Apetece-me hoje, amor, escrever-te,
A tua imagem tocar, sempre etérea,
Mesmo que o teu corpo alvo e sempre inerte
Apodreça igual a toda a matéria.
Venho aqui, melancólico, dizer-te,
Sob a sombra tumular e funérea,
Mil viventes frases num só querer-te,
Desta alma que foi tão pura e tão séria.
Num último testemunho também,
Sorvendo o bálsamo da luz eterna,
Que lhe cede a vida que já não tem…
Vai este corpo no féretro aberto,
Ao encontro de ti, esperançado,
Vivo e sedento, enfrentando o deserto.
07 de Março de 2007