobre a crosta
Que constitui o mental planeta de mim.

O viço do potente impacto
Ara a terra
Para florescer vulcões:
Vulcões que expelem o magma
Da vacuidade, do silêncio, dos soturnos vagalhões!

Ele, o magma,
Se transmuda em nuvem piroclástica
A devorar, pelo roteiro paisagístico do caminho,
Meus mais sólidos ideais vitalícios:
Erigindo, em seu lugar,
Arquipélagos-fortaleza
Da acerba ilusão, da siderante impotência!

Passei por todo este drama
Quando contemplei
Uma pobre mulher indiana
Carpir taciturna
E numa desesperada dolência sóbria e sana,
Por ser vítima do renal estupro, ofensa nefanda, intensa mácula tirana:
Violentada e sodomizada
Pelos monarcas da insaciável usura,
A capital fome arrivista e tresloucada,
O paraíso da sádica e sicária intemperança.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
                                  DESNUDAMENTO

SOU NATURAL DA CIDADE DO SALVADOR, BAHIA. NASCI EM JUNHO DE 1982.
NA VERDADE, SOU UM MENTECAPTO QUE TROPEGA PELAS
ALAMEDAS DA POESIA.
http://twitter.com/jessebarbosa27
http://www.myspace.com/nirvanapoetico
http://poetadorjesse.zip.net/
http://si...