SE CHAMA SAUDADE...
Passados anos
E na memória foi ontem...
Onde caminhei seguindo teus passos
Nos tantos dias que o calendário derramava
Foi ontem quando teu sorriso tímido
Deixou sua marca registrada
Não tem como esquecer...
Guardo os teus tantos papéis, beijo tua letra
Borrando os traços com minhas lágrimas
Se é amor não sei,
Só sei que se chama saudade...
NOVO ENDEREÇO
NOVO ENDEREÇO
Habito um mundo novo
Morada perdida em cantos remotos
cujas paredes são horizontes
Abrindo amplos salões
Pouso meu corpo dolente...
De incenso prazeroso, sossegado
Trazendo calmarias.
Invade perfumes de mar bravio
Adentrando seus interiores
Soprando seu úmido salitre
Nascido de ondas banais
Varrendo anseios, estúpidos sonhos
Habito um mundo que arrendei sem prazo
Com preguiça do futuro
Gastando o presente
Sentando no passado
Nada compro nada vendo
Apenas olho
Os sentidos mudaram, fica apenas o silêncio
Sem vontades ou saudades
EFEITOS COLATERAIS DO AMOR
EFEITOS COLATERAIS DO AMOR
Ahhh o amor...
Violentamente manso
Chega e ocupa todos os cantos
Difícil crer que amar fosse isso
A emoção absurda, faminta, escancarada...
E então vem a invasão de um desassossego bom
Amor...
Arrasando o óbvio, o costumeiro,
Amolecendo o juízo...
O amor vem em curvas, displicente até
Sim, o amor vem rodeando, peçonhento
Nada certo ou calculado, ou mesmo planejado.
E quando menos se espera: vem o bote!
Domina devagar, cresce qual erva adubada
Que nem trepadeira em arames
E vem, chega posseiro, cheio de bagagens,
Porque nunca é breve,
O amor ou fica e te enche o mundo de purpurina
Ou faz um estrago que anos não se repara.
Descompassando literalmente o coração,
Com seus arranhões, ou cócegas, te faz um bem enorme ou fere sem dó.
Mistura de conforto e tormenta ao mesmo tempo
Aquece com uma paz que inquieta a alma
Capaz de mudar o rumo, quem se é, até quem se foi...
Faz brotar pelos olhos o sentir delicado, a entrega de si
Quando chega no peito, instala-se um nó ou um laço...
Não sei...
No efeito inebriante,
Brinca com os pensamentos
E refaz as cenas da memória dezenas de vezes, construindo sonhos...
O amor te faz mais apurado, intensifica o observar,
Mas também te desconecta do mundo
O sábio age como tolo, e os tolos sempre amam...
E tudo fica mais poesia, sons, cores...
sabores, sorrisos, gestos, estações...
Prioriza tudo que se sente,
Revira do avesso e dobra os espaços...
Amor....
Que loucura!!!!!
Não há Darwin que teorize ou encontre o elo da sua evolução.
Inexplicável, indecifrável, indestrutível...
... coisa de Deus!
Talvez não seja nada disso...
PAUSA FINAL
PAUSA FINAL
Talvez é a virgula da vida.
Pausando tempo e ações.
E fica o projeto para amanhã o sentir preso no aguardo da precisa ocasião.
E broto igual a semente que cravada no seco barro, eclode ante a benção do liquido celestial. Margeando a vida, a rotina, o abrigo da espera, fico... choro e morro. Quem sabe germino rebento novo fresco e traga coloridas e aveludadas flores....
Quem sabe corra em minhas veias seiva doce que regue meu corpo cansado das amanhãs ofuscadas.
E deixo de sentar na margem pra ser espaço inteiro.
AMA-ME
AMA-ME
Dá-me tua boca farta de sorrisos
De beijos entre sussurros
Dá-me teus lábios de pele quente
De hálito tinto do vinho sorvido
Dá-me tua boca muda e sedenta
De beijo sem pressa, sem tempo...
E toca-me esses lábios de arrepios tantos
Beija-me mais uma vez, e mais uma vez...
