Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 119

 
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1

O paraíso chega ao nosso quarto
Em forma constelar de raro brilho.
Do corpo desta estrela não me aparto
Bebendo extasiado cada trilho.

Sem nada que me impeça, alçando os céus,
Estampo em tua pele a tatuagem,
Marcando com meus lábios, rasgo os véus
Perfaço sem parada esta viagem.

Buscando em cada lume, o meu destino,
Vencido, o vencedor se mostra eterno.
O tempo de sonhar de ser menino,
Rasgando o paletó, desmancha o terno.

Salgando a minha pele; o teu desejo,
Um mundo tão sublime, agora eu vejo...
Marcos Loures


2


O parafuso busca na arruela
O mais perfeito encaixe que conheço,
Porém se errar a mira, ou endereço,
A coisa se complica. Amor revela

Que tudo que se pinta nesta tela
É fase diferente, e sem tropeço,
O quanto em desvario ainda peço
O garanhão esquece estribo e sela.

Na veia e de primeira é um golaço,
Às vezes sem saber qual o compasso
Eu danço com total desembaraço.

Na minha vez querida, eu nunca passo,
Mergulho na cadência do teu braço
E abraço feito um laço cada traço.
Marcos Loures


3

O par que é predileto e sei constante
Traçando eternidades ao meu lado,
Sorriso tão fugaz e provocante
Um gozo tantas vezes disfarçado

De quem em ironia leva a vida,
Sarcasmos dominando este cenário.
História que se faz mal resolvida
Promete um novo dia temerário.

Assim, querida amiga, eu te proponho
Quem sabe renovando o guarda roupa
Ainda eu possa crer que existe o sonho,
E a dor sendo enganada vai e poupa

O coração de quem amou demais
Levada num momento a outro cais...
Marcos Loures



4

O pão e o vinho: caras iguarias
Vendidas por pilantras e canalhas.
O vinho que é cevado nas sangrias
Dos pobres imbecis, feras navalhas.

O pão da carne exposta, apodrecida,
De ovelhas infelizes, é roubada
Vendendo uma esperança já falida,
Da vida eternamente estropiada.

Não falam de amizade; é só castigo
Para aquele que pensa, simplesmente,
A corda no pescoço, algum perigo:
Motivo para a corja vil que mente

Usando como escudo um moribundo
Que veio pra salvar, de fato, o mundo...
Marcos Loures



5

O pântano das almas, fátuo fogo
Charnecas da esperança apodrecida
Não tendo mais razão sequer de vida
Perdi faz tempo, eu sei, o velho jogo;

Não adianta ao fim pedido ou rogo,
A morte se anuncia, a despedida
Deixando uma ilusão, frágil, perdida,
Até a fantasia eu já revogo.

Depois de tanta luta, em vã batalha
O corte mais profundo da navalha
Aprofundando agora nos tatua

Lavando com mentiras o que fomos,
Restando tão somente o que não somos,
Mas sei que voltarás tal qual a lua...
Marcos Loures



6

Ó Pai Senhor amigo, irmão, Meu Deus
Eu peço num clamor tua atitude
Que mostre imenso amor em plenitude
Ao clarear os rumos, duros, meus...

Perdoe se meus olhos tão ateus
Procuram Tua imagem que me ilude
Não percebendo em Ti enorme açude
E lume que clareia, trevas, breus.

Guia-me pelas sendas inconstantes
Da sorte de viver, tão movediça.
As minhas mãos tocando uma injustiça

Sangrando em erros duros por instantes
Ao perceber em Ti tanta amizade
Desejam se limpar da iniqüidade...

Marcos Loures


7

O Pai que nos redime e nos conforta,
E nos ensina sempre que o perdão
Indica ao caminheiro a direção
Abrindo com certeza qualquer porta

No amor que a todos nós cabe e comporta
Que seja assim eterna a floração
Sublime que nos mostre que a união
Já deixa a solidão vazia e morta.

No encanto deste Pai, claro e perfeito,
Eu bebo até sentir-me satisfeito
Sabendo que somente sou feliz

Se eu tenho nos meus olhos o sorriso:
A melhor tradução do Paraíso
Que ilumina o caminho outrora gris...


8

O telefone vivendo ocupado
Impede que eu consiga te falar
Do amor que veio manso e devagar
E, de repente: tudo dominado!

Se às vezes te pareço estar bolado
No fundo nunca quis me apaixonar.
Agora o que fazer? Não vou lutar,
Eu só quero é te ter aqui do lado...

Atenda, por favor a ligação,
A ansiedade faz mal ao coração,
A medicina, saiba, não desmente.

Se eu tento o celular, não adianta,
Minha vontade, amor, já se agiganta,
Porém deu fora de área, novamente...
Marcos Loures


9


O tanto quanto quero o teu querer
Querência que se faz tão necessária;
Sabendo desta fonte o bel prazer
A noite não será mais temerária.

O vento da esperança vem bater
Deixando para traz a procelária,
Nos mares mais fantásticos viver
A calmaria outrora imaginária.

Na paz do teu sorriso, meu amor,
Estrela radiante em nosso céu.
Quem fora simplesmente um sonhador

Percebe esta alegria que sem fim,
Deitando sobre nós estende o véu
Do amor que brilha intenso dentro em mim...
Marcos Loures



10

O tal do dem é coisa do demônio,
Dizia a minha avó com propriedade.
No olhar da malvadeza, a falsidade
Deixando sempre à mingua este campônio.

Jamais eu suportei um ar burguês
Cheirando à naftalina, ergue o nariz
Escarra sobre o pobre e pede bis,
Vendendo a podridão como honradez.

Meu coração vermelho abrindo a porta
Percebe uma mudança nestes ares.
Da fruta sonegada nos pomares

O verde da esperança, mesmo torta,
Trazendo algum sorriso que incomoda
O velho coronel que teima em poda...
Marcos Loures



11


O tal de Marcos Loures já foi tarde
A culpa é de uma forte pneumonia
Encheu tanto o meu saco. Uma agonia
Daquelas que beijando se vem arde.

Quem por acaso ver o seu fantasma
Andando pelas ruas da cidade,
Enterre este infeliz por caridade
Não adianta usar nem cataplasma

Enterre este defunto o mais depressa,
Senão empesta tudo, o lazarento.
Mas peço, por favor esteja atento

Coloque em cima laje de cimento
E tranque a sete chaves tal tormento
Se não fechar direito, ele regressa...
Marcos Loures



12

Odeio viadagens e frescuras.
Sou quase um troglodita, um animal.
Meu canto tantas vezes gutural
Esquece as etiquetas sem mesuras,

Às vezes, ignorante, até boçal
Não sei de noites claras nem escuras,
Diferente daquilo que procuras
Vazios, o meu bolso e o meu bornal;

Não quero te falar em poesia,
Jamais as conheci nem reconheço,
Rasguei, sem carnaval, a fantasia

Nem faço da alegria um adereço.
Mas quero estar contigo, isso me basta,
Frescura; se demais, tudo desgasta...
Marcos Loures


13


Odeio qualquer métrica que prenda
A minha poesia, sem sentido.
O amor ao colocar em mim a venda
Entoa uma emoção, roça a libido.

Não quero tão somente uma merenda
Nem mesmo o que se perde em vão olvido.
Eu peço que alguém venha e já desvenda
O coice se em verdade eu não agrido.

