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Espinhos

 
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Espinhos.

Com três anos de idade, ia com meus irmãos levar almoço,
Para os pais e irmãos mais velhos, que na roça capinavam,
Às vezes chorava, porque as formigas ferroavam meus pés,
E achava muito cumprido, o caminho em que se passaava.

Lembro-me que eu reclamava das picadas dos borrachudos,
E também, quando fisgava nos meus pés, alguns espinhos,
Quando eu passava pelo meio da roça e tropeçava em tocos,
Chorando, indagava: - Por que aqui o pai não fez caminhos?

Na volta para casa, eu lamentava que o sol estava quente,
E sempre reclamava pedindo água, dizendo estar com sede,
Pois, parecia que demorava muito, até à nossa casa voltar.

Hoje, lembrando o sertão inóspito em que as crianças viviam,
Comparando às mordomias que hoje os filhos se privilegiam,
É o mesmo que se pretender, a água ao vinho poder igualar.

Maringá, 30.11.07


verde

 
Autor
João Marino Delize
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/06/2008 18:39  Atualizado: 08/06/2008 18:39
 Re: Espinhos
Que realidade dura né, e muitos ainda vivem dessa forma...qta diferença social nesse país, fico pensando como o Brasil. sendo um país tão grande, possui tantas diferenças no seu cenário, de acordo com cada região. Será que resolveria dividí-lo? Não sei...reflexivo seus versos.