Este texto pseudo poético subversivo é perigoso
Escrito de palavras tiradas do antónimo da vida
Foi antes censurado e condenado ao ponto final
Muitos o mantiveram num vil cativeiro venenoso
Encostado às paredes bolorentas de cor perdida
Em chão húmido forrado a pedaços de pão e sal
O humano juiz e doutor de umas palavras fortes
Sensível ao argumento da defesa chorou de riso
Era áspera a convicção de proibir qualquer rima
Os letrados que o aplaudiam só queriam mortes
Tinta escorrida e uma mão castrante se preciso
Dar volta ao texto e olhá-lo de baixo para cima
O leitor de pernas e olhos trocados lia-o atónito
Tecia-lhe críticas no pasquim diário de domingo
Como se fosse algum catedrático jornalista sério
Um asno inteligente tal como o doutor incógnito
Lá pela rua, verão, a chuva caía pingo por pingo
E de quando em vez ia um soluçado impropério
Os carcereiros escroques lambiam-lhe uma letra
Agrilhoaram à vontade de ser livro vã vergonha
Deixando algumas páginas em branco sós e ocas
Matando liberdades que o pobre texto ali soletra
E lavando de lágrimas um verbo que se impunha
Nas mãos secas de juízes e outras gentes loucas
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma