Sonetos : 

Soneto do cenobita diletante na busca em probos vultos

 
“ — “Se o céu” — tornei — “meus votos escutando,
Deferisse, da vida o lume agora
Ainda aos olhos vos raiara brando;
“Que a doce imagem vossa inda memora
Saudosa a mente e o paternal desvelo
Com que me heis ensinado de hora em hora”

A Divina Comédia - Inferno - canto XV





Oh! Visão encantadora deslumbro, nesse voo a partir do alto,
na tarde cálida, com a Mabe guiando maviosa caleche de noz;
em mim poderia chicotear tormento tão-grave, o sobressalto,
estaria d’outra forma tributando a Cérbero, guardião feroz.

Encontraria el' alma sofredora suportando tão pesado fardo,
insatisfeita qu’está por ser obrigada a permanecer na terra.
Almejando alçar os céus acima das nuvens, em anseios ardo,
inobstante preço de prematura morte que a senda encerra.

O que abrolhei ao longo de combalida existência expectante,
estacado n’ orbe, meditativo ao extremo, às raias da caquexia
jamais fui amado por um pai e isso tatuou denso a existência.

Em probos-vultos procuro qual no mosteiro, cenobita diletante,
apenas um laivo, reflexos tênues daquele que negou a parceria,
inda em viv’ alma, abandonou-me, mesmo infante, sem-clemência.




 
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shen.noshsaum
 
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