Não quero que me leias se não tens
Prazer em escutar meu velho canto
Que sendo feito em puro desencanto

Não diz o que desejas, doces bens.
A minha casa está decerto aberta
Mas nunca aceitarei qualquer oferta...
Marcos Loures



14


Odeio poesia pornográfica,
O sexo é um pecado, diz o Padre,
Também numa conversa de comadre
Que esconde, sob a saia, a fome sáfica.

Falar deste desejo animalesco
É coisa de quem mata a fantasia,
Contrariando toda a rebeldia,
Não sou nem quero ser um arabesco,

Apenas transparente e nada mais,
Nas coxas e molejos sensuais
A perdição da raça desumana!

Poeta que se preza diz miragem
Mirante quando feito em sacanagem
Perdão da má palavra: Uma banana!


15

Odeio picuinhas, são tão fúteis
Verdade é que a porrada come solta,
O chute desferido pede volta
Apenas as mentiras seguem úteis.

Inútil, enfim, tentar qualquer acordo,
A boca que mordeu perdeu os dentes,
Por mais que muitas vezes, tola, tentes
O barco já leva nada à bordo.

Acordo e não recordo o quê que eu fiz,
O que me importa, amor, é ser feliz
E custe o que custar, eu o serei.

Ser rei ou ser somente um simples bobo,
Uivando aos teus desejos, não sou lobo,
Em tudo o fingiste, eu te enganei...
Marcos Loures




16

Odeio as velharias que carrego,
Uma caixa de fósforos queimada
A foto da esperança, amarelada,
E tenho por tais coisas tanto apego.

Eu sou cadáver vivo, isso não nego,
Há tempos me perdi na madrugada
Dos dias que não vi, restando o nada
Deixando o coração amargo e cego.

Mas luto contra o luto que não largo,
E mesmo quando os sonhos eu embargo
Abraço os pesadelos; bebo todos.

A chave deste cofre? Não mais tenho,
Por mais que valorize o meu empenho
Não posso disfarçar mofos e lodos...


17

Ocupas- meu amor- lugar primeiro
Nos pensamentos todos que eu já tive.
Encontro no teu corpo o verdadeiro
Motivo pelo qual a gente vive.

Tu és a força breve e mais sutil,
Que dá em minha vida, a propulsão,
Teu canto mais suave e tão gentil,
Encharca de ternura o coração

Daquele que te fez amada amante,
E se orgulha de estar sempre contigo.
Amor é feito um sonho delirante
Aonde a perfeição, cedo eu persigo.

Eu quero ter teu passo junto ao meu
Na dádiva maior de ser só teu...
Marcos Loures


18



Ocasos dentro da alma solitária
Destroços carcomidos; nada resta
Sequer uma ilusão inda se empresta
À vida que sonhara igualitária.

A linha divisória, imaginária,
Já não comportaria quem detesta
A sombra da emoção, tampouco presta
A lua que eu julgara luminária.

Uma alegria é mesmo temporária,
A luz dita em prazer, tão necessária,
Somente algum resquício ainda atesta

Àquela a quem se fez uma adversária,
Minha alma não será mais alimária,
Enquanto esta esperança, o sonho gesta...


19

Observo a rua e vejo nas calçadas
Os mesmos passageiros da agonia,
Correndo atrás do tolo dia-a-dia
As pernas dizem mentes apressadas.

Também vejo a passar; cartas marcadas
Na mesma jogatina que se cria
Na busca sem sentido; nua e fria,
As faces pela Angústia, destroçadas.

Atrás desta janela; como espelho
De tudo o que lá fora é tão comum,
Um coração calado e velho,

Dentro da multidão, apenas um,
Que vive por viver sem ter remédio,
E morre pouco a pouco, em pleno tédio...


20

Obrigado Senhor, pela esperança
Que impede que agonia nos domine.
O vento sobre as folhas, bela dança,
Que toda esta beleza determine.

O gozo do poder ter liberdade,
Usando da palavra e do buril,
Na força deste sonho que me invade,
Meu verso mais sensível e gentil.

Obrigado Senhor pelo perdão
Que faz com que eu comece a cada dia
Um tempo de cevar, de novo o chão
Colhendo em plenitude, a fantasia.

Obrigado, por último, Senhor,
Pelo dom inigualável de um AMOR!
Marcos Loures


21

Obrigado Senhor por estar cego
E não ver esta canalha Te explorando,
Na cruz foi bem suave cada prego,
Pior é nas Igrejas ir sangrando.

Obrigado Senhor por estar mudo,
Assim minha palavra se tempera.
Ao ver Teu povo frágil e miúdo
Servido no jantar da besta fera.

Obrigado Senhor por ter cortado
Meus braços e também as minhas pernas,
Consigo deste jeito estar parado

E não matar em fúria algum covarde
Encontro as redenções que são eternas,
POIS TENHO DENTRO EM MIM, A LIBERDADE!


22

Oblonga silhueta dos meus sonhos
Elipses entre várias translações
Na força incomparável dos tufões
Trunfos entre ritos, vãos, medonhos.

O tempo se tornando bem mais breve
Os olhos se perdendo em vagos lumes,
Compondo os meus destinos os estrumes,
Na boca um vil sarcasmo ainda atreves.

Acordes dolorosos do passado,
Rondando a minha cama, jazem ledos.
Esquivos teus tentáculos e dedos

Sabujos de um prazer anunciado
Num gesto aprisionas e libertas
Ao mesmo tempo cevas e desertas...
Marcos Loures

]
23


O viperino beijo da pantera
Rasgando cada lábio da esperança.
O amor que em solidão se degenera
Impede a fantasia. Aguda lança.

Matar a inútil, fútil primavera
Deixando uma nevasca por herança.
Sarcástica se ri, felina fera,
A morte talvez trague a temperança...

Bebendo das sarjetas, dos esgotos,
Os mantos da ilusão, restando rotos,
E apenas o vazio, nada além...

O corte da navalha, este amargor
Legado que deixaste, por amor,
Inferno em redenção, ele contém...
Marcos Loures



24


O vinho mais gostoso desta adega,
Eu sei, minha querida, é só você
No farto que produz a doce entrega
Eu sinto, enamorado, este buquê.

Ao crer na imensa sorte que hoje vem
Dourar o pensamento, feito em luz.
Certeza de que eu tenho agora o bem
Quem em mágicas palavras me conduz

Permite que eu me encante sempre mais
E tenha uma alegria sem igual,
O amor em noites quentes, sensuais
Inebriado sonho em festival.

No aval deste prazer que encontro enfim,
Eu bebo cada gota até o fim...



11825

O viço deste amor em força tanta
Aos poucos meus caminhos percorrendo,
Na glória deste sonho que me encanta,
Passado se tornando quase horrendo.

A solidão terrível inda me espanta
Porém em nova senda percorrendo
Percebo esta beleza em que se imanta
O gozo de viver, puro, estupendo.

Por vezes me encontrara tão sozinho,
Nos ermos da saudade, um ermitão,
Tocado pelos fios da paixão

Mudando de repente o meu caminho,
Nos olhos de quem amo em forte brilho
Criei maravilhado um novo trilho.



