Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 001

 
1


A cada aniversário
Um tempo mais diverso
Aonde eu me disperso
E sei do necessário
Caminho imaginário
Embora mais perverso
E nisto quando verso
Refém deste cenário,
Esboço envelhecer
E sei do desprazer
Ousando a cada engano
E o todo se mostrara
Na farsa que se ampara
Enquanto em vão me dano


2
A cada amanhecer
O sol se renovando
E o tempo desde quando
Pudesse perceber
Gerando o bem querer
Ou mesmo desarmando
O quanto desdenhando
Meu mundo a se perder.
Já não consigo a paz
E sei que o quanto traz
Desfaz cada momento
E deste desenhar
Apenas o lutar
Traduz o desalento


3
A cada ausência tua
O todo se desenha
Na face aonde a senha
Além não se cultua,
Presumo o quanto atua
E tudo não convenha
Marcando o quanto venha
A sorte se efetua
Vagando no passado
Aonde quero e brado
Vestindo esta ilusão,
Depois de certos anos,
Os dias mais profanos
Os tempos me trarão.


4
A caça que se faz
Nos ermos dos meus sonhos
E os dia mais bisonhos
Ausentes desta paz,
No corte mais audaz
Os olhos enfadonhos,
Aonde os quis risonhos
A face é vã, mordaz.
Esbarro nos meus erros
E sei destes desterros
Nos cerros de além mar,
Demônios cultivara
E assim nesta seara
Não pude mais amar.


5
A cabeça rodando
E o tempo se revela
Aonde esta procela
Transcorre em ar infando,
O sol não vejo quando
A morte sempre sela
E traz na dura cela
O tempo já nevando.
Ocasos entre casos
E os dias seguem rasos,
Vazios sem ninguém
Do todo que quisera
Apenas esta fera
Imensa, ainda vem.


6
A brisa matinal vem me tocar
Fazendo no meu rosto uma carícia,
Roçando minha pele devagar,
Com toques tão sutis, uma delícia.
Recebo neste vento o teu carinho
E sinto uma alegria sem igual.
Amor quanto adentrou em meu caminho
Da forma mais suave e natural
Mudou a minha história com certeza
Deixando minha vida bem mais leve
Nas águas deste amor, a natureza
Trazendo a mansidão que já me enleve
E faça de meus olhos sonhadores,
Cativos para sempre dos amores...


7
A brisa chega mansa e vem falar
Do amor que tantas vezes fora um sonho,
O encanto que me trazes e proponho
Tomando a nossa vida devagar.
Deitando sob os braços do luar,
Deixando este passado tão tristonho,
Um verso enaltecendo amor; componho,
E sinto a poesia nos tocar.
De mansinho, teus passos nesta escada,
A porta do meu quarto; sempre aberta,
Promessa de uma mágica alvorada
Um dia em raro sol, beleza pura,
A brisa me avisando num alerta
Que a noite será plena de ternura.


8
A bosta da internet caiu de novo,
Eu quero te falar, mas não consigo.
Estorvo se transforma em desabrigo.
E aqui sem ter ninguém, teimoso chovo.
Não posso te dizer que ainda provo
O quase que jamais se faz amigo.
No fundo desdenhoso eu já nem ligo,
Se tenho ou se não sigo quebrando ovo.
Assando esta batata feita amor,
Não posso mais dizer que enfim tou frito
Se eu quero te falar não sei se grito
Ou deixo este caminho e vou propor
Que ligues para mim, meu celular
Aguarda uma resposta. É só ligar...


9
A bossa do boçal faz lamaçal
Aonde poderia pá e cal
Fazer do meu caminho ritual
Morrendo sem tempero, busco o sal.
Enquanto viajar por outro astral,
O vento se mostrando canibal,
Realça o que eu queria bem ou mal.
Não posso permitir tolo jogral.
Abarco o pensamento e solto a nau
Subindo escadaria em vão degrau,
Degrado o que seria triunfal
Matei tua figura divinal
Escarro em teu cadáver. Meu bornal
Esconde o que seria desigual...


10
A bossa do beócio é ter um sócio
Na parte feminina que lhe cabe.
Juntando uma vontade com seu ócio
A pobre cidadã de tudo sabe
Apenas mal percebe que o beócio
Vagando quer demais antes que acabe
Nem que se der vontade, amada force-o,
Senão pobre infeliz, talvez desabe...
Versões de várias vidas diferentes
São quase repetidas como um todo.
Esgotos não se afastam mais do lodo
Nem deixam perfumar mais a cidade.
Desejos que se fazem tão prementes
Jamais retornarão felicidade...


11
A borboleta voa em liberdade
Sem ter a falsidade da andorinha.
Que migra todo tempo, tem saudade,
Mas mesmo em denso bando, vai sozinha...
Se quer a borboleta companhia
Do triste e amargurado passarinho.
Sabendo que voando todo o dia,
Distante sempre está, mesmo do ninho...
Porém essa andorinha anda tão tonta
Com marcas doloridas, cicatrizes...
Não pense borboleta que ela apronta
Apenas nunca viu tempos felizes...
Mas foge a borboleta na amplidão,
Uma andorinha nunca fez verão!


12
A boca tão voraz que te descobre
Entregue em mil lascívias, languidez.
A pele delicada que me cobre
No contato integral, nossa nudez.
Insensatez profana e divinal,
Desejos se misturam, lambuzados...
No toque mais profundo e sensual
Dois corpos por si mesmos, devorados...
A noite fascinante não termina...
Volúpias não se bastam, querem mais...
O gosto desta boca determina
Que o tempo nunca passe... amor... jamais...
Na letargia mole de nós dois,
Cigarros e carinhos do depois...


13
A boca quer a boca e se reboca
Na toca que se entoca touca e tato
Ministro quando quer a tapioca
Depois de certo tempo é caro prato.
Aparto cada porto que se importa
Na porta dos meus olhos, vagabundo.
Aguando com sabão a moura torta
No quanto em teu retrato náusea abundo.
Se a banda tem dobrado os teus joelhos
Abrandas bandalheiras usuais
Em talhos entalhados meus espelhos
Sem bossas em verdade são boçais.
Basilisco comido no jantar
Repente repentino faz pensar...


14
A boca que vomito é minha lei,
Nos pratos que apodreço, meus remédios...
Verdades que senti, não te direi.
Os olhos , os amores, plenos tédios...
Teus seios semi-expostos, meus assédios...
O monte que me estrumas, esperei.
E Cuspo, escatológico, teus prédios.
Se queres, na verdade, nunca amei...
Aliás, meu temor são teus sorrisos...
Os guizos e palhaços andam, cerco.
O verso que te fiz, só serve, esterco.
Os olhos escarrados, ambrosia.
As dores que fingiste, tantos risos...
Lágrimas vão causar hemorragia!


