Poemas : 

Dia De Visita No Asilo!

 
Reminiscências dos áureos tempos
Idos...
Decrépito, num banco de praça estou.
Venho aqui quase todos os dias...

Moro ali, no portal vinho, naquela
Rua escura... Sem número...
Sou viúvo e tenho poucos amigos.
Sendo sincero, tenho apenas três.
Somos todos aposentados ricos
De sorrisos, apaixonados por xadrez.
Hoje é uma bela manhã de um Domingo
E nos encontramos aqui na praça uma
Vez por mês.
Hoje eles não vieram.

Mas tem uma menininha muito bonita
Que sempre essa praça visita...
Lá vem ela. Cabelos revoltos, repletos
De chuquinhas. Meias longas coloridas.

Conhece-me. Se aproxima, me chama
Pelo nome e me pede um beijinho.
Pega em minhas tão enrugadas mãos,
Parece se divertir com a textura delas...
Assim, do nada, me solta e corre atrás
De uma joaninha...

Agora seu capricho é com o sol...
Tenta pegar os raios que tocam
O úmido chão de decíduas folhas
Secas... Ferem a terra seus dedinhos
E ela vê que é impossível pegá-los.

Viu uma poça d’água e queria agarrá-la.
Ficou tão triste ao ver o líquido prata
Cintilante escorrendo entre seus dedos!...

Faz cara de choro... Faz um lindo beicinho!...
Contenta-me e me satisfaz a curiosidade dela.
A babá a chama pelo nome.

Vem se despedir de mim.
Pede-me mais um beijinho...
Vai-se... Posso vê-la sumindo
Na curva primeira do jardim...

Nuvem negra acerca meu coração!...
Punge com um punhal de prata a
Tristeza!...

Sei que amanhã ela voltará...
(Será?)...
Vem sim... Vem todos os dias...
Mas até quando?




Gyl Ferrys

 
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Gyl
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