26

O véu que te cobria era tão branco...
As asas que voavas assassinas!
Sorriso meigo, branco, amigo, franco...
Nas asas que voavas, minhas sinas...

O véu que te cobria, belo flanco
Descobria asas, tuas asas finas...
Franco sorriso, siso franco. Manco
Coração... tuas asas descortinas...

No véu que te cobria teu sorriso...
Nas asas que voavas, coração!
Francos os teus sorrisos... Te preciso...

Não mintas por favor, não quero o não...
Nas asas que me mostras meu destino...
Os sonhos delicados dum menino!!!



27

O véu que se rompeu da solidão,
Permite-me antever felicidade.
Por certo te entreguei minha emoção
Na busca de encontrar saciedade...

Te quero com total entusiasmo,
Meu peito te chamando, quer agora.
Ao ver teus belos seios fico pasmo
Pois tanta maravilha em ti se aflora...

Eu quero nosso amor p’ra sempre vivo,
Realce de ternura e de grandeza.
Um sonho adormecido, redivivo,
Espalha pelo quarto esta beleza...

Eu sinto, pois, enfim sou mais feliz;
Vivendo o grande amor que sempre quis...



28

O verso sendo inútil; morra a esmo,
É tempo que se joga da janela,
O beijo do fantasma em que se atrela
O sonho, na verdade é sempre o mesmo.

Cismando pelas ruas; bebo o vento
Vomito fantasia e volto só,
Amarga a vida imita esse jiló
A melhor tradução do sentimento,

Não quero esta palavra tão soturna,
Se a minha inspiração sempre é diurna
De que me vale o bar e as aguardentes,

Aguardo o meu final, apenas isso,
E o esquecimento é tudo o que cobiço
Trazendo a velha faca entre meus dentes...


29


O verso que primando por se expor
Expressa a realidade, sem ter pejos,
Matando em nascedouro os vãos desejos
Invadem minha mente em vil torpor.

E faço da alegria de compor
A mítica ilusão dos realejos
Em sentimentos vários e sobejos
Que falam, insistentes sobre amor.

A carne apodrecida, assim disfarço,
Os olhos amauróticos dos sonhos
Ensimesmando torpes fantasias.

O canto se perdendo em vão, esparso
Em meio a fatos trágicos, medonhos,
Esconde as noites vagas e tão frias...
Marcos Loures


30


O verso que ora busco, intuitivo,
É quase que um repente e nada mais.
Meu canto sendo assim tão primitivo
Adentra qual um pássaro os umbrais,

Bebendo desta fonte sobrevivo
E encontro tanto encanto que entornais
Pois vós sois quem mantém o fogo vivo,
Belos poemas sempre magistrais.

Querido companheiro, num ponteio
Viola que tocais com maestria
Trazendo ao coração tanta alegria

Tornando mais suave cada anseio
Eu tenho a sorte imensa de poder
Poeta-mor dos pampas; conhecer...


31

O verso na verdade quando flui
Com toda a mansidão de um rio plácido
Podendo ser audaz, temível e ácido
Ou mesmo a roupa velha que se pui

Castelo de esperança que já rui
Ou tombo que me mostra frágil, flácido
Acordo que já fora outrora tácito
Agora sem limites não influi.

O parto mal parido dói demais
O fim de todo barco é querer cais
Qualquer ancoradouro satisfaz

Temendo a minha sorte nesta história
Eu bebo teu suor e em tua glória
O fim deste soneto, o nada traz.
Marcos Loures



32

O verso diz reverso da medalha
Queimando minha língua, em fogo intenso
Vivendo neste fio de navalha
No fundo ainda vejo um final tenso.

Acordo que se faz enquanto falha
A fonte dos desejos, no alvo lenço
A gente se procura e se agasalha
No frio que se mostra mais imenso.

Imantas com teus risos meus tentáculos
Os dias que virão nos diz oráculos
Serão os que talvez enfim redimam.

Se o verso pontiagudo tanto fere
O amor que no final não interfere
Traz sonhos que com gozos sempre rimam...
Marcos Loures



33


O verbo que apascenta traz os ventos,
Alimentando guerras, calmarias.
Enquanto afaga, aclara os sentimentos
Denota as talibãs lutas. Sombrias.

Das águas e dos céus, revoluções,
Amenizando as dores, as provoca
Pecados em martírios, com paixões,
Paixões que nos saciam, areia ou roca.

O verbo traz o belo e o mostra a cruz,
Cevando as esperanças, logo as mata
Deixando os corações cobertos, nus.

Palavra que alimenta e nos assalta,
Às vezes servidão outras ingrata.
Por vezes cuidadosa, mas incauta..
Marcos Loures



34

O vento renovando nossas vidas,
Inverno sucumbindo à primavera.
Não quero que percebas, pois duvidas
Da cárie que maltrata a louca fera.

Rolando pelos céus, a cada esfera
As marcas tão distintas das feridas
Em tempos de batalhas recebidas
Curadas pelo amor em luz sincera.

São meras garatujas do que tive,
Ferrões que prometeram tanto mel,
Aonde na verdade nunca estive

Escrevo num pedaço de papel,
Guardado na garrafa dos meus sonhos,
Os mares são gigantes e medonhos...
Marcos Loures



35

O vento, a chuva, o frio... essa vontade
De estar contigo agora, primavera...
Vertendo em meu cantar, tranqüilidade
Depois de tanto tempo em dura espera.
A voz deste meu sonho em liberdade
Procura por quem quero. Ah quem me dera...

Um mundo que se faz em fantasia
Permite que construa mil abrigos.
Por mais que seja triste o dia a dia,
Por mais que a vida mostre seus perigos
Brincar de nosso sonho em harmonia,
Os joios bem distantes dos bons trigos,

Das dúvidas, angústias, solidão...
Centelhas deste fogo... da paixão...
Marcos Loures


36


O vento vai sangrando sem parar,
Tocando a velha porta e seu batente.
No desespero sempre a me mostrar,
O mundo que se vai, velho e doente...

A noite tão escura sem luar,
O canto que eu escuto, mais plangente,
Mostrando como é triste o tanto amar,
Morrendo o que se fora assim, contente...

Desculpe-me chorar, meu bom amigo,
A vida não permite outra esperança.
Passo titubeante que prossigo,

Levando ao quase nada. Eis a verdade,
Por isso é que te peço a temperança
Da força sem limites, a amizade...


37


O vento vai brincando no meu quarto
E se esconde debaixo dos lençóis,
Juntando neste caso, contra e prós
Aguardo uma resposta em quase enfarto,

Eu na verdade andava meio farto
De ter somente o não e nada após,
Olhares que me miram quais faróis
Ao ver de perto, são daquele gato

Que deixaste como herança. Tantas vezes
Eu tentei me livrar deste fantasma
Que ronda, ronronando e quando em asma,

Num Calvário noturno me incomoda.
Fugiste sem motivo e nestes meses,
Parece que a saudade inda me açoda...


38

O vento vai batendo no teu rosto,
A brisa balançando teus cabelos,
Sorriso tão bonito, assim exposto,
Eu quero me envolver nestes novelos...

O sol vai bronzeando tua pele,
A praia se inundando de desejo.
O meu olhar no teu... Vai... Se compele...
Maravilhosamente; a deusa, vejo...