15
A boca que se mostra exploradora
Não sabe de fronteiras quer bem mais,
Meu corpo num desejo que se aflora
Encontra estas carícias sensuais
Que sabem o que querem, sem demora
Fazendo estes carinhos magistrais
Mulher que dos sentidos se assenhora
Percebe como o amor é bom demais.
Matando a minha sede em tua língua
O amor que a gente quer não morre à míngua,
Pois vive com certeza, saciado.
Estou aqui aflito nesta espera
Aguardo pela boca da pantera
Querendo ser inteiro, enfim, beijado...


16
A boca que reboca não me toca
Carrega suas manhas para o fim...
A vida que embrenhei no breu da toca,
Nas noites que mataste dentro em mim...
Recebo as sensações da dura roca,
Quem dera não tivesse tudo assim,
Amor que não me leva, me reboca...
De distantes estrelas donde vim...
Não voltarei jamais de minha senda.
No caminho, lembranças que se aplique
Amor que não me leva, uma moenda...
Não quero nem te peço, jamais fique...
Amor que não me leva, traz a venda...
Quem sabe então fazer um piquenique...


17
A boca que queria micareta
Perneta se fez alho e quer beijar.
Botando toda coisa no lugar
Apenas o luar não me repleta.
Quem dera se eu pudesse ser poeta
Ao menos poderia me entranhar
Sem nada que viesse me estragar,
Comida entre tais coxas, predileta.
Se é tarde o que não veio não retardo
Apenas no verso qual petardo
Um tapa no pescoço da ilusão.
Capacho na verdade nunca fui,
Macaco dentro em mim quando evolui
Mineiramente mata de tesão...


18
A boca que me cospe? A que assim seja
Nas horas que procuro, sempre escapa...
A mão que acaricia dá um tapa,
Quem me maldiz também, louca, deseja...
Quantas vezes, carícia que corteja
Quem me segura, empurra e cai, derrapa
Quando Copacabana finge Lapa.
Se não arranha céu, sempre rasteja...
A rainha se faz de camponesa,
Mal me devora, espera a sobremesa...
Nunca se faz presente, mera ausência
Quando ajoelho pede por clemência...
Mas quando peco, nega o seu perdão
Diz mente desmentindo o coração...


19
A bela sensação de ser feliz
Ousando quando posso ser assim
Riscando este cometa vejo o fim
Além do que pudera ou mesmo quis
Buscando a minha história, por um triz
Acendo do caminho este estopim
Vagando do começo chego assim
Ao todo quando a vida contradiz
Vestindo a fantasia que me cabe
Bem antes que este todo venha acabe
O passo se desvenda noutro engodo,
Arcando com meus erros mais comuns
Os dias mais sinceros, têm alguns,
Os outros entranhando em lama e lodo.


20
A arapuca que armaste, minha amiga
No fundo uma armadilha sem proveito
E quando na verdade eu não aceito
A sorte se desenha e desabriga.
O peso se moldando inda prossiga
Traçando deste medo todo o leito,
Marcando o meu caminho em turvo pleito
Ainda que pudera e não consiga.
Espero qualquer dia ou qualquer hora
O tanto quanto quis e não se aflora
Marcando em insolência cada passo,
E quando mais pudera ser de fato
O parto aonde o todo mal retrato
Traduz este cenário mais devasso.


21
A bela madrugada em lua plena
A sorte desenhada noutro encanto
O passo desvendando o que garanto
E a morte noutro rumo enfim acena,
A sorte que pudesse e me serena
No caos se transformando, desencanto,
A vida desnudando o velho manto
A cada nova queda me condena.
Espero ser assim um logo após
Do todo desenhado um ser atroz
Tomando com firmeza cada ponto,
E o caos se originando do desejo
Apenas o passado inda vejo
E neste delirar prossigo tonto.


22
A bruma deita sobre cada sonho
E o pássaro liberto da esperança
Ainda quando além voando, cansa
Traduz somente o engodo que eu proponho
Refaço este caminho mais bisonho
E o tempo se perdendo em vã lembrança
O quanto se mostrara em semelhança
Agora traz um cais mais enfadonho.
Esqueço dos meus dias, sigo aquém
Do quanto poderia e nunca vem,
Audaciosamente sigo assim,
Mortalha da alegria, medo e chão
Os dias mais doridos que virão
Matando o que restara vivo em mim.


23
Crivando de esperança cada verso
Aonde a sorte fez a fortaleza
A vida se demonstra sem surpresa
E quando vejo a dor, eu desconverso.
O pânico se desenha em ar perverso
E o corte se moldando sobre a mesa
O sangue se esvaindo em sobremesa
E o manto se desnuda, e assim disperso
Não pude controlar qualquer cenário
O mundo se traduz imaginário
E o tempo não sossega um só segundo
E quando me percebo sem ninguém,
Apenas o vazio me contém
Nos ermos do infinito eu me aprofundo.


24
Já não me caberia mais sentir
Sequer o doce brilho da esperança
E a vida não propondo outra aliança
Matando em nascedouro algum porvir.
Quem dera se eu pudesse presumir
O todo se mostrando aonde avança
E traz a fúria espúria da lembrança
Roubando desta sorte um elixir.
Escassamente vejo o teu retrato
E sigo o que deveras mais constato
Ousando no vazio que inda vem,
E sei que tantas vezes me enganara
E a sorte se mostrando mais amara,
Marcando o dia a dia com desdém.


25
Um copo d’água apenas, nada mais
E o resto se desenha em tom venal
O parto sonegando o sempre igual
Desenho aonde o tempo diz cristais
Moenda da esperança, mas jamais
A vida se mostrara em ritual,
Mortalha se transforma em tempo tal
E nela se desdenha a sorte e o cais.
Espero que algum dia surja após
A sorte derradeira dentro em nós
Amortecendo a queda de quem sonha.
Negando o meu caminho em tom sombrio
Os ermos de meu canto eu desafio
E sei da sorte amarga e mais medonha.


26
A bela adormecida, esta alegria
Ainda não se vendo em tal espelho
E quando a cada dia me aconselho
Caminho noutro tom se perderia.
A morte na verdade, nada adia,
O olhar se perde aquém, segue vermelho
E quantas vezes tento e sei me engelho
Nesta enrugada face em fantasia.
Esvaio a cada instante um pouco mais,
Restando dentro em pouco os funerais
E os erros costumeiros de quem busca
Tentando caminhar sobre os espinhos,
Os dias são deveras mais daninhos
Na estrada que bem sei atroz e brusca.


27
Já não comportaria
A sorte que procuro
Nem mesmo noutro dia
Um tempo sempre escuro
A velha fantasia
Agora em ar impuro
O tempo em agonia
A vida sobre o muro,
Esvaio no vazio
E quando desafio
Procuro apenas paz,
Mas sei que nada vem
Somente sigo aquém
Do quanto o sonho traz.


