Poemas : 

Tempo maduro

 

Este seria ser o tempo
de semear poemas sem as sobras gastas
de letras
arrancadas a teclas cobertas p’la cinza
de uma beata esgotada.

Sem os muros da memória fria
aconteceria poesia
em janelas abertas
sobre manhãs de orquídeas e dos sonhos
dos que não dormem.

Sob o olhar das estações
quase completas
e do tempo generoso dos frutos maduros
a luz ganharia corpo sob a minha pele
envolta na segura transparência
das palavras

e o meu grito seria a chave
de um sol maior
em gestos que inundariam a paisagem
de luas cheias de esperança
e de verdade
sem hora programada.




 
Autor
idália
Autor
 
Texto
Data
Leituras
299
Favoritos
2
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
26 pontos
6
2
2
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 29/10/2023 17:55  Atualizado: 29/10/2023 17:55
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10503
 Re: Tempo maduro
Silenciosos brados, à medida que o poema vai crescendo, como se a Poeta estivesse à espera do nascimento duma outra luz, que traga a esperança e um tempo mais generoso à vida.
É assim a poesia que gosto, que me entre na alma e sinta quanto adoraria tê-la escrito.

Boa semana
Abraço-te


Enviado por Tópico
Paulo-Galvão
Publicado: 29/10/2023 21:00  Atualizado: 29/10/2023 21:00
Usuário desde: 12/12/2011
Localidade: Lagos
Mensagens: 1176
 Re: Tempo maduro
"hora programada"
Assim se faz boa poesia.
Gostei muito de a ler.
Paulo


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/10/2023 09:58  Atualizado: 30/10/2023 09:58
 Re: Tempo maduro










As árvores crescem sós
E são demais, fortes para serem admiradas.
Das flores nascem sóis

E as sombras caiadas,
Acolhem os sussurros do vento
Enquanto
Nada mais me cabe do que cuidar
Como a quem
Nada mais pertence do que podar.

Poderosa realidade, desde o caule
À causa, à casca que reinventou o fogo,
Passam por elas as estações,

Trazendo-lhe o júbilo aceso das flores,
O aroma maduro dos frutos,
A nostalgia da queda da folha,

E finalmente o rugir do vento,
Feito música ferida,
Morrem de pé
Depois de longínqua vida,
Tal como as árvores, a razão inequívoca, morre também assim,
Fora isso, apenas as noites, a madrugada, a elipse

Sem um suspiro se apaga,
Assim como tendo alma humana por rodapé,
Mas nem sempre!
Quando a simpatia e inverdade fazem dos vencidos,
Os vencedores.

Palavras fazem das árvores, opositoras da razão.
Nem sempre renúncia se pronuncia
De trás pra baixo,

"Passagem" é o que somos,
Natureza e morte (em precisa
Proporção).

Olhamos sem querer ver espectros,
Na calçada raízes,
À superfície das águas
Alimentamos a renúncia,

Palavras enviesadas,
Prenúncio de queda invertebrada.

Nunca me surpreendo perante
O instinto de uma floresta,

Um ramo que se estende e a cor do sangue verde,
Infinitamente me lembram
Finais cruzados.

Do verbo encher
Dizia, minha mãe: Não queiras ser,
Mais vale enxertar e com paciência ficar a ver
Nasça menino/nasça menina

Nasça o sol ou até lua nasça poema
Até sem rima Nasça,

Milagre sem Maria

Nas árvores crescem nós
E cheiros a menta eucaliptos,
Enquanto a realidade nem è nossa,
È remota,

È utopia de condenado à morte,
Milagre sem Maria são figos,
Rosários em Gizé não são obras d'arte,

Nem a Palestina na cruz é fixa
Por simples pregos, Jesus é ?



(...)









Eu :)
GabrielaMaria
idália
rosafogo
Upanhaca
HorrorisCausa
Andeiro