Não corras mais de mim, te peço tanto...
Não deixe a solidão voltar pra mim.
Tu sabes o que quero, tanto e quanto,
A boca doce, bela, carmesim...

O vento vai soprando em teus ouvidos,
Invade, calmamente, teus sentidos...


39

O vento que te trouxe nova aragem
Depois de certo tempo, noutro dia
Esquece que promete a romaria
E vai desbancar outra paisagem.

Se queres esquecer qualquer bobagem
Não vista deste vento a fantasia
Porém se ele promete a alegria
Não conte que isto tudo é molecagem.

O vento não perdoa o contrafeito
Nem sabe se viver é um direito
Apenas bafejando uma tristeza

Invade cada canto da cidade
Se queres ter total tranqüilidade
Esqueça deste vento d’ incerteza...
Marcos Loures


40

O vento que te toca venta aqui
Beijando a minha boca, me domina,
Sonhando com teus versos, me perdi,
Vontade de te ter, minha menina,

Meus olhos sempre estão pensando em ti
A lua deste amor, clara , argentina
Meu desejo em teus olhos eu já li,
Viver tanto prazer: que bela sina!

Nunca tema uma ausência, é impossível,
Estamos tão atados que, jamais
Podemos disfarçar, por ser incrível,

Esta vontade insana de querer
De sempre, a cada dia e muito mais,
Vivermos nossos corpos num só ser...


41


O vento que te fez em poesia,
Em versos desenhou o nosso amor,
Sorvendo em tua boca esta alegria,
Bebendo de teu corpo, um bom licor.

Fazendo da receita a fantasia,
Do lago que freqüento sem pudor.
Fartando-se do mel que mais queria,
Te trago noite e dia, aonde eu for.

A calda que me dás, gozo e compota,
De todo amor que a gente sempre quer.
Perdendo nos teus braços, rumo e rota,

Encontro com malícia essa mulher,
Banquete bem servido e devorado,
Com fúria e com paixão, extasiado...


42


O vento que te abraça o tempo inteiro
Lambendo teus cabelos, tuas pernas,
Carícias que te faz, são sempre ternas,
Num arrepio leve, costumeiro.

As estrelas acendem as lanternas
E a brisa novamente rouba o cheiro
Que exalas, maravilhas de um canteiro,
E as noites vão passando, são eternas...

Que faço se só sinto o teu perfume
Trazido pelo vento sedutor.
Difícil, meu amor, que eu me acostume;

Por isso este segundo a recompor
Querendo todo aroma desta flor
O vento, sim, provoca este ciúme...


43

O vento que sussurra no telhado
Chamando por teu nome, mansamente,
A brisa deste amor, tão envolvente,
Num canto mais suave, apaixonado.

Tanto eu queria, agora, estar ao lado
De quem tomou meu mundo de repente.
Pois este amor que eu sei ser só da gente
Domina meus caminhos, é meu fado.

Sonhando estar contigo, o pensamento
Voando como o vento a te chamar
Na calma sensação da doce brisa.

Tocando no teu corpo, num momento...
Não custa, meu amor, imaginar,
Tua presença, o vento enfim, me avisa...
Marcos Loures


44

O vento que propaga esta semente
Permite o refazer do antigo sonho,
E mesmo sob o sol mais inclemente
Garantirá futuro em paz, risonho.

Assim como este vento, eu te proponho
Que o velho coração; sabes, não mente,
E quando o meu caminho eu recomponho
Cultivo a fantasia novamente.

Será que poderei colher os frutos
Que o tempo, sem perdão apodreceu.
Por mais que os velhos cães sejam astutos

Não sabem farejar felicidade.
Julgando que este amor fosse só meu
O vento sonegou prosperidade...



45


O vento que nos toca em calma brisa
Tornando nossa pele mais sensível
Vem manso e com ternura já me avisa
Do amor que enfim chegou; indivisível.
Meu sonho no teu corpo estigmatiza
Transformo-te num símbolo invencível.

Numa taquicardia incontrolável
Meu coração aguarda tua volta.
Nesse novo horizonte tão amável
Da amarra em que eu vivia já se solta
Minha alma que sofria, assim instável
E atada em laços frios da revolta.

A pele que contornas com teus beijos
Está cicatrizada, sem ter pejos...
Marcos Loures


46


O vento que no mar maltrata a lua
Em tempestades busca o seu remanso.
Nas noites que te caço, durmo manso.
E acordo co’a pantera linda e nua...

Enquanto a fantasia continua
Um Paraíso em sonhos; logo alcanço,
E a festa prometida; bebo e danço,
Trazendo serenatas nesta rua.

Vivendo mais feliz, meu peito aberto,
O passo desde então, querida, acerto,
E sigo madrugada, aurora e dia.

As ervas que danavam meu canteiro
As cinzas que guardavas; teu cinzeiro,
Morrendo entre as carícias da alegria...
Marcos Loures


47

O vento que não venta um novo vento
Em ventas e ventanas vestes vates
Nos atos que destarte me desates
Nas penas que me empena o pensamento.

Sou Momo e me transformo num momento
Em manto que nas fimbrias tanto me ates
Que ao fundo deste mundo chás e mates.
Nas termas que me tremem meu tormento

Os ossos deste oficio cio e ócio.
As bossas tão boçais braços e bócio
O vento que permite vela e barco.

Me mordo mas não sinto cadê dentes?
Os olhos que não miram sem ver tentes
Vertentes que descrevem em cada arco.
Marcos Loures


48

O vento que em convento faz estrago
Os hábitos levanta, e muda a cena.
Olhar quando inibido sendo gago
Madeira tanto molha quanto empena.

Trigal sem esperanças mata bago
Mortalha dos amores vai serena
Se eu visgo ou mesmo vesgo busco afago
Mirando nos fundilhos da morena.

Alheio a meus pecados, sigo em frente
Rebento de tais erros; vou maçã.
O quanto nada deixo pra amanhã

No gozo saliente da serpente.
Ao perder a cabeça e sem juízo
Debaixo desta saia, o Paraíso...
Marcos Loures


49

O vento que chorando na janela
Expõe a realidade nua e crua.
Minha alma se perdendo inda flutua
E busca pelos céus a rara estrela.

O canto que criei somente dela,
Num canto se escondendo, já recua
A mão que mais teimosa continua
Sem barco e sem destino, guarda a vela.

De tudo que tentei, o nada vem,
Respondendo ao apelo, diz ninguém
A voz que solta segue pelos ares.

Aonde poderia ter ainda
A brisa que a saudade já deslinda
Mostrando o meu caminho aonde andares.
Marcos Loures


11850

O vento que balança teus cabelos
Convida para o sonho que se dá
Em meio a fantasias, sonhos belos
Que um dia encontrarei, desejo já...

Em nome deste amor, tantos libelos,
O dia com certeza mostrará
A maravilha imensa de podê-los
Com mais firmeza o sol rebrilhará.

Estenda tuas mãos, sinta meu toque,
Receba com carinhos, meu desejo.
O quanto em alegrias eu prevejo

Palavra benfazeja que se invoque
Traduzirá perfeitas sensações
Dois corpos que se entregam às paixões...
Marcos Loures


51


O vento que balança este coqueiro
Na praia dos teus olhos sensuais,
Vazante deste rio quer inteiro
As águas que procuram por teu cais.