28
Ouvindo a voz do vento
Deveras me chamando
Ainda o pensamento
Pudera ser mais brando
E quando desalento
O todo diz do quando
O mundo em sofrimento
Aos poucos desabando.
Esqueço cada passo
E tento novo rumo,
O tempo mesmo escasso
É tudo o que consumo
E sei que neste traço
A vida nega o sumo.


29
Capacho da esperança
Meu verso se desenha
E nisto a sorte avança
E sabe a velha senha
O passo em aliança
Acende a brasa, a lenha,
E o todo em confiança
Deveras nunca venha.
Vestindo a sorte aquém
Do quanto quero e tem
Sorriso de quem ama,
Apenas o cansaço
E o tempo aonde o traço
Apaga a velha chama.


30
Não quero mais saber
Do quanto poderia
Pousando no prazer
O todo não viria
E o sonho de outro ser
Na farsa moldaria
O quanto pude crer
Além da fantasia.
Esbarro no passado
E vejo o que alegado
Já não coubera mais,
Os dias são diversos,
Porém meus vários versos
Soando sempre iguais.


31
A cabeça rodando: álcool, cerveja,
Nos velhos botequins... Tantas verdades...
Mentiras deslavadas? Se deseja
Em todos os momentos, liberdades.
Se eu não vejo; eu não creio. E que assim seja!
Sorrisos escondendo falsidades
Destilando em conhaque tais saudades.
Futuro que não vem, tanto se almeja.
Apenas uma sombra desfilando
Daquilo que passei há tanto tempo...
Amores que se foram, contratempo,
Mas resta uma lembrança, vez em quando,
De toda aquela festa semanal,
Na mesa deste bar, nosso ideal...


32
A caça que se faz quando bem quer
Um dia se mostrando em outra senda,
No rosto tão bonito da mulher
Segredo que decerto não desvenda
No quanto amor se entrega sem limites,
Não vejo mais teus rastros pela casa.
Eu peço e necessito que acredites
A chama deste sonho está sem brasa
E morre tão somente em frio intenso,
Vertendo a dor em forma de ilusão.
Parece que o amor é contra-senso
Vazio aumenta a força do tufão.
Não posso te esquecer nem um segundo,
No abismo em solidão eu me aprofundo...


33
A cada amanhecer eu já te espero
Aguardo a tua voz, ansiosamente,
Em meio a teus carinhos, simplesmente
Encontro o que sonhara e tanto quero.
O amor que às vezes cega, tolo e fero,
Nos braços desta musa, de repente
Sabendo do que anseio, o bem pressente
E nele a cada dia, eu me tempero.
Trafegas no meu peito e me dominas
Com tuas mãos suaves, mansas finas,
Diamantinos ritos que clareiam
Todos os momentos em que o sonho
Além do paraíso que componho,
Enquanto estes prazeres incendeiam...



34
A cada amanhecer quero e pelejo
Tentando ser feliz, fazer o quê?
Apenas esperando por você,
Eu sinto que se esvai este desejo.
Se um novo amanhecer; mais claro, almejo,
O meu olhar vazio nada vê.
Nem mesmo na esperança ainda crê.
O gris do céu roubou seu azulejo.
Levando de vencida a caminhada,
Eu tento inutilmente, e já me canso.
Quem dera se tivesse algum remanso
Imagem repetida: o mesmo nada.
Uma alegria, às vezes, mas fortuita
Ao menos a ilusão inda é gratuita...



35
A cada aniversário eu já percebo
As rugas me tomando, sem disfarce,
De todos os presentes que recebo
Apenas o vazio. Recordar-se
Do quanto fomos livres e não somos,
Beber da nossa doce mocidade,
Os frutos que apodrecem, velhos gomos,
É perceber mais clara a realidade.
Mas mesmo que isto seja tão cruel,
A festa que tu fazes, companheira
Permite que esta vida em carrossel
Transforme em ilusão mais verdadeira
O sentido de toda esta festança,
Um louvor em que acorde uma esperança.



36
A cada aniversário que fazemos
Olhamos mais distante para trás
O barco vai levando os mesmos remos,
Porém novo desgaste já se faz.
Desejo-te, querida que tu sejas
Feliz a cada dia que viveres,
Que as sortes te sorriam benfazejas
Do jeito e da maneira que quiseres.
Uma alegria mostre cada etapa
Vencida nesta longa caminhada,
Ninguém desta viagem, sei que escapa
Mas vale a pena sempre viajar.
Mesmo que te pareça estar cansada,
Valerá sempre a pena o caminhar...


37
A cada anoitecer a mesma prece
Pedindo que tu venhas para mim,
Destino caprichoso agora tece
Amor que se percebe forte assim.
Tomando nossos corpos, mesma chama,
Chamando para a noite intensa e maga,
O quanto eu te desejo e já se inflama
Fogaréu que a distância não apaga.
Deitando sobre nós vital beleza
Entorna suavemente uma esperança
Vontade se mantendo agora acesa
Teu rosto não me sai mais da lembrança;
Eu te amo e nunca nego este querer,
Quem dera teus carinhos, receber...


38
A cada instante o sonho é revivido
Em viagens sensíveis, sensuais
Da festa e do banquete comensais
No pão e nos prazer bem dividido.
Do vinho em fartos goles, bem servido
Desejos tão profanos e carnais,
Eu quero desvendar raros florais
Altar em ar profético erigido.
Egrégia sensação em nobre incenso,
No quanto em reais sonhos recompenso
Com fartas emoções a quem me traz
A boca que em deidade me sacia,
Esplêndido cinzel que em alegria
Esculpe a maravilha erguida em paz...



39
A cada instante penso mais em ti
Distante de teus olhos, que saudade!
O mundo mais perfeito eu conheci
Nos braços deste amor/felicidade.
O gosto desta boca que senti
Me dando a dimensão desta verdade.
Vontade, meu amor de estar aí.
Contigo eu concebi sinceridade.
Beber de cada gota do sorriso
Que trazes como festa que não pára.
Nos braços deste amor eu me harmonizo
E sinto minha sorte bem mais perto.
Amada minha perla, jóia rara.
Meu peito ao nosso amor, pra sempre aberto...


40
A cada noite imerso em tal saudade,
Eu vivo intensamente: imensa glória.
Retida tua imagem na memória,
Um vento em calmaria já me invade.
E posso imaginar felicidade,
Mudando todo o rumo desta história.
Por mais que a realidade seja inglória,
Tua presença traz tranqüilidade...
Poder guardar nos olhos, nas retinas,
As mãos tão delicadas, belas, finas
Roçando a minha pele, frágeis dedos...
Dizer que fui feliz e não sabia
Talvez pareça até uma heresia,
Saudade faz viver velhos enredos...



41
A cada nova estrofe sempre exclama
O coração decerto doentio,
Ao suportar o duro e forte frio
Procura no teu corpo, acesa chama.
Cobrindo minha pele com a lama
Na chuva que anuncia um novo estio,
Não vejo nosso amor mais por um fio,
Sabendo que o carinho já nos chama.
Mergulho cada beijo em tua pele,
A sensação do gozo me compele
A ter o teu amor mais plenamente.
O rumo se extravia, mas retorna
Meu coração de ti nunca se entorna
Ao ver amor tão puro, claramente.



42
A cada nova noite um espetáculo
Marcado pela leve transparência,
Das mãos sempre vorazes um tentáculo
Procura com delícias a dolência
Do doce balançar de teus quadris,
Na gula em que voraz eu me vicio,
Orgástica loucura pede bis
Gerando e recriando eterno cio.
Perfaço com loucuras a viagem
Por entre tuas sanhas, belas sendas,
Na nudez encontra tal roupagem
Dois corpos vão atados, sem emendas.
A lua emoldurando da janela
A cena que em delícias se revela...



43
A cada novo beijo em ti, mais penso
No amor que se fez nosso e ninguém nega,
Decerto deste sonho eu me convenço
Enquanto alma deseja e assim se apega
Ao mesmo tempo aberta essa janela
Refestelado sonho me inebria.
O quanto eu te desejo se revela
E invade sem demora, a poesia.
A vida transcorrendo sem entrave,
Imersa em alegrias e prazeres.
Carinho delicado e tão suave
Do jeito e da maneira que quiseres.
Amor em perfeição puro e sincero,
Do mel de tua boca eu sempre quero...



44
A cada novo beijo, outra falseta
E assim nós prosseguimos vida afora.
Quem mama, na verdade é porque chora
A sorte não se cansa em pirueta.
O quanto se prepara em nova meta
Menina de meus sonhos se assenhora.
Vontade aqui ficou, não vai embora
Por mais que veja a morte pela greta.
Mergulho no vazio e quebro a cara,
A sorte em nossa vida é coisa rara
Prazer então? Apenas ilusão...
Vencido pelo tempo e por cansaço,
Deitando mansamente em teu abraço,
O rio não tem mais inundação...



45
A cada novo dia; demonstrada,
Fantástica emoção toma arrebol
Vontade de tocar teu corpo, amada,
Singrando por teus mares, ser teu sol,
Manhã de nosso amor, cedo raiada,
Guiando cada sonho, um girassol.
A lua se entornara na calçada,
Buscando o teu olhar, raro farol
Assim percebo o quanto eu te desejo,
Nosso sonho infinito- amor- almejo
Enquanto a fantasia continua
Vencendo os descaminhos, sigo em frente
Beleza que se quer e que se sente
Ao vislumbrar a deusa, agora nua...



46
A cada novo dia se agiganta
O mar em que desejos aprofundo
O brado feito amor já se levanta
Espalha sobre a Terra um bem profundo,
A dor para bem longe, amor espanta,
Mudando a minha sorte num segundo.
Minha alma extasiada, assim se encanta,
Nas águas deste amor, enfim me inundo,
E canto meu futuro venturoso,
Tocado pelo amor em pleno gozo
Cevando um claro tempo deslumbrante.
Vivendo o que me resta em plena paz
Amor que nos domina e satisfaz
Nos olhos da morena provocante...



47
A cada novo dia te esperando...
O trem da minha vida não descansa.
Não sei nem se suporto ou até quando
resistirá um resto de esperança.
Ouvindo o trem de ferro vir chegando
o meu olhar, destino, não alcança,
eu penso em tua voz já me chamando;
mas nada, nada e nada... Minha alma cansa.
Mas volta pra estação num novo dia,
refeito do vazio que encontrara.
Ó prenda, meu amor e fantasia;
quem dera se viesses neste trem.
Porém, vai novamente e nunca pára,
restando esta esperança que já vem...




48
A cada novo dia, renovada
Uma esperança feita em juventude.
O sol vem renascendo em alvorada,
Trazendo a cada sonho, uma atitude
Iluminando sempre a mesma estrada,
Embora o calendário sempre mude.
Singrando por espaços, ilusões,
Vivemos deste sonho em mocidade,
Abrindo com carinho, os corações
Alçando sem limites, liberdade.
Sangrando nas loucuras das paixões
Podemos perceber felicidade
Na boca da manhã que nascerá
No sol que eternamente brilhará...



49
A cada novo dia, mais contente,
Canteiro em profusão, perfeitas rosas,
Um sonho mais feliz, vida consente,
Distante das outrora temerosas
Tempestas num vazio penitente
Agora em emoções maravilhosas,
Futuro mais suave se pressente
Nas mãos das emoções tão caprichosas
O sentimento ganha da razão
Na força desmedida, uma paixão
Que chega e que nos toma por inteiro,
Nos olhos de quem amo, farto brilho,
Caminho alvissareiro, cedo eu trilho
Na busca deste amor mais verdadeiro.


50
A cada novo passo, decidido;
Por mais que ainda pese o que passei,
Vislumbro nos teus olhos bela grei,
Legando ao sofrimento: adeus, olvido.
Enquanto me defendo se eu agrido
A culpa é do fantasma que criei,
Verdade que jamais desafiei
Escondo-me das trevas na libido.
Abarco os pesadelos e os persigo
E saibas que prefiro estar contigo
Mesmo que a solidão me atraia tanto...
Deixando meus vestígios no caminho,
Ao menos nos delírios de um carinho
Terei ingenuamente um manso manto...


51
A cada novo tempo que começa
Recrio o que perdi não sei aonde.
A história descarrila, vou sem bonde
E tudo vai correndo mais depressa.
Enquanto o dia-a-dia, adia e engessa
Não tendo fantasia que me sonde
Nem saia de mulher que ainda esconde
Percorro o que me resta sem promessa.
Seria o que talvez não fosse mais
Se o mote que tentasse resistisse,
Sem ter braço moreno que cobice
As horas sei que são assim, iguais.
Mas temo o que virá depois da curva,
Enquanto a tarde vem nublada e turva...



52
A cada novo tempo, uma estiagem
Diversa da que tive no passado,
Vigores se perdendo na viagem,
Contemplo o que deixei abandonado.
Mas vejo que talvez uma esperança
Mostrada num festejo, refletindo
O quando vicejei, viva lembrança
De um temeroso, embora lindo.
A cada aniversário uma ansiedade
Da conta que se torna bem menor,
Mas vale pelo sonho e lealdade
Daqueles cujo amor se faz maior.
Desejos de bonança e de alegria
Ajudam a viver a fantasia!



53
a cada novo toque sensual
o nosso corpo em transe, frenesi.
no quanto eu te desejo e sei de ti
o amor se demonstrando sem igual.
não mais um simples gozo casual
um mundo em fantasia, tenho aqui,
beleza em plenitude descobri
num sonho que se torna ritual.
Bem mais do que um momento, muito além,
mergulho nos teus mares e naufrago
bebendo dos prazeres cada trago,
perfeita sincronia eu sei que tem,
nas tramas que traçamos, peito aberto,
aguando de esperanças, o deserto...



54
A cada vez que acendo meu cigarro,
Um ex-fumante chega e já reclama.
E tenta não deixar acesa a chama
Reclama até de dentro do meu carro.
Em todo santo dia já me esbarro
Eu não escapo mais da mesma trama.
Até você meu bem! E diz que me ama.
Deixem-me em companhia do pigarro.
O câncer que virá, se der eu trato,
Mais fácil que curar sujeito chato.
Só peço, por favor, me deixe em paz!
A vida? Perderei nem sei se urgente.
Um fumante incomoda muita gente?
Ex-fumante incomoda muito mais!



55
A caixa de remédios tá guardada
Escondida num canto desta casa.
Se a fantasia há tempos vai mofada
A mão de uma esperança sempre atrasa.
História porcamente mal contada
Com a verdade nua não se casa.
Porém uma alma tola, apaixonada
Sem ter mais coerência se defasa.
Também pra quê pensar em suicídio?
Amor quando se perde sem dissídio
Assíduas ilusões jogo no lixo.
Não quero a serventia de um remédio,
E mesmo que inda morra aqui de tédio
Prefiro a te buscar no antigo nicho...



56
A caravana segue o seu destino
Embora os cães ladrando não se cansem,
Enquanto estas estrelas nos céus dancem
Bebendo dos seus brilhos me ilumino.
A saga continua mesmo que
Em meio a barricadas e armadilhas,
Deslindam-se sobejas maravilhas
Das quais a poesia sabe e crê.
Enquanto cicatrizam-se as feridas,
Por mais que nos pareçam tão perdidas
As estradas nos levam para o cimo.
Ao fundo, este horizonte azulejado
Pra trás ficou o dia malfadado,
Das pedras atiradas? Sequer limo...


57
A carne apodrecida da esperança
Vagando pelas fétidas esquinas
Desilusão atroz quando me alcança
No mesmo instante; os sonhos exterminas.
Antigas lendas vivas na lembrança
Explodem novamente velhas minas.
Nem mesmo a noite tépida me amansa
Cavalgo meu cadáver, suas crinas.
Esgoto as ilusões, redemoinho,
Persisto embora saiba estar sozinho
Catando o que sobrou da fantasia
De ter ao menos paz, tranqüilidade,
A boca escancarada da saudade
Vomita meus pedaços: agonia!




58
A carne sendo fraca me permite
Fazer desta amizade, sacanagem,
O quanto te desejo, dinamite
Que explode num prazer feito miragem.
Embora confiança deposite
Fazendo assim um tipo de blindagem,
Na bunda em remelexo já se admite
Vontade de invadir tão bela imagem.
De noite tão distante eu te imagino
Desnuda em minha cama, bem sacana.
Querência se fazendo desumana
Sobrando tão somente em desatino,
O mundo em que sozinho, eu me perturbo
De noite o que fazer? Eu me masturbo...


59
A carta de alforria, eu bem mereço
Depois de falar tanto em nosso amor.
Se o verso prometido num tropeço
Tropeço em teu encanto sedutor
Errando novamente de endereço
Mandei pra moça errada a cara flor
Virando minha casa assim do avesso
Não tenho outra barganha a te propor.
Eu venho oferecer o meu pescoço,
Comendo mais voraz vai sobrar o osso
Perfeito pra lamber, pois dá caldinho
No rosto mais guloso da vampira
Olhar apaixonado sempre gira
Mostrando rara forma de carinho.


60
A carta mais pedida perde o senso
E nega o meu mergulho pelas trevas.
Do mar que outrora vira enorme, imenso,
As hordas de alegria, novas levas.
Seguir este passeio sempre tenso,
Durante o que querias, mas não levas,
Agenciando luzes, não mais penso
No quanto em vão delírio ainda cevas.
São breves os momentos de emoção,
Mas tanto que me marcam, sei eternos.
As luas se escondendo em meus invernos,
O sol ainda queima sobre o chão.
Querendo ao fim da tarde, a lua cheia,
Eu morro sem ter praia nem sereia...


61
A carta que mandei, não recebeste,
Por isso é que tu falas deste jeito,
O amor do qual com fé eu me deleito
Se grito para o Sul vai pro Nordeste...
Invés de falar tchê, cabra da peste
Vagando sem destino errando o leito,
Saindo com furor do mesmo peito
A roupa feita em gala, ele já veste.
Mas saiba que talvez eu volte logo,
E trague o meu carinho verdadeiro.
O amor, velho andarilho, este tropeiro
Nas ondas deste mar se faz em rogo
E mesmo que demore dias, meses,
Enfrentará quaisquer duros reveses...



62
A casa abandonada me trazia,
Criança curiosa não tem medo...
Descobre sem querer, tanto segredo...
A noite me deitava a fantasia...
Volta e meia, pensava que podia,
Tentava, me ocultava, saia cedo
Na entrada de tal casa um arvoredo,
Como fosse, da casa, um bom vigia...
Na casa abandonada, nunca fui,
Os fantasmas habitam o esqueleto...
A roupa que vesti o tempo pui,
Nada mais serviria por completo...
Na casa abandonada, minha vida,
Minha infância feliz, ‘stá escondida...




63
A casa abandonada sempre eu via,
Criança curiosa não tem medo;
Descobre sem querer qualquer segredo,
E a noite sempre deita em fantasia,
Volta e meia, pensava que podia,
Mudar de minha história o seu enredo.
Porém já me impedia um arvoredo,
Da casa abandonada, um bom vigia.
Por isso nesta casa eu nunca fui.
Fantasmas haveria no esqueleto?
A roupa da saudade o tempo pui,
Nada mais seria por completo;
Na casa abandonei a minha vida,
Minha infância feliz? Vive escondida..


64
A cascavel balança o seu chocalho
Porém minha mulher não manda aviso,
E mesmo quando encontro algum trabalho
A vaca faz inferno. Perco o siso.
Não sou nem quero ser penduricalho
De alguma liberdade, eu bem preciso.
Por vezes, num tropeço eu me atrapalho,
E finjo que não vejo ou causo riso.
Queria ter do amor algum proveito,
Quando, com a serpente enfim eu deito,
Eu faço dos meus sonhos, meu afã.
Quem dera se eu pudesse e peço à Deus!
Laçar a desgraçada, e num adeus
Mandá-la de presente ao BUTANTÃ..
65
A cena que em delícias se revela...
Dos seios da mulher bela morena
Estende em minha cama a rara tela
Que em gozos e promessas já se acena.
Apenas a nudez que se desfralda
Formando tal cenário inesquecível,
O amor vai sem limites e se esbalda,
Fartura que se mostra além do crível.
Criando fantasias, jogos feitos,
Numa expressão divina e sem pecado,
Vontades e desejos são aceitos
Em cada novo rumo desbravado.
Assim, bisando audazes, nossos coitos,
Galopes que se mostram tão afoitos...


66
A chama da chamada calmaria,
Mais forte que imagina toda gente,
Verdade que supera a fantasia,
Ateia tanto fogo, de repente...
É pleno nevoeiro espanta o dia,
É frio que me queima fosse quente.
Num eclipse total ao meio dia,
Devasta em tais tormentas envolvente...
A chama que se esconde me apavora,
Não posso perceber sua chegada...
Não diz nem quando chega ou vai embora
Disfarça-se de calma mas é brava,
Não nega nem sequer a madrugada,
Vulcânica mas gélida essa lava...



67
A chama no meu peito a palpitar
Moldando a minha vida, traz o tom,
Aonde a minha alma a gargalhar
Encontra a vida em festa. Isto é tão bom...
As horas que perdi, abandonadas,
Em meio a vida intensa que escolhi,
Decerto ao esquecê-las, maltratadas,
Previa que teria, amor em ti.
Tu trazes no sorriso, um belo sol,
Que invadindo o meu quarto, traz em glória
A luminosidade de um farol,
Mudando todo o rumo desta história
De amores e tristezas salpicados
Mosaicos em mil cores matizados...


68
A chama que em carinhos convertemos
Felicidade trama; eu sei de cor.
De tantos sofrimentos que tivemos,
Sabemos escolher o bem maior.
Amigos pela vida nós perdemos,
Não posso te dizer qual o melhor,
O barco não caminha sem os remos,
Tampouco existe um canto a se compor
Sem ter nos traços firmes de quem sabe
O quanto desta glória inda nos cabe
Permite que se sinta este poder
De um sonho inesgotável feito em luz,
Nos braços da amizade, amor reluz
Trazendo à nossa vida, paz, prazer...




69
A chama que me chama em tramas ganha
O gosto deste beijo em minha boca,
A vida se mostrando em nossa sanha
Assanha esta vontade quase louca
De ter o teu desejo junto ao meu
Untando nossas peles com luxúria
Sabendo que bebendo amor se deu
Fornalha que se espalha entranha a fúria.
Procuro o teu perfume e lume eu vejo
Sentindo a tua pele junto à minha.
Na fonte inesgotável que eu almejo
Debaixo dos lençóis amor se aninha
E veste de nudez nossa vontade,
Até que chegue enfim, saciedade...


70
A chama que se acende toda noite,
Fazendo desta cama uma fogueira,
Das bocas e das línguas um açoite,
Na flamejante lua feiticeira.
A par desta vontade que nos chama
Pra festa interminável, tão gostosa,
A fúria em vendaval que agora inflama
Preâmbulos da luz maravilhosa
Estrelas se derramam sobre nós,
Fronteiras desconheço totalmente,
O amor um amo ardente como algoz
Cravando em nossa carne um gozo ardente
Amar sem ter limites, nem juízo
Abrindo este portal, diz paraíso...



71
A chave do sucesso é a fantasia
E nela, as mais diversas esperanças,
Olhando para trás vejo crianças
Rompendo em liberdade manhã, dia.
Felicidade, amiga, tanto urgia,
Tramando com certeza tais mudanças,
Enquanto mansamente, em paz, avanças,
Espalhas sobre todos, poesia.
Gravando cada cena em minha mente,
Palavras que propagas tenramente,
Garantem complacência e mansidão.
Servindo aos teus propósitos, meus versos,
Dos olhos sofredores, tão diversos,
Miram; lacrimejantes, a amplidão...


72
A chuva cai... Recebo o teu carinho triste
De quem amou demais e não teve perdão.
De quem sabia que, depois, a solidão
Se instala e toma cada espaço que inda existe.
Eu estou aqui. Sei que nada disso importa
Para quem sofreu e não sabe disfarçar.
Eu posso prometer a terra e o luar,
Tua alegria está atrás daquela porta.
Eu bem que tento embora eu saiba não consiga
Trazer uma esperança. Espero que prossiga
Sem esse sofrimento inútil que domina.
O meu verso calado, o peito está cansado
De saber que não tens o amor tão esperado.
Minha esperança, Olívia, a cor esmeraldina...




73
A chuva companheira tão amada,
Não deixa de cair sobre o telhado.
A noite forasteira está tragada
Pelos meus olhos tristes, vou calado.
Não quero mais saudades, dores, nada...
Eu trago meus detentos, sou teu gado
Na sombra maldição que foi gerada
No desamor pintaste nosso fado!
Me desculpe, pretendo que não chores...
Nosso beijo sombrio, embriagado.
No canto que temias nossa dor...
A chuva cai feroz, nunca implores
Pelo perdão que sempre foi negado.
Embalde queres luz. Mas peço amor...



74
A chuva dentro da alma vem ligeira
Molhando os olhos tristes da morena.
A luz da nossa lua feiticeira
Nascendo atrás do monte já me acena.
A noite que virá em claridade,
Promete uma beleza a polvilhar
Os olhos de quem quer felicidade
Deitada sob os raios do luar.
Os pássaros da noite vêm chegando
Mistérios entre trevas, vaga-lumes
O vento da saudade me tocando
Dama da noite entorna os seus perfumes...
Dedilho uma viola sertaneja
Amor em minhas veias já poreja...




75
A chuva disparando nesta tarde
Inunda tantas ruas, tantos sonhos...
A cor do meu amor, decerto encarde,
Meus olhos nessa chuva estão medonhos!
São olhos tão perdidos, de quimera...
Olhando sempre a esmo, sem sentido.
A morte deste amor em primavera
Deixando uma saudade, triste olvido...
Mas sei que a tempestade passará
Trazendo uma bonança em alegria.
O sol do novo dia me trará
Uma explosão de cores, fantasia...
A chuva, quando forte, faz limpeza
Minha alma renovada quer clareza!


76
A chuva dos meus olhos sempre cai
Fazendo alagação no teu barraco,
O amor quase imbecil por ser tão fraco
Aos poucos sem juízo já se esvai.
Facínora que um dia foi meu par,
Um brâmane se torna um beduíno.
Um sentimento frágil, genuíno
Não sabe nem sequer anteparar.
Paragens coletadas na memória,
O risco poluindo minha história
Não deixa quase nada pra depois.
Seria o que talvez pudesse crer
Aquele que nasceu só pra morrer
Nos lagos inventados por nós dois...



77
A chuva em teimosia, sempre cai
Penetrando a minha alma, transtornando.
O sonho pouco a pouco desabando,
Até a fantasia já me trai.
Meus olhos procurando em Adonai
A paz anunciada. Tropeçando,
Eu sinto que as tristezas vêm em bando.
Nem mesmo a poesia me distrai.
Do quanto imaginara sou resumo,
Os erros na verdade, eu sempre assumo,
Mas nada mais me impele a prosseguir.
Talvez na morte eu tenha a recompensa.
Incenso se perdendo em noite imensa
O pouco que inda resta a se esvair...



