Poemas : 

[Às Portas de Mim]

 
O clac azeitado da fechadura
deixava lá fora a noite,
os estranhos, os perigos.
Por uma fresta no alto da porta
o dia estava indo embora...

Hoje sei bem que um tranco só
e a velha porta de duas folhas
cederia escancarando nossas vidas.
Mas quem daria esse tranco,
quem forçaria as portas de guarda
de um santuário de pobre?

Em contraponto, eu pergunto:
se hoje eu estou encerrado
na construção que me sepulta,
quem forçaria as portas
que dão para este calabouço,
quem bateria às portas minhas?

[Ninguém sabe quanto vale, logo,
ninguém paga o preço real de ninguém,
e se mais clareza me for demandada,
direi que clareza maior não pode haver
que mirar as áscuas na água do fundo
de um poço quando sol está a pino]

__________
[Penas do Desterro, 08 de janeiro de 2010]
[Excerto do meu Caderno 4 – texto 147]


 
Autor
crstopa
Autor
 
Texto
Data
Leituras
624
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
9 pontos
1
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/10/2011 23:59  Atualizado: 24/10/2011 23:59
 Re: [Às Portas de Mim]
*Tua escrita impressiona-me.
Instigas-me conexões entre mente e alma...
Vida exposta, desnuda e crua.
Tremo aqui.
Admiração
Karinna*