Poemas : 

Não Nos Permitimos

 

Não nos permitimos...

Ficamos presos, encapsulados
Dentro de nós mesmos
Insensíveis ao nosso passado
Atacados pelos nossos medos
Apenas dois seres cansados
Jogados (de todo) de lado
Como velhos e quebrados brinquedos.

Não nos permitimos...

Permanecemos presos por paredes
Criadas num momento de desespero
Perpetuando nossas fraquezas,
Persistindo em velhos conceitos,
Deixando brincar nossos defeitos,
Remoendo possíveis segredos:
Numa expectativa danada
Numa distância pouca
Numa ânsia louca
Numa procura desesperada
De um beijo que não aconteceu
De um abraço que nunca se deu
De um sorriso que por muito pouco
Tempo existiu...

Não nos permitimos...

Sonhamos uma vida cor-de-rosa
Resistimos. Adoecemos nossas almas.
Tínhamos os sorrisos amarelados.
Tudo tingimos de tons acinzentados.
Assistimos, exaustos ao mesmo espetáculo.
Entorpecemos-nos de viver pouco a vida.
Deixamos na poeira dois corações murchos,
Devastados pela existência e saciados dela.

Não aprendemos a técnica
Erramos a fórmula da mágica
Fechamos todas as portas
E cortinamos todas as janelas
Não fomos à Bélgica
Ainda não enxugamos nossos olhos
E o suplício persiste em fazer morada
Nestes corpos sedentos de amor, porém,
Fartos dessa magia que é o viver...

Não nos permitimos
Perdemos-nos em crateras
Transformamos tudo em dor
Deixamos nascer uma triste primavera
Donde brotou uma rosa inócua,
Inodora, insípida e incolor.

Não nos permitimos...
Por quê?






Gyl Ferrys

 
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Gyl
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/08/2010 19:49  Atualizado: 07/08/2010 19:51
 Re: Não Nos PermitimosP/Gyl
Gyl permite-me brincar com o teu poema!

Gosto sempre de te ler.


Permitimos...

Andarmos soltos, livres de redomas
fora de nós mesmos
sensíveis ao nosso passado
libertos dos medos de outrora,
somos dois seres com energia
guardados de todos os tombos,
como brinquedos de porcelana, cuidados.


Permitimos...


Permanecemos leves entre quatro paredes,
criamos formas de alegria
Perpetuando nossas forças,
Persistindo em novos conceitos,
Deixando brincar nossas virtudes,
deixando livres possíveis segredos:
Numa esperança segura
Numa presença abundante
Numa serenidade envolvente
Numa busca controlada,
De um beijo que aconteceu
De um abraço que se deu
De um sorriso que por muito
Tempo existirá...


Permitimos...

Sonhamos uma vida com sabedoria
Resistimos. Felizes vivem nossas almas.
Temos os sorrisos iluminados.
Tudo tingimos de tons multicolores.
Assistimos, repetidamente o mesmo espectáculo.
Entorpecemos-nos de viver ardentemente a vida.
Deixamos no ar dois corações vigorosos,
sedentos pela existência e saciados dela.

Aprendemos a técnica
Acertamos sempre a fórmula da mágica
abrimos todas as portas
E cortinamos de todas as janelas
Fomos à Bélgica
Brilham os nossos olhos
E a alegria, persiste em fazer morada
Nestes corpos sedentos de amor,
ávidos dessa magia que é o viver...

Permitimos
Encontramos-nos em jardins
Transformamos em amor
Deixamos nascer uma linda primavera
Donde brotou uma rosa branca,
perfumada, inebriante com sua beleza e esplendor.

Permitimos...
Por quê?

Porque vivemos a vida,
como devemos viver...

Gyl, este é um mimo, para ti, com muito carinhoo.

Beijinhos e o nosso amor e carinho, sempre.

Alice Barros e Dusilek



Enviado por Tópico
eduardas
Publicado: 07/08/2010 20:13  Atualizado: 07/08/2010 20:13
Colaborador
Usuário desde: 19/10/2008
Localidade: Lisboa
Mensagens: 3731
 Re: Não Nos Permitimos p/Gyl
A sensibilidade à flor da pele, as interrogações que nos afligem, que nos batem na alma.

Porquê? Talvez por medo de nós próprios, de não termos coragem de dar o passo necessário, para escorregar da ponte sem magia.

bj
eduarda


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/08/2010 21:19  Atualizado: 07/08/2010 21:19
 Re: Não Nos Permitimos
Um dos teus poemas mais lindos que eu já li... amei, parabéns poeta, bjusss...


Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 08/08/2010 09:11  Atualizado: 08/08/2010 09:11
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11076
 Re: Não Nos Permitimos
Gyl,
Chegou a doer de tão sincero e profundo este lamento em forma de interrogação.
Por vezes deixamos que a rotina tome conta da alegria de viver e matamos o que poderia ter sido tão bonito.
Beijo
Nanda