Olha-me nos olhos
Toca-me a nuca e prenda-me a ti
Dá-me tua mão e todos teus dedos
Morda meus lábios e arranca-me sorrisos
Prenda-me a ti
Tenha-me com urgências, com saudades tamanhas
Leva-me cativa nos braços teus
Ama-me hoje, sempre...
ANCORADOURO
Fica muito longe o porto onde me ancorei
Distante dos mares turbulentos e frios
Um porto fincado no meu silêncio, e
Nas vontades guardadas...
Sim já não se quer tanto como antes
As lágrimas lavaram a areia dos olhos
Um cansaço do tempo
Ainda bate um coração escasso de sonhos
De dores que não dilaceram como antes
Hoje pulsa mais manso
Minhas Lembranças são passarinhos ingênuos
Fazendo ninhos na tempestade
E, nos oceanos das minhas paixões
Uma maré de águas silenciosas
Indiferente ao barco que carrega
Viaja dentro de mim chegando onde preciso
E ancora... nesse porto onde fiz morada
Num mar mais tranqüilo, numa ilha esquecida...
ENCONTRO
ENCONTRO
Apenas meus passos existiam
Até ver-te junto no meu caminhar
Clareando um sonho bom
No cheiro fresco de primavera
Sem noites escuras a esperar,
LUZ...
Na tua boca um novo sabor
Do beijo nascido entre sorrisos
No teu abraço, meu lar
E no teu peito deito meus sonhos
Sentindo o deslizar dos teus dedos
A desalinhar meu cabelo
A cheirar minha nuca
ACONCHEGO...
E teu corpo tingido de sol
Sândalo flagrante
Envolvente qual incenso
Forte, amadeirado.
SEDUZ.....
Adentro a tua fortaleza
Pouso nos teus quartos azuis
Sacio a sede num beijo terno
E celebro minha vida junto a tua
PAZ...
INDEFERIMENTO
INDEFERIMENTO...
Leio nas páginas do teu querer
Os versos luminosos da tua palavra branda
E decifro teus desejos impossíveis
Que escorrem da janela dos teus olhos tristes
Querendo o céu com todas as estrelas
Mas a palavra NÃO foi necessariamente imposta
E em tantas outras páginas a encontramos
E deixamos esta Sentença desfavorável transitar.
Sem recursos, sem poder apelarmos à outra instância.
Indeferindo um amor que achamos ser justo.
Então...
Ficaremos às margens de uma história
De bem com o que temos
Nas palavras trocadas...
Da música que embala....
De vagas imagens...
Mas na calma do encontro ao acaso...
Usei algumas expressões que são da área jurídica.
NÃO ESQUECE
Não me olhe como se fosse a última vez
Já cansei de despedidas
Olhe-me com certezas de um até breve
Como uma promessa selada mesmo com um tímido sorriso
Acolha meus sonhos em caixas douradas
Nas gavetas do seu coração
Que eu possa ser uma gota talvez, mas preciosa
Como a última num deserto de sal
Ou a fresta de luz de um quarto sem janelas.
Vá, mas não esquece que eu sei amar
intensamente
E isso não foi esquecido
Que mesmo o amor não germinado
Pode viver como semente aguardando a propícia estação...
FICA
FICA
Não há como medir a distância entre nós
Tão longe ficamos e não chegamos a um lugar comum
Um vazio que restou
Uma saudade que não se afoga em lágrimas
Quero ouvir tuas histórias mais um pouquinho
ocupa meu olhar com a tua imagem
Careço do lar que habita em ti
Do aconchego nos quartos dos teus braços
Meu amado... se demoras,
Me apresso a morrer um pouquinho mais
Acabam-se as tintas, desbotam as cores do caminho
O amanhã fica indiferente
Então volta e fica.
Não adie o que o tempo roubou
Seja meu verso perfeito no risco do meu poema
seja flor temporã nesse outono que perdura
seja manhã clara e entardecer na varanda
Seja o amor guardado
pela eternidade de uma vida
Pelo tempo infinito de um beijo...
Então fica...