Poemas : 

Bibelôs

 
Desfolho o tempo em camadas
E vou assistindo minhas mãos
Cansadas projetando sombras
Chinesas sobre os antigos bibelôs.

Então eu traço arabescos assimétricos
e vou tingindo
O som do meu âmago com o vento
Que sibila entre cordas nos outeiros.

E recolho-me dentro desta solitude
A lamentar o tempo que escoa sobre
A minha inerme existência e que coa
Os dígitos em simples alfarrábios...

Devaneio em árvores que, ninguém
Sabe o porquê, esse ano não deram flores.
Falho ao rimar rumo a um oceano dúbio de inconstantes esperanças tardias
Que tendem a não tecerem mais auroras
Para que os cantos dos galos do futuro
Nunca mais possam tecer amanhãs .








Gyl Ferrys

 
Autor
Gyl
Autor
 
Texto
Data
Leituras
386
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
2
1
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Juanito
Publicado: 08/05/2020 19:10  Atualizado: 08/05/2020 19:10
Colaborador
Usuário desde: 26/12/2016
Localidade: España
Mensagens: 3097
 Re: Bibelôs
Muito bom, estimado poeta; gostei dos seus versos!!

Meus parabéns e um abraço!!