Para o ano vou ser pai

 
Para o ano vou ser pai! No mês passado começou a nascer e já nasce desde aí. Hoje soube que estava a nascer! Para o ano nasce e eu nasci hoje também. Para o ano vou ser pai! Um pré quarentão, mas pai! Para o ano vou ser pai... eu, pai e ela mãe. Ela também nasceu hoje... comigo.
Para o ano vou ser pai e hoje está uma noite que nascerá em todos os dias que por aí vêm!
Para o ano vou ser pai!
Nem estou em mim!

Manuel Saiote (Valdevinoxis)
 
Para o ano vou ser pai

Aurora

 
É o teu nome de apresentação
trazes esperanças de cetim
alegrias e ilusão
aos molhos para mim…

Cedo passeias o teu sorriso
de flor de jasmim
olhas-me de igual esplendor
e de indiferença
contundindo-me a dor…

Julguei-te minha
musa molhada de lágrimas
julguei-te…
história do meu imaginário
minha…
e (afinal) de toda a gente!

Outrora…
Já foste um olhar degredo
uma voz de solidão
um mar bem presente
e uma colina que ama no chão…

Aurora
Meu segredo…
minha rotina de ilusão
és simplesmente…minha
e da multidão!

Bom dia…
 
Aurora

Faz-me um poema

 
Faz-me um poema!
Sussurra-o ao meu ouvido,
Em segredo.
Abraça-me e diz-me
O que eu quero ouvir.
Beija-me!
Como se não houvesse amanhã
E nada mais importasse à nossa volta,
Como se tivéssemos todo o tempo,
E como se o nosso desejo não se esgotasse
Nas palavras que nunca dissemos
Mas que adivinhamos
Em cada novo verso,
E que sonhamos ouvir.

Faz-me um poema!
Mostra ao Mundo que me amas
E que me queres
Mais do que se deseja a vida.
Não te importes com a distância
Que colocamos em cada letra,
Em cada ofensa que não queremos dizer.
Não te canses de me olhar
Sem me ver.
E toca-me!
Mostra-me que existes
E que és muito mais que um sonho
Que eu criei no coração
Que tanto te ama.
 
Faz-me um poema

UM POEMA QUE NÃO ESCREVI

 
Tu és para mim
Uma vida que não vivi
Um amor que perdi
Um beijo que não dei
Um abraço que não tive
O calor que não senti
O gelo que não quebrei
Tu és para mim
O carinho que ficou
De uma vida por viver
De um amor por perder
De um beijo por dar
De um abraço por ter
De um calor por sentir
De um gelo por quebrar
Tu és para mim
De tudo o que perdi
Apenas
Um poema que não escrevi
 
UM POEMA QUE NÃO ESCREVI

NÃO ME ANALISEM

 
Não me analisem, não tentem descrever-me
À luz de velhos preconceitos e clichés,
Nem me critiquem por recusar conter-me
Nos vossos redutores quês e porquês.

Não sou eu que desrespeito definições.
Não sou eu que vou além do conveniente.
Sois vós, que nessas divagações,
Ignorais o que vos escapa, que é bem diferente!
 
NÃO ME ANALISEM

- Trazes-me o Mar -

 
Trazes o Mar nas pernas.
No teu leito um Rio apenas.
Traz-me o Mar e deita-o ao lado de mim.

Embala-me a vida...
Desagua o Rio que trazes até ao alto Mar de mim!

Marca-me muito!
Na pele deixa-me o rasto
...de todos os Rios...
... de tudo que no teu corpo corre...
... até mim!
 
- Trazes-me o Mar -

Livro em branco(para todos os lusos poetas)

 
Dizem que cresci, deixei de ser um miúdo para ser um homem. Já me aguento sozinho sem ajuda de ninguém. Até há quem diga que tenho picos de genialidade, nada de mais errado. Não sabem o que dizem, não passa de palavras mágicas, de ilusões, feitas através de palavras que escondem sentimentos.
Sou um mero errante das palavras, que mesmo sem saber um dia me cruzei numa esquina, numa tabuleta onde dizia entra. Alguém me disse entra, não tenha medo aqui vai se sentir em casa, aqui vai se descobrir, descobrir o poder das palavras. O mistério que se esconde por detrás delas. Folheei todos os livros, de todos autores desconhecidos, encantei-me devorei todos, até chegar ao último e perguntar não há mais?

O silêncio imperou e a voz ao fundo respondeu outra vez:
-Falta o teu!
- Mas eu não sei escrever, não sei o que é escrever, junto palavras, que formam textos e algumas pessoas dizem que até fica bonito!
-Eu era como tu, quando era novo, escrevia sem parar, filosofias, angústias, revoltas que atormentavam o meu pensamento! Para veres, até acordava durante a noite para escrever... Depois aprendi a poesia, foi amor à primeira vista, ela me adorou e eu a ela. Fazíamos tudo juntos, parecia que éramos um par de namorados loucos de amor. No fim descobri que também não sabia escrever, mas sabes o que ela me disse?
-Não, diz-me por favor...
-Não faz mal meu amor, podes até nem saber ler, podes escrever mal, mas desde que escrevas com sentimento e aos poucos indo corrigindo os teus erros... no final serás idolatrado, não por escreveres para a elite, mas sim por escreveres para aqueles que ouvem o coração....
-Mesmo assim...tenho medo de errar, de as tratar mal, de não conseguir ser bom com elas. Tenho medo de as magoar. Fazendo mais mal que bem...
-Ai está, tu mostras ter sentimentos, primeiro vais ter de cair, aprende as tratar com carinho, aos poucos elas vão se tornar tuas confidentes...
-Porque é que não tens aqui ninguém conhecido?
-O que é ser conhecido para ti?
-Aqueles autores famosos e conhecidos por todos, além fronteiras...
-Meu caro amigo, aqui se vais para ser famoso esquece, aqui só a gente desconhecida, gente que mal ou bem tenta tratar por tu as palavras. Alguns fazem magia com estas, outros transportam-nos para o mundo dos sonhos. Outros mostram o que é amor, aqui poderás não encontrar fama, mas encontras tudo o resto que nesse mundo nunca encontrarás...
-Como poderei dizer ao mundo, onde encontrar este canto?
-Basta que digas, que sigam as palavras, os sentimentos, vão encontrar de certeza, espero pelo teu livro, aquele em branco que nunca escreveste, que anseio ler, devorando todas as palavras, pois sei que és capaz...
-Obrigado por me teres dado o teu ombro, por teres tido orgulho em mim, de confiares um pouco e dizeres quem és mesmo não dizendo o teu nome. Agora sei quem és, apesar de continuar a ser um mero mortal, um mero amador, quem nem poeta, nem o escritor o é, vive agora com o coração cheio de amor, por um dia te ter conhecido.
-Não digas isso, eu sou um mero sobrevivente das palavras também, abraço-te de braços abertos, recebo o teu carinho e retribuindo igualmente com toda a força, agora que vais não te esqueças, és um amador, quem sabe nunca serás famoso, mas um amador cheio de amor e sentimento.
Parti com alegria e espanto, nunca tinha visto tanta alegria e amor, em palavras, não eram meras palavras mas sim actos, sentimentos bem reais, assim tinha a certeza que não estava a sonhar. Quando sai , olhei para a tabuleta e vi aqui é o cantinho do lusos poetas, embora não haja famosos, há muitos com vontade de amar e que amam de verdade a escrita. Foi assim que espalhei ao mundo este cantinho, onde realizei um sonho, o de escrever o meu livro em branco.
 
Livro em branco(para todos os lusos poetas)

Deus...

 
 
-Sim, tu que te chamam Todo – Poderoso!
Onde andas? Eu continuo-te a procurar!
Às vezes penso que não passas de um orgulhoso!
Gostas de nos manipular a teu belo prazer, sátira forma de gostar!

Ensinaste o homem a amar, a odiar!
Mas não o ensinaste a perdoar!
Deste os intrumentos, mas não ensinaste a os usar!
Onde andas que eu continuo-te a procurar?

Dizem que estás em todo o lado.
Porque só vejo sangue, morte, guerra?!
Um dia acreditei em ti, fui apaixonado!
Idolaterei-te, agora só te peço que desças à terra!

Vem ver por ti próprio a realidade.
A tua bela obra-prima, vê como está a tua criação!
Mas confesso que tenho saudade…
Quando te ouvia e batia mais forte o meu coração!
 
Deus...

As tuas linhas

 
As tuas linhas
 
És mulher que vem assim, em nuas linhas
Se abrindo só para mim, são todas minhas
As palavras de prazer em que me roço
Deste o ventre até à linha do pescoço

És presente em cada letra, a conta gotas
Vens a mim insinuando as mãos marotas
E em cada verso e laço que eu desenlaço
Vou sorvendo, relendo cada pedaço

E cada pausa, cada virgula entrecortada
É um suspiro que tu dás aliviada
É uma língua já cansada de entreter

Mas logo abaixo outros gestos adivinho
E me apresso a desvendar esse caminho
Que só tu, sendo mulher, sabes escrever
 
As tuas linhas

Quero-te...

 
Estejas onde estiveres, nesse mundo fantasia, quero-te nas profundezas do amor e nas intimidades do acto consumado, para que saibas que a paixão é um mero caminho para a consolidação dos corpos extasiados pela magna noção da épica condição do Ser.
Quero-te… despida de preconceitos na magia do luar que abrilhanta a nossa condição de dois amantes da vertente lunática do mundo que gira em movimentos iguais, e nós, em gestos ritmados fugimos a esse mundo em viagens lunares como dois… elementos da terra prometida. Procuramos, em segredo, construir o nosