qual de nós
encurta o beijo
nos lábios
sem desassossegar
o sopro no ouvido
qual de nós
reata
a locomotiva
do livro
após
o parágrafo
comprido
que foi
o nosso
silêncio
meu anjo
já não faz sentido
não dizer o que sinto
todos estes anos
moraste entre o pensamento
e o âmago
foste saudade repetida
nos dias que foram noites
nas noites que nunca chegaram a ser dias
não desistas
de completar
algo tão belo
que deixamos
para trás
anda
existe uma linda história
que podemos escrever
com as mãos
ziziando as linhas do corpo
rompendo o dorso
com os dedos
em gancho
vamos
há uma chama acesa
querendo arder
nos poros
nos olhos
no ventre
no colo
entre o instante e o sempre