Menina se me desse verdadeiro
Valor não perderia amor demais;
Nas cordas deste pinho um violeiro
Cantando nunca deixará jamais

Morena que na praia me chamava
De noite para a gente namorar,
Na areia com sereia se encontrava

E logo a lua cheia quis chegar,
O mundo inteiro então se enluarava,
Deitado, olhando tudo viro mar...



52


O vento que balança espera por alguém...
As asas que me deste, orgulho dum plebeu,
Na certa vou voar, procuro por meu bem
O coração batendo, um reino que é ateu,

Aguarda com saudade, a noite nunca vem...
A vida, crueldade, esboça um sonho meu,
Me nega claridade, enfim eu sou ninguém.
Ninguém vem me chamar, o meu amor morreu...

Meu mundo sem meu verso, anseia pela cura
Bendito o meu desejo, um sonho de infinito...
Quem dera primavera, a vida é tão escura...

Teus braços, meu abraço, explode coração!
Nas ruas que passei, deliro, solto um grito.
Num êxtase sincero, aguardo teu perdão...
Marcos Loures

53


O vento que adentrou pelo teu quarto
Trazia meu desejo de poder
Beber de tua boca até que farto
Pudesse retornar e reviver.

Não sentiste tocar teu corpo inteiro,
Num arrepio gostoso de sentir?
O vento carregando até meu cheiro
Aos poucos, devagar a te despir.

Deixando-te desnuda e tão bonita,
Roçando os seios belos, tuas pernas.
Antecipando a noite prazerosa

Aonde encontrarei tua pepita
Tomando destas fontes mais eternas,
Até que a noite brilhe, radiosa...
Marcos Loures


54

O vento passeando em meu telhado
Traduz velho lamento que resiste,
Meu verso em solidão amargo e triste
A cada novo sonho, anunciado.

As marcas que carrego do passado,
Qual tolo, dentro da alma o medo insiste
E amor que a tudo vê, cruel assiste
A morte vil tortura, doce Fado...

Aflora-se um sorriso em ironia
Tomando o velho rosto de um poeta.
A vida se perdendo sem ter meta

Apenas resta um canto de agonia
Que toda noite volta – é tão fiel,
Deixando por legado, simples fel...
Marcos Loures


55

O vento me levando para a areia
Nas ondas mais sutis do sentimento,
Amor que em fogaréu, contigo ateia
Delícia me invadindo o pensamento.

Eu amo-te demais, por isso creia
Não deixo de querer um só momento
O manso acalentar que em minha veia
Transfunde esta emoção e toma assento.

Dos fardos que carrego do passado,
O medo de te amar, abandonado,
Agora que percebo amor sem fim,

Canteiro de esperanças vou aguando
E um novo amanhecer me transformando.
Ao ter o teu perfume junto a mim.
Marcos Loures


56

O Vento me falando dos milagres
Ausente dos teus ermos; sigo ereto,
Do quanto na distância me completo,
Entendo este vazio que consagres.

Os musgos vão tomando cada muro,
Armários sem as chaves nem segredos,
Percorro mansamente teus brinquedos,
E volto ao mesmo vago, amargo e escuro,

Aonde a calmaria não resiste,
O amor que não passou de ledo chiste,
Agora volta e meia, girassol.

Auroras boreais, noites eternas,
Serpentes enlaçando as minhas pernas,
Soturna madrugada sem farol...


57

O vento em ironia inda gargalha
Deixando a solidão mais dolorida,
Saudade de teus olhos, velha gralha
Transtorna enquanto beija esta ferida.

Apenas o vazio me agasalha
E mostra quão inválida esta vida
Dos restos que esperança inda amealha
Carcaça do meu sonho, envilecida.

A cada novo encanto, outro Calvário,
Arcanos pesadelos me envolvendo.
Aos poucos eu percebo estar morrendo,

Mas bebo a fantasia, solitário...
Quem dera se voltasses... Ah! Quem dera...
Somente o vento ruge. Amarga fera...
Marcos Loures


58


O vento do prazer em ti eu ouço
Orquestra convidando para a festa.
A noite que passou; simples esboço
Do quanto em maravilha amor empresta.

Dançando esta balada, a vida vem
Bebendo cada gota da alegria
Desejo em madrugada o nosso bem
Na redentora espera em poesia.

Teu nome no meu corpo, cicatriz,
Marcado em perfeição, qual tatuagem.
Canção que agora escuto já me diz
Do quanto sou feliz nesta viagem

Que é feita em sintonia, mesmo tom,
Roubando a cada volta o teu batom.
Marcos Loures


59

O vento do passado inda envenena
Rondando a minha casa em sentinela.
Saudade vai roubando toda a cena
Enquanto um dissabor já se revela.

Quem sonha com a vida mais serena
Com noite mais tranqüila à paz se atrela
Buscando uma emoção que seja amena.
O barco singra o mar em mansa vela.

Porém uma saudade não permite
Que a gente siga em frente. Sem os ventos,
A calmaria toma os pensamentos

E numa estagnação, sem ter limite
O tempo desandando nega a sorte,
Congela o dia-a-dia em semi morte.
Marcos Loures


60



O vento do desejo nos tocando,
Tornando-nos reféns de nosso amor,
Meu corpo no teu corpo se espelhando
Neste retrato belo e sedutor...

As mãos unidas, olhos se procuram,
Se encontram e já mergulham... Nosso mar...
Os sentimentos nisso se depuram
Sobrando o gosto puro em vivo amar.

Em um átimo; entregues, vento e cio...
Carinhos tão suaves, sedução...
Caminhos deste vento nada frio
Deságuam neste amor, louca paixão...

Deitados, nos amando. Ah! Voar...
Suspiro te sentindo suspirar...


61

O vento das mudanças não mais veio,
Chegando as tempestades sem alerta,
Enquanto a fantasia me deserta,
Encaro os meus fantasmas sem receio.

Exponho o meu punhal, num louco anseio,
A porta do meu sonho estando aberta,
Mortalha me servindo de coberta,
A faca penetrando cada seio.

Bebendo do teu sangue, Amor inglório
Fazendo do sepulcro um oratório,
Riscando a tua pele com meus dentes.

Reflito o que jamais pude negar,
Poder de te beijar ou te esganar,
Encantos sedutores de serpentes...


62

O vento da saudade que me varre
E leva meu amor por outros montes.
Não quer que minha sorte em ti se agarre
Nem quer que eu te vislumbre em horizontes.
Meu sonho nos varais que eu não amarre
Talvez isso me seque tantas fontes.

Detalhes esquecidos no caminho,
São meras ilusões; isso não nego.
Anárquico desejo: passarinho
Sem asas que em meu peito não carrego.
A noite que virá banhada a vinho,
Travando minha mão, amor e prego.

As trilhas escondidas de tocaia,
Morena o vento beija tua saia...


63

O vento da paixão doce e feroz
Adentra em vendaval, faz reboliço
Calando num momento a minha voz
No temporal dos sonhos, perde o viço.

Amor já se mostrando mais veloz
Acende o mais divino compromisso
Juntando bem mais forte nossos nós
Permite cada sonho que eu cobiço.

Trazendo em argumento a luz mais forte,
Amor cicatrizando qualquer corte
Fagulhas espalhadas manso incêndio.