78
A chuva em transparência te tocando
Deixando a sombra bela de teus seios,
Colado em tua pele, desnudando
Mostrando a maravilha, devaneios.
Sentindo o teu perfume, teus enleios
Os olhos do prazer já derramando
Procuro te tocar, diversos meios,
Distante. Eu te pergunto e não sei quando
Eu poderei tocar tua nudez
Entregue totalmente, louco e teso,
Dançando meu delírio em fogo aceso
Aguardo tão somente pela vez
De ter a nossa noite desejada,
Em louca tempestade demarcada...



79
A chuva que caía a noite inteira, amor
Agora se dispersa e o sol já vem surgindo
Trazendo pra manhã um brilho encantador,
Promessa de outro dia imensamente lindo.
Amar e ser feliz, entregue a tal torpor.
A dor já se acabou em chuva se esvaindo
Da tristeza em desamor; felicidade vindo
Ternura em teu sorriso, um lume sedutor...
Esqueça o temporal, a lua nascerá
Em belo plenilúnio estrelas voltarão.
A sorte renascendo, eu sinto desde já
A chama da paixão intensa e sem limites,
E eu peço, minha amada, não tema nada não,
No amor em liberdade, espero que acredites...



80
A chuva que caindo dos meus olhos,
Expressa uma saudade de um olhar
Que quando foi embora, mil abrolhos
Plantou no jardim. Mal cultivar.
As lágrimas que caem, diamantinas,
Qual prisma sob o sol em sete cores
Permitem uma miragem cristalina
Trazendo em esperança outros amores.
Embora tão cansado desta espera,
Ao ver os olhos mansos da morena
Promessa de uma nova primavera
Num belo amanhecer sei que se acena
No límpido cenário que se borda,
O peito que hibernara, agora, acorda...



81
A chuva que caiu naquela serra
Caiu dentro de um peito sonhador
Molhando, com carinho toda a terra,
Matando, no meu peito, um grande amor...
Você fugiu depressa e me deixou,
Sozinho nesta estrada tão comprida
O tempo foi passando e só restou
Tristeza dolorida em minha vida...
Mas hoje que eu lhe vejo tão distante
E sinto no meu peito cicatriz
De novo vou querer por um instante
Que seja, novamente ser feliz...
Agora ela já veio, eu esperava;
A chuva que hoje cai, tristezas lava...


82
A chuva que caiu ontem à noite
Batendo na janela do meu quarto,
Por mais que a solidão ainda acoite,
O sonho de um amor; jamais descarto.
Embora tantas vezes andei farto,
Da dor que maltratando feito açoite
Nas tramas deste encanto, agora eu parto,
Querendo muito além de um vão pernoite.
O amor sabendo disto, numa espreita,
Prepara outra tocaia. O que fazer?
Minha alma de pensar, já se deleita
Não quero mais sentir este ar tão denso,
Quem sabe ainda posso amanhecer
Ao lado deste sol divino, imenso...




83
A chuva que caiu ontem de tarde
Deixando a terra assim, toda molhada,
Enquanto o sol de agora queima e arde,
Promete a noite enfim tão estrelada.
A lua que virá decerto cheia,
Deitando sobre ti belos clarões
No fogo da vontade que incendeia,
Viveremos então, mil emoções.
Asseclas dos desejos, caminheiros
Em busca da real felicidade,
De todos os prazeres, prisioneiros
No gozo da alegria, a liberdade.
E nada impedirá nossos momentos,
Distantes dos temores e tormentos...




84
A chuva que, caindo esfria tudo,
Alaga de saudade o coração.
Distante de teus olhos, fico mudo.
Tomado pela dor da solidão...
Porém uma esperança vem, contudo,
Em forma de desejo e de ilusão...
Que sabe se contigo, amor eu mudo
E as enxurradas sejam de verão...
Poder tocar depois da tempestade
Teu corpo, uma bonança sem receios...
Nos devaneios; vôos de verdade
Chegando no teu quarto de mansinho,
Deitar minha cabeça nos teus seios,
Aquecendo esta tarde com carinho...



85
A chuva salpicando, ouvi chamar teu nome...
Pretendo conhecer tuas farsas, enganos...
Vou devagar, sofrendo, o mundo inteiro
some...
Ninguém quer mais saber de todos os meus
planos...
Estrelas percorrendo, a tristeza consome
Não deixa nem restar sequer sombra de panos.
A noite me trazendo a vigorosa fome.
Os amores, por certo irão morrer tempranos...
Procuro por teu canto, a sombra não ecoa...
Cascalho, o que me resta, a festa terminou...
A minha asa esquecida, inválida não voa..
A noite que se acaba aguarda novo dia...
Um pássaro sem ninho aqui, quieto, ficou...
Não cantarei jamais nosso amor: fantasia...



86
A chuva te molhando, as formas sensuais
Aos poucos me tomando este desejo imenso
De ter tua nudez, divinas catedrais
Amor insensatez, perdendo todo o senso.
Teu corpo – um manso cais, aonde ir
aportando
Prazeres sem iguais. O tempo inteiro penso
No amor que a gente fez. O fogo me tomando
Querendo-te outra vez; em ti me recompenso.
Amor, pura delícia, matando a lucidez,
Um corpo, uma carícia... E tudo recomeça.
Reflete imensidade a beleza da tez
Total felicidade, amor que não tem pressa,
Num toque de malícia, além do que tu vês
Além da eternidade, amor já se confessa...
Tentei fazer um soneto em alexandrino com
rimas encadeadas na sexta e na décima
segunda, espero que tenhas gostado.
te agradeceria se comentasses. abraços



87
A chuva vai caindo devagar,
Batendo na janela e em cada pingo
Vontade de contigo, amada estar,
Assim da solidão, cruel, me vingo...
Orvalhos que deixaste em minha cama,
Molhando de prazeres meus desejos.
O vento que teu nome ainda chama
Fazendo da esperança bons cortejos.
Anseio cada seio em minha mão,
Roçando o teu pescoço em arrepios.
A chuva, quem me dera, um furacão,
Em explosões fantásticas, os cios
Garantem cada orgasmo, cada gozo,
Delírios num cenário esplendoroso!



88
A chuva vai caindo e traz teu rosto
Em todos os lugares, eu te vejo,
Meu mundo está desnudo, estou exposto,
Às tramas tão banais deste desejo...
Procuro me sentar, cadê encosto?
A boca está sedenta do teu beijo,
O sol qual esperança morre, posto;
Nublando todo o céu, finda azulejo...
A chuva recomeça nos meus olhos,
Em gotas que se escorrem deste olhar.
As dores me cegando, são antolhos,
A vida vai mudando pouco a pouco,
O mundo num eterno transformar
Só esta uma saudade... E eu... Tão louco...


