Deixem-me ir nos braços mornos, que o Estio
Mandou mensageira a noite à cidade,
Disfarçado foi num beijo vadio,
Deixou uma carta à minha vontade.
Trémula estrela que me persuade,
Vi escaldante o teu corpo e despi-o,
Mas depois, mais sádico do que Sade,
Fi-lo cadáver e possuí-o frio.
Quem me impede de ir a ti, utopia?
Rasgar o teu ventre, melancolia,
Até mãos decepando, se agrilhoadas?
Maior liberdade é pensar que um dia,
Os vates das palavras sublimadas,
Verão frutos em formas nunca ousadas.
06 de Julho de 2010