Voa entre nós bendita uma ave errante,
Ao solstício do Verão que toca
Na porta de um pensamento migrante,
Que é o meu, que me consome e me evoca.
Indecisa entre montante e jusante,
Também eu sob esta luz que me foca,
Submisso à ideia tão dominante,
De ser o largo oceano a minha doca.
Cá estamos, pomba, andorinha ou gaivota,
Bichos de paz, Primavera e de mar,
Voando em redor da campa ao luar…
Fazem-no por era tão já remota,
Na hora em que tudo se esquece e se nota,
Com a angústia do Inverno a espreitar.
04 de Junho de 2009