Encontro em cada parte do compêndio
Palavras que me falam deste amor
Divino, sem limites, sedutor...
Marcos Loures


64


O vento da agonia é corriqueiro
Nas noites solitárias, sem ninguém.
Ao mesmo tempo morro qual cordeiro
Buscando uma emoção que nunca vem.

Sorriso em ironia, o derradeiro,
Distante de quem queira sempre bem
O céu vai se perdendo no tinteiro
Da dura escuridão que chega e vem.

Sem nada que permita uma beleza
Deixando bem distantes velhas glórias
Apenas refletindo nas memórias

De quem um dia teve em farta mesa
Sabores mais diversos e alegrias
Mosaicos tão confusos, belos dias...
Marcos Loures


65


O vento calmaria que te trouxe,
Nas brisas deste amor, cedo aninhou...
O pote prometia ser tão doce,
Mas caído, quebrado, esparramou...

Ventania na tarde aproximou-se,
Nos céus do nosso amor relampejou...
O tempo tão depressa transformou-se,
E tudo no horizonte, já nublou...

À noite, tempestade se formava.
Nossos céus retumbavam os trovões.
Todo o breu, entre raios clareava...

Madrugada rajadas mais rajadas;
A casa, neste instante, desabada,
Sob o peso feroz dos furacões...
Marcos Loures


66

O vento balançando, ouvindo meu clamor...
As noites vão morrendo, espero um novo dia...
Não quero mais saber deste teu “grande” amor...
A vida se demora em cada sinfonia...

Os beijos que negaste, estranha fantasia,
Não deixam nem recado, expressam teu rancor.
A morte vai chegar, cessando essa folia...
Não pude perceber, frio se fez calor...

O medo que travaste, em versos se perdeu.
A lua que chegava, a sombra derreteu.
Amores mais sutis, cinzas do meu passado...

Um sino vai dobrando avisa que já fui...
Não quero mais saber. Preciso, o teu recado...
Castelo que encantado, amor depressa rui...


67

O vento balançando estas melenas,
Trazendo no seu canto, a tua voz...
Distante de teus olhos, duras penas,
A vida se mostrando tão feroz...

Vento balança as palhas do coqueiro,
Trazendo uma cantiga tão antiga,
Que lembra da saudade por inteiro
Do tempo em tu eras minha amiga...

O vento traz teu nome, nesta praia.
Areias, dunas, mares, me cansei...
Deitado mansamente, lua espraia
E traz junto com vento quem amei...

E foi-se embora, triste como o vento,
Que canta e não sossega um só momento...


68

O vento assoviando na janela,
Dizendo da alegria que não veio.
Por outro amanhecer, tolo eu anseio
Apenas o vazio se revela.

A estrela que eu pensei, somente dela,
Há muito se perdeu em outro veio,
Nem mesmo na ilusão ainda creio,
O frio penetrando, a sorte sela.

Agarro cada raio do luar
Qual fosse a derradeira fantasia,
Porém enquanto a noite mais se esfria

Eu sinto mais o vento te chamar.
Uivando a noite inteira diz teu nome,
E esta esperança ao léu, se esvai e some...
Marcos Loures


69

O vento ao balançar destes coqueiros
A palha que nos cobre em tarde quente,
Transporta os sonhos bons, alvissareiros
De quem sabe que amar se faz urgente.

Meus dias que passando vão inteiros
Na busca de quem faz amar contente,
Areia onde me encantam feiticeiros
Olhos desta morena onde se sente

A força de um amor que não tem fim,
Batendo bem mais forte no meu peito.
Princesa que encantando o meu reinado,

Na fortaleza bela encontro enfim
Alguém que me deixando satisfeito
Eu quero para sempre do meu lado..


70


O vento acaricia teus cabelos,
Na dança que promete ser mais terna,
Envolvendo teu corpo nos novelos
Das carícias. Quem dera fosse eterna

A noite dos sentidos sem contê-los...
A dor que tão distante, inda te hiberna
Aos poucos vai saindo. Quero vê-los
Dançando na alegria mais fraterna...

E quero; como o vento que te abraça,
Beijar a tua face delicada...
Andando, braços dados pela praça

Olhando para o sol que renasceu
Tua cabeça no ombro recostada,
Vivendo este prazer que é teu e meu...


71


O velho Virgulino me ensinou
Que o fogo que acendeu o lampião
Tomando sem dar tréguas o sertão
Aos poucos tanta coisa derrubou,

No aboio do vaqueiro, agora vou
Versejo sobre amor, falo em paixão,
Da Igreja que invadi, seu carrilhão
A morte deste encanto anunciou.

Sepultamento às sete da manhã.
Não quero mais perder-me neste afã
Sou fã de carteirinha dos teus lábios...

Mas finges que não vês os meus anseios,
Menina se eu pudesse... ter teus seios
Os versos que eu faria, bem mais sábios...
Marcos Loures


72


O velho sofrimento que acompanha
Um sonhador que pensa ter respostas
Às dúvidas que sempre são expostas
Enquanto a solidão tocando, arranha.

Olhando para além, fria montanha
As brumas vão tomando estas encostas.
A chuva que encharcando minhas costas
Derrota esta partida outrora ganha.

E nada que virá muda este jogo.
Nos braços da saudade se me afogo
Aguardo resignado o amargo fim.

O vento que roçava uma ilusão,
Durante certo tempo, um furacão,
Agora simples brisa sobre mim...
Marcos Loures


73


O velho marinheiro busca o mar...
Já sabe todas lendas, das sereias.
Conhece melodia pra cantar.
Descreve seus castelos nas areias.

Constelações são livros... Estudar
As fases, velha lua. Suas veias
Levam sal e saudades. Navegar...
Reconhece qualquer dor, suas teias...

Romarias marinhas, os naufrágios...
Bancarrotas, riquezas e mentiras.
Roupas rotas, os vinhos e presságios.

As rotas sem destino ao mar, atiras...
Nos olhos, seus amores são pelágios...
As correntes marinhas, suas liras...
Marcos Loures


74


O velho couraçado, coração
Tramita entre as estrelas liberdade,
Sabendo do valor de uma amizade
Entrega-se sem tréguas ao perdão.

Eu sei que ali se encontra a solução
Que tantas vezes busco. A claridade
Que possa denotar tranqüilidade
Amansa com carinho e traz verão.

Andando sempre em boa companhia
De amigos eu procuro em parceria
Viver cada momento em plenitude.

Carpir as minhas dores? Nunca mais,
Em ti eu percebi supremo cais
De um sentimento feito em atitude...
Marcos Loures


75

O velho coração, meu timoneiro
Que enfrenta mil procelas, temporais
Buscando em noite escura alçar o cais
Em meio ao mais terrível nevoeiro.

O quanto deste amor é verdadeiro
Permite as soluções mais magistrais,
Mas quando faz das trevas rituais
É flor que já perdeu beleza e cheiro.

Um fardo assim imenso; ora carrego
No meio das tempestas, eu navego
E sei que neste porto, nada espera...

Soçobra a embarcação, vejo o naufrágio,
A vida me cobrando com seu ágio
Destrói o que eu pensara primavera...


