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Patologia

 
Patologia
 
Pelas vias de um tormento, conduziam-me até o sacrifício e eu sei que é meu sangue que vai derramar. Ali vejo meus desejos se desfazerem, meus sonhos se acabarem e minha vida se afogar. Com uma cor pálida e borrada, eu morri junto com a solidão, aos poucos o silêncio me invadiu, me violentou e eu não consegui fugir das mágoas, da dor, do medo.
Ás vezes eu quero acordar, eu quero acreditar que é somente um pesadelo, mas eu não tenho forças para respirar e é mais fácil se entregar, simplesmente aceitar a minha condição.
Eu estou mergulhado em um rio adormecido, cheio de sonhos agredidos, vontade machucada... Eu estou tão fortemente entorpecido de tanta dor que não sei se estou morta ou viva, se eu respiro ou me asfixio, se meu coração bate ou para... Eu estou num estado de corpo desabitado, num estado letárgico de sentidos, rumo a inexistência da minha alma.
Em alguns momentos acho que o tempo parou para me olhar, em outros momentos acho que ele passou e se esqueceu de me levar, ás vezes, até mesmo acho que o tempo parece não existir para mim, pois eu me sinto perdido de tudo e não sei se regrido ao passado, se caminho para o futuro ou se, simplesmente, estagnei no presente... Não me encontro no linha do tempo, na continuidade da vida, no silenciar da morte.
A realidade e a ilusão parecem, continuamente, se misturar na minha mente e tem vezes que sou sonho, que sou real, que sou nada. Tem vezes que a realidade segrega, que a ilusão se quebra e eu não consigo ficar em lugar nenhum.
Enquanto as horas se esticam para me deformar de solidão, eu me sinto desinteirado de mim, como se meu corpo e minha alma fossem duas parte totalmente diferentes, como se minha alma habitasse um vazio numa dimensão e meu corpo habitasse o mesmo vazio em outra dimensão. Sinto que não pertenço a mim.
Não consigo perceber os limites do meu eu, é como se meu corpo se esticasse até se rasgar e estes pedaços se esticassem mais ainda e fossem se rasgando até não haver mais divisão. Eu não sei onde começo e onde termino.
Talvez, não há como acordar deste sono. E a minha alma está tão frágil que ela pode se partir mais a qualquer momento... Talvez, cada esforço provoque mais uma ferida.
Se eu pudesse pelo menos salvar este meu coração... Mas ele está tão morto quanto eu... Ás vezes a dor física me salva desta agonia. Essa doença que distorce o meu eu, corre pelas minhas veias com a razão de me ser.


Acho que estou apaixonada pela minha tristeza....

 
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msrdany
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