89
A chuva vai caindo lentamente
Molhando toda a terra, devagar,
Meu coração viaja de repente
Até que possa enfim já te encontrar.
Pensando nos teus lábios, beijo quente,
Olhando tão sozinho pro luar,
Carinhos que perdi, amor da gente
Jamais esquecerei. Vou te buscar
Em meio a tanta estrela sei que estás
Voando tão distante, em noite fria,
Estrela que deixei, meu astro guia,
A chuva, esta saudade, então me traz.
Nas gotas que desabam sobre mim,
Molhando o nosso amor, que eu sei sem fim...
90
A chuva vai caindo no telhado,
Chamando para a cama, o meu amor,
Eu sei o quanto estou apaixonado,
Só quero, neste frio, o teu calor...
Preciso te encontrar, minha menina,
Morena doce flor do meu desejo.
Nossa noite, louca, não termina,
Apenas recomeça em cada beijo...
O nosso amor, sincero e tão infindo,
Nos arrepia sempre num prazer.
Amar-te! O coração batendo lindo
Buscando o teu carinho pra viver...
Meu peito, em sobressaltos, vai vivendo;
Sem teu amor, melhor eu ir morrendo...



91
A chuva vai caindo no telhado,
Molhando toda a terra, meu quintal...
Vontade de te ter aqui do lado...
Morena, tão bonita e sensual.
Ao ver o teu retrato emoldurado,
Sorriso belo e franco, natural,
Meu coração batendo, disparado,
Aguando essa saudade sem igual..
Morena delicada, amor sincero,
A noite te esperando passa lenta...
Tu és o que desejo, o que mais quero,
Paixão que nos tomou, não cessa mais.
Ao mesmo tempo é suave e violenta,
Eu te amo, meu amor... assim... demais!



92
A chuva vai caindo o tempo inteiro,
Em gotas lagrimadas da agonia.
Uma esperança em mim, cedo morria,
No sacrifício triste de um cordeiro.
Amor que desenhara derradeiro,
Distante do meu quarto adormecia,
A voz do vento como que dizia
Amor não voltará; irás primeiro...
Em luta violenta, a natureza,
Nos raios rebrilhando com beleza
Formava vaga-lumes no meu céu.
Surgiste já trazendo estrelas belas,
Da dura solidão em frágeis velas,
O amor se refazendo, em alvo véu...


93
A chuva vem caindo mansamente,
Beijando toda a terra, acende o cio.
Brotando nova vida da semente,
Recomeçando o tempo, novo estio...
A paisagem muda totalmente,
Já não parece o campo mais vazio,
O cheiro deste mato, de repente,
Transformação divina em novo fio
De esperança de vida sobre a terra,
Reflexo tão profundo deste amor
Que a vida, por si só, traz e se encerra
No mago sentimento que se fez
Nas mãos do nosso amado Criador,
Que o homem por desleixo já desfez...


94
A chuva vem chegando devagar,
Te espero em nossa casa... o tempo voa...
Vontade de te ter e me entregar...
A vida do teu lado é sempre boa;
A brisa que se chega lá do mar;
O vento em tua voz, meu peito ecoa...
Total ansiedade me tomando,
Aos poucos te percebo bem mais perto...
Lá fora azul do céu, mesmo nublando,
Uma esperança traz o tempo aberto.
A chuva que virá, se aproximando,
Garante esse alagar em meu deserto...
Num aguaceiro lindo de emoção,
Molhando nosso quarto de paixão...


95
A chuva; a tempestade, em toda a gente
Num frêmito terrível sempre tem
Sabor de uma saudade de outro alguém
Que há muito já se foi, estando ausente.
Parece que num átimo pressente
A solidão eterna, sem ninguém,
Chamado doloroso de um Além,
De um vazio constante e mais presente.
A paz que derradeira, não mais creio,
Distante do que fora um ideal
Mostrando uma agonia que receio.
Na chuva necessária, a brotação,
Refaz-se toda a vida, num jogral
Brincando com meu louco coração...



96
A cíclica esperança natimorta,
Implícitas verdades sonegadas.
A lâmina afiada que nos corta,
As bocas quando em fome desdentadas.
O velho continente que se vende
E troca esta pelagem tão imunda,
Cadáveres de mártires, de Allende
Enquanto a mão senil já se aprofunda.
Nerudas e Buarques, os Guevaras,
Meninos destroçados por canhões,
Dos sonhos arrancados, pelotões,
As marcas das torturas, paus de araras.
A velha ideologia aposentada
Jogada no porão ou sob a escada...



97
A claridade toma toda a grei
Desejos que encontrei; agora tantos,
A lua é benfazeja, disso eu sei,
E dela amor recebe seus encantos,
Nos mares desta lua eu mergulhei,
Às vezes afogando duros prantos.
Por tantas vezes, saiba, eu te amei,
Olhando para a lua em belos mantos.
Embora um cavaleiro e seu alforje
Roubou-a num instante: velho Jorge
Tornando bem mais clara esta amplidão,
E tendo dos teus olhos farto brilho,
A cada novo passo, amor eu trilho,
Vibrando bem mais forte, o coração...



98
A coca quando cola coca cola
O karma quando o lama no nirvana
A lama que se trama não se engana
E faz deste remendo medo escola
O pé na lama chama e tanto atola
Que vaga sem ter vaga e se explana
A fome que não come não se esgana
E o resto sem rastilho tudo empola
O pântano se espanta com Brasília
O mundo se remenda sem presilha
No seio tão preciso da morena.
Asseio com licor depois é cama
O fogo que refoga a velha chama
E sempre que quiser sem dura pena.



99

A corda se arrebenta para o fraco
E quase sempre traz uma lambada,
Nas costas da gentalha malfadada,
Jogando o pobre assim para o buraco
Da vida eu desejava mais que um naco
Porém já não me sobra quase nada
Senão a boca torta e desdentada,
Na dura caminhada enfim me empaco.
Pacotes mais pacotes, grana some,
Um velho vira-latas se virando,
Andando solitário busco um bando
E o que resta, a vida vem e come.
Malando que é malandro, deputando
E a gente do outro lado passa fome...

100

A corja vende amor, rouba o perdão
Nos bancos das Igrejas, tribunais
Abutre se disfarça em vendilhão
Engorda a súcia cada vez bem mais.
Quem dera se eu tivesse o mesmo açoite
Que um dia o Bom Judeu usou sem dó,
Talvez ainda pudesse em plena noite
Mostrar o amanhecer, dourar o pó
Do qual nós fomos feitos, e voltamos
Depois da caminhada sobre a Terra,
Cuspindo nos venais e cruéis amos
Sentindo o puro amor que assim se encerra
Nos olhos de um amigo em cruz, liberto,
Aguando em esperanças o deserto...
Marcos Loures
 
Autor
MARCOSLOURES
 
Texto
Data
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