76

O velho canarinho que tentava
Cantar o seu lamento sertanejo,
Depois de certo tempo reparava
Quanto era ultrapassado cada arpejo

Que o pobre sem saber que só piava,
Servia de piada sem ter pejo.
O nobre rouxinol quando cantava
Negava ou falseava o seu desejo.

Qual fora um repentista caipira,
Também imaginei que a bela lua
Gostasse do cantar em serenata.

Que ledo engano; a Terra sempre gira
E a vida que pra frente continua,
Expulsa o canarinho para a mata...


77

O velho caminheiro não desiste
Seguindo em noite clara ou plena em trevas.
Fazenda da esperança suas cevas,
Mesmo numa árdua andança ainda insiste.

No coração que outrora fora triste
As amarguras fogem, frias levas.
Enquanto as fantasias queres, levas,
Uma alma vencedora já resiste.

Assim a solidão segue distante,
A vida num momento fascinante
Sangrias e derrames, peito estanca

Vivendo tão somente por saber
Que o importa na vida é ter prazer,
Não quero nem saber se a mula é manca.
Marcos Loures


78

O vazio; eu conquisto em palavras tão vãs
Tentando alexandrino o canto que esbocei
Não quero ver se o gosto expresso nas maçãs
Transborde e serpenteie ao transtornar a lei.

Não passam de loucura as febres cortesãs
Nas quais em teu dossel às vezes me encontrei.
Quem sabe sem disfarce as luzes espiãs
Deletem o que sou ou o que não serei.

Vazio pode ser o copo quase cheio
Depende de quem olha ou mesmo de quem bebe
Quem veio de ouro fino ao ver a dura plebe

Não sabe quanto custa a vida sem recheio.
Mas mesmo assim insisto, ou nada mais seria
Que uma esperança agüenta a vida sem poesia...


79

O vaso se quebrou, não restou nada,
Nem mesmo uma palavra mais tranqüila,
Veneno que este peito assim destila
Impede que se veja uma alvorada.

Dos Céus já me esqueci, sem ter escada,
Embora esta esperança em sonhos grila
Posseira dos meus sonhos, cai, vacila
E morre numa trágica estocada.

O corpo embalsamado da alegria
Já pútrido esfacela-se, venal,
Na carcomida face que se cria

Após cada mergulho dentro em mim,
Esgarço o meu disfarce colossal,
Derramo este vinhoto em meu jardim...
Marcos Loures


80

O vaso quebrado prenuncia
A festa que não foi, mas tantas vezes
Durante muito tempo deveria.
Vencendo tempestades e reveses,

As bocas bebem luzes deste dia,
Amor e dor quando tu revezes
Serão a nossa mesma sinfonia.
Além do que mais queres não desprezes.

Algozes de nós queremos não ser
Vivendo com farturas de prazer
Sereno coração perdeu seu rumo.

Na parte que me cabe, vou também
Buscando o que dos sonhos jamais vem,
E os erros cometidos? Não assumo...
Marcos Loures


81

O vale dos prazeres; quero e vejo,
Ouvindo este chorinho, Nazareth,
Passado vem chegando e num lampejo
De salto bem mais alto, vem André.

Brasileirinho andando sem Lamento
No bandolim divino de Jacob,
Oito Batutas chegam num momento,
Num Pingo d’água, eu sei que dão um Nó.

O cavaquinho trama com a flauta
Piano convidando pro sarau,
A refeição servida, sempre lauta
Demonstra este banquete musical.

Ao me lembrar de um Sovaco que é de Cobra,
O peito apaixonado já soçobra.


82

O tudo que desejo, o bem que eu quero;
Apenas encontrei nos teus abraços.
O mundo dolorido rude e fero,
Se perde na cadência dos teus passos,

Tu és amor mais puro que venero,
Ocupas coração, sem dar espaços
Aos medos tão cruéis, tristes mormaços,
Que queimam e magoam, desespero...

Vieste qual raiar de uma alvorada
Em brilhos infinitos, benfazejos,
Roubando toda a cena com teus beijos,

Na glória de viver, tão ansiada.
Contigo renasceu a minha sorte,
Amor que invade tudo, firme e forte...
Marcos Loures


83

O trunfo que guardei p’ro nosso caso
Esqueci de jogar n’hora fatal.
Amor quando termina, finda o prazo,
Não passa de arremedo, vai sem sal...

O sol poente morre neste ocaso,
Sem brilho não clareia o matagal
Dos sonhos. Não flamejo e nem me abraso
Nos raios deste amor, tolo final...

A noite que pensei que fosse dela
Não veio nem virá, morreu apenas...
As cores desbotadas na aquarela,

Não fazem do cenário bela tela.
Não trazem, no horizonte, suas cenas,
Restando só meu trunfo, amor, Gisela...


84

O trem que descarrila perde o rumo,
Sem ter locomotiva, sou vagão.
Imerso nas entranhas deste chão,
Bebendo da saudade todo o sumo.

Enquanto na verdade não me aprumo,
Esqueço de tentar a direção,
Olhando este vazio na amplidão,
Embora solidão, não me acostumo.

Desertos sem oásis; velha peça.
Escondo-me detrás dos camarins,
Não tendo mais floradas nem jardins,

O coração sem prumo, já tropeça
E volta e meia tento algum sorriso,
Nos céus agrisalhados me matizo...


85

O trem descarrilado permitiu
Que eu visse a tua imagem cara a cara,
A jóia que julgara, outrora rara,
Desnuda, se mostrando amarga e vil.

Fazendo o que bem quer, não tiro um til
Daquilo que falei; verdade sara
Embora a realidade seja amara,
Não te suporto mais em meu covil.

Vá logo se roçar em outras pedras,
Ouvindo o meu ladrar tu nem te medras
E segue com o rabo levantado.

Sorrindo, esta cadela não tem jeito,
Nem mesmo me lambendo, não aceito.
É bom vazar, então, no capinado...
Marcos Loures


86


O toque da paixão e do desejo
Boca e coração se misturando.
Na cama e sutileza deste beijo,
Um fogo angelical nos dominando...

Cada vez que mais te sinto, o bem prevejo
E quero que tu saibas me enlevando
Ao céu que se ilumina em azulejo,
Te quero desde já, sentir tocando

O céu de minha boca com a língua
O céu do meu amor com mansa fala,
Amor assim gostoso nunca míngua,

Vigora e revigora a cada canto,
Do quarto, porta aberta seio e sala,
Vibrando desejoso em teu encanto...


87

O tom em que pintara, não desfaço
Um semitom opaco, mas sincero,
Se o perto do mineiro dá cansaço,
Na curva do caminho eu não te espero...

A vida que me deu régua e compasso
Deixou já bem distante o quero-quero.
Menina, eu me aquecendo em teu abraço
Esqueço qualquer papo ou lero-lero.

Saudade dá coceira em meu nariz
Com cheiro desta lenha no fogão.
Eu sei que poderia ser feliz

Porém a vida sempre disse não.
Mas vivo no conforme Deus me quis,
Saudade maltratando o coração!


88

O teu telefonema, eu esperei,
Mas nada de tocar este maldito.
Ao menos esperava ouvir um: Hei!
O tempo vai passando, estou aflito.

De tudo aquilo, tolo, que eu criei
Nem mesmo algum recado. Eterno rito
Que faz da solidão a sua lei,
Eu já me acostumei. Quem sabe um grito?

Vontade de pular pela janela,
Quebrando os protocolos: suicídio.
O amor há tanto tempo num dissídio

Apenas o vazio me revela.
Quem sabe uma amizade? Mas nem isso,
O nó no meu pescoço? Corrediço...
Marcos Loures


89


O teu sorriso traz a estrela rara;
Com maestria, logo me alvoroças
Enquanto em tal carinho amor declara,
Adentramos estradas belas; nossas.

O teu gostar decerto já me ampara,
E nele sem saber sempre remoças
Tomando com ternura esta seara
Em flórea sedução, delírio; acossas.

Na plêiade fantástica dos sonhos,
Momentos tão sublimes e risonhos
Raríssima beleza nos conforta.

Do outrora impenetrável coração,
O amor com fantasia e tentação
Abriu e escancarou, janela e porta...
Marcos Loures


90

O teu sorriso calmo e tão dolente
Demonstra tanta paz e mansidão.
Refaço minha vida totalmente
Nos braços que prometem novo chão.
A vida se renova de repente
E traz novo futuro e solução.

Amiga, em meus momentos doloridos,
Eu sei que tu me deste teu afeto.
Mostrando novos sonhos coloridos
Um mundo mais gentil e mais dileto.
Os males que passei adormecidos
Em teu carinho imenso me completo

E venho agradecer o teu amparo,
Teu sentimento nobre que é tão raro...


91

O teu sorriso acalma a minha vida
Apascentando tantas tempestades
Minha alma se desnuda agradecida,
Nos vendavais encontra liberdades.

Conforto de teu colo, teu afeto,
Refresca a lida dura e fatigante.
Carinho que tu trazes, predileto,
Permite que na vida eu me agigante.

Uma alvorada em luz aquecedora,
Paz que se promete duradoura,
Verdade que liberta. Amor sincero.

Por isso todo dia eu agradeço
Dás-me muito além do que mereço,
E em cada nova prece, te venero...
Marcos Loures


92


O teu perfume, amada, o teu aroma...
Mistura de fragrâncias divinais...
As mãos tão delicadas, bela soma
De deusas e belezas naturais...

Por vezes me enlutando de tristezas,
Procuro o teu perfume dentre as flores...
Em nenhuma encontrei delicadezas
Que possuis, minha amada, em seus olores...

Por favor não me deixes, primavera,
Eu te quero comigo, eternidades...
Tenho medo que a vida, besta fera,
Te carregue de mim, fatalidades...

Mas por isso te quero sempre aqui...
Primavera dos sonhos, que vivi...


93

O teu olhar perverso entre sombrias flores
Impele ao sofrimento e marca cada dia
Vivido sob o medo. Algoz da fantasia
Inúteis expressões, antigos desamores

Carregarás contigo, e mesmo que não fores
A imagem tatuada, expressa espúria orgia.
Quiseras, disso eu sei, que fossem refletores
Do brilho que sonhaste e matas na agonia.

Laguna em temporais, arcanas ilusões
Arquitetando a luz ausente. Sorumbática
Caminhas, uma vaga imagem emblemática

Desfilas os anéis, satúrnicas paixões
No frio e tão distante espaço sideral,
Olhar que no infinito, externa imenso mal...


94

O teu olhar decerto, eu sinto, não perdoa.
Desculpe se te tomo a luz e claridade.
No fundo não pretendo o gosto da saudade.
A mão que não carinha, aquela que magoa...

O pensamento é ave esperta, sempre voa.
Não quero essa gaiola, eu amo a liberdade!
Embora não prometa eu terei lealdade.
À noite, após a festa, a vida fica boa!

Não venhas me dizer que julgas na aparência
Se for assim, também, que eu tenha paciência.
Se bem que na verdade a vida não me aparta.

Eu gosto do teu colo, o resto não importa.
Senão que vou fazer? Aberta, vive a porta.
Quero ficar aqui, na nossa casa, Marta!
Marcos Loures


95

O teu nome se espalha no universo,
As estrelas te querem conhecer.
A lua, com certeza quer saber
A musa que me inspira nesse verso.

Quem perdeu tanta vida e foi disperso,
De repente, começa a descrever
A magia fantástica de um ser
Divino. Quem amou sabe que adverso

Sentimento maltrata e pede cura.
A noite que vivi foi tão escura.
Do peito, uma janela, sempre aberta.

Mas não vinha, sequer, resto de luz.
De repente brilhante sol produz
Efeito alucinante enfim desperta...


96

O teu nome eu proclamo pelas ruas
E clamo o tempo inteiro, ninguém vem,
Parece que endeusada tu flutuas
Perdido, eu continuo sem ninguém.

Estrelas, diademas, sóis e luas,
Espaços vasculhando e nada tem.
Palavras me tocando, frias, cruas,
Saudades deste amor, vou sempre aquém...

Meu karma talvez seja ser assim,
Um homem solitário na calçada,
O sol do amor intenso; eu guardo em mim.

Depois de tanto tempo, resta o nada.
Teu nome vou clamando até o fim
Quem sabe tu virás numa alvorada...
Marcos Loures


97


O teu cuzinho, amor, é tão gostoso,
É bem apertadinho, e eu te garanto,
Que dentro do teu rabo eu logo gozo,
E nele encontro, em fogo todo encanto.

Quem dera se teu cu tivesse agora,
De quatro, em cavalgada, bem safado,
Tua buceta, amada, o pau adora,
Comendo frente e atrás, assim de lado.

O teu grelinho duro, quer meu dedo,
A boca vai lambendo e te chupando,
Fudendo a noite inteira, sem segredo,
Adoro te sentir assim, gozando.

Minha putinha, eu quero bem vadia,
Na foda que não cansa e nos sacia..


98

O teu corpo colado, atado ao meu,
na dança atroz que vai queimando tudo
na claridade, em que muito se perdeu,
já me deixando pasmo, quieto mudo

as mãos macias sabem sonho ateu
nas delícias, em todas, corte agudo
na carne dolorida que nasceu
somente para ser teu corpo e escudo.

quero insensatamente tresloucado
beber no doce cálice da vida
meu rumo torto, pálido, calado

repete em ti meus rumos sem guarida
cometo os mesmos erros do passado
minha alma segue em ti, nave perdida...



99

O teu amor, querida, é redenção
A quem durante a vida se perdeu.
Aflora no meu peito esta emoção,
Do amor que sei somente é teu e meu.

Rasgando em alegria o coração,
Pois todo este carinho me venceu,
Causando em alegria, comoção,
Dourando em rara prata, a treva e o breu.

Agora vou cativo deste sonho,
Promessa de outro dia mais risonho...
Que em plena tempestade me aflorou.

Outrora um passageiro sem destino,
Trazendo tão somente em desatino
Saudade de quem foi e não voltou.
Marcos Loures


11900

O teu amor somente será meu
Desde o dia em que bela, tu nasceste,
Meu coração decerto tão ateu
A Deus agradecendo pois vieste...

Não sinto mais os medos que n’outrora
Faziam cada noite meu suplício...
Minha alma de tua alma se decora
Amor que santifica desde o início...

Te quero como o brilho desta lua
Que traz em seus raios, claridade.
A vida em tua vida continua
Contigo encontrarei felicidade...

Te busco, com certeza estás aqui.
Minha alma te adorando, em frenesi...
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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