Prosas Poéticas : 

SETE DE AGOSTO

 
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SETE DE AGOSTO

Talvez eu tenha estado aqui há muito tempo...

Antes dos cataclismos apocalípticos
E do desabrochar dos hibiscos!

Mas eu não quero falar d'isso.
Tampouco das mentiras que inventei apenas para me poupar.

Oh sim, mentiras! Eu estou apenas vos entretendo!
Ajudando a passar uma tarde amena a despeito da morte à espreita.

Afinal, a superfície é segura.

Quão cedo é agora?
Para mim e para vós-outros? Celebremos!

Há bebidas e comidas! Há músicas e danças!
Homens e mulheres elegantes e educados...
O luar brilha n'uma noite de verão n'algum lugar.
Ou ao menos n'alguma página esquecida d'um romance ruim ou d'um poema piegas.

Somos tão previsíveis, eu e vós!...

Passa da hora de sermos felizes... Alguém o conseguiu?
Eu não tenho certeza de coisa alguma mais...
Nada faz sentido a uma hora d'essas, um dia d'esses, um anos d'esses...

Nada faz sentido nunca.

Enquanto isso, aproveito os instantes finais do jogatina para apostar no vermelho ou no negro
Alguém vai vencer e festejar enquanto se prepara o palco de bizarrices para gente bonita e rica viver vidas excepcionais: Existências interessantes escritas por um autor interessado no desfecho.

Não é o meu caso. Nada me interessa.

A essa altura, meus disparetes já não entretém... Eu só canso olhos alheios
E sei d'isso. Enfim, um prêmio a quem conseguiu me acompanhar até aqui:

--"Felizes os infelizes, porque d'eles é a aurora insone!
O mais belo amanhecer que alguém já viu..."

Betim - 2015


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
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RicardoC
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/08/2015 21:25  Atualizado: 08/08/2015 21:25
 Re: SETE DE AGOSTO
*essas tuas prosas- como bem já me disseste como nascem- me falam muito...também pontuo na escrita meus desatinos e introspecções, como uma forma de lidar com conflitos interiores...
deixo uns versos...

*
exauridas palavras
permeiam minh'alma
já não trago fitas nos punhos
apenas teço uma estrela
em cada letra em que sucumbo...

canso-me de mim
da incerteza que me acomete
o mármore da angústia é frio
vejo-me estagnada
num não saber-me nem sol, nem rio...

quisera a lua
aqui, no recôndito do meu sentir
como chama amorosa
e sonha...ah sonhar
que sou fada, rosa...

canso-me
a alma pede ninho e aconchego
almofada para recostar o desapego
um ramo de urzes, nos versos
como alegorias nos dedos...

e já não sou mais eu
transcendi o limiar da lucidez
sou só um vento sem rumo
uma brisa sem talvez

-eu só queria abandonar-me de mim-

Karinna*