Depende do Poeta...
Nasce na noite perversa de frio
Um ínfimo arco-íris de fogo
Fazendo na neve branca
Um rio
(Quase invisível)
Que corre na alma branca
Da paz monótona
(indescritível)
Que era sentida.
Nasceu uma flor
Minúscula e rubra
Para ser regada
Sem dor…
Se algum dia será vista?
Só depende do poeta
E do seu amor…
Na calada da noite
NA CALADA DA NOITE
Esgueiro-me na noite, calada.
Meus olhos voltados para o céu
Trago em mim a morte atrelada
Nem me deixa saborear o que ainda é meu.
Neste Outono da minha ternura
Meu silêncio vem envenenar
O sono desperta e a noite é escura.
E eu apenas quero a Vida amar!
Já a saudade me roía
Eu a querer ir sempre mais além
Mas com estas velhas asas como podia?!
Sentei-me na noite como quem espera alguém.
Assim parados ficam meus anseios
O que se agita, se ouve, apenas o vento
Passam por mim devaneios
Num emaranhado enternecimento,
onde crescem flores e nascem sorrisos,
e aparecem novos sonhos sem avisos.
Nesta noite, perfume as rosas me dão
Já nem necessito olhar as estrelas
Arranjei modo de entender meu coração
Fantasias, loucuras, deixo-me a tecê-las.
rosafogo
Faço das palavras
Faço das palavras, a minha voz
das insubmissas lágrimas, o meu (a)mar
do meu inquieto olhar, a certeza
da vontade louca… de te tocar
mesmo sem te contemplar
Do tempo, faço um quadro
que escorre ainda, a frescura
com que pincelo a noite
de cintilante luar
e de ponticulos estrelas
remanescentes
do teu fulgente olhar
No céu paira o estranho pulsar
do sangue em reboliço, ardente
na longitude do além…
pujante na imensidão
do permanecer crédulo
nos limites ilusórios
da mente vivente,
em união
SER SÓ A BATIDA DO CORAÇÃO
SER SÓ A BATIDA DO CORAÇÃO
De manhã a luz reluz, sempre...
Às vezes em sol beligerante
Às vezes com chuvisco na rua
Têm o café, o pão em fatias, o mamão
Vez em quando têm à mesa, alegrias...
Em seguida é a noite que vem...
Às vezes nesga de céu nas nuvens
Às vezes meia lua, vezes outras, lua cheia
Tem a penca de estrelas, o piscar de vaga-lumes...
Tem tu, ávida, nua... Tem sim, quando em vez...
Quisera poder ser eu, de vez, noite e dia
Às vezes só onda de calor que irradia
Às vezes só calmaria ou bruto furacão
Ser um fogo que alumia, o sereno que esfria
Quando em vez, talvez, só batida de coração...
Gê Muniz
"Luz na madrugada" - Soneto
"Luz na madrugada" -Soneto
Das horas, o silêncio de repente posso entender
Vi no acúleo das palavras amarrado meu sonho
Destino impreciso, alheios ao meu frágil saber
E a luz tênue me impede de ver o futuro risonho
Adestro as linhas, e traço versos na madrugada
Como se pontos e vírgulas fossem sujeição à dor
Uso as rimas como escudo, me protejo desse nada
Faço pacto com as palavras, ato lúdico, sonhador
Porque esgoto todo o verbo nessa ânsia de alento
E como quem rege a vida, reputando o pensamento
A chama do candeeiro derruba a noite no horizonte...
Ainda que atras das nuvens, o sol reacende a crença
Molhando a claridade que impõe do dia, a presença
Traz a lucidez das respostas no calor de sua fonte...
Glória Salles
04 dezembro 2008
Santa Casa de Adamantina SP
03:33 hr
Agonia de amor
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“Almas juntas”
Somos duas almas que caminham juntas
A despeito dos ventos a nos fustigar.
Mesmo bebendo a nostalgia da noite
Sabemo-nos inteiros, a nos apoiar.
Ainda que trôpegos sigamos ruas incertas
E o amanhã seja uma grande surpresa
Somos o arrimo deste faz -de - conta
E mantemos a chama deveras acesa
Como límpidos leitos de rios, seguimos.
Nossa vida ganhando sentido é só bem.
E juntos olhamos das montanhas, além.
Acreditando sempre, ao infinito sorrimos.
Debruçando sonhos na tarde da memória
Porque nos bastamos nessa nossa historia.
Glória Salles
Inverno /2007
No meu cantinho...
Noite Escura
Noite Escura
Nesta noite gélida,
estarei em teus sonhos,
silenciando a louca
escuridão envolvente,
e sentir teu cabelo
em ondulante cascata
a cobrir o meu rosto
escondendo mil beijos
de acutilante desejo
a saciar algo de nós
chamado amor!
Lisboa, 15/07/2015.
"Pacto"
“Pacto”
É para você...
Guarde neste peito
Esquerdo, que pulsa mais forte, mais rijo
E a mão sobre a mão o deixa
Mais e mais quente
Peito que arde
Arde...
Guardo...
Como um pingente
De valor inestimável
Do qual só me separo
Com a morte...
Mechas douradas entre os dedos...
No peito largo e nú.
Abraçada forte e docemente
Sem rumo nem frente...
E lasciva a noite se alonga ...
Glória Salles
a noite leva o dia e eu posso sonhar
este súbito pensar de ti
penetrou pela rua
logo pela manha ao sair de casa
na forma de luz fosca do sol
encostando-se ao meu peito
e cambaleei o dia todo
atordoado pela ferida
que sangrou a toda a hora
à tarde quando entrei
espalhou-se pelo chão e paredes
a demorar o sofrimento
de quem ainda não tinha
sucumbido neste dia à vida
agora desceu a noite
e não temo mais a dor
aguardo em silencio
o rasgar desta ferida
nas margens de um pequeno rio
onde as estrelas vêem dormir
ao lado da minha alma
é mais uma noite
em que não queria despertar
porque a noite leva o dia
e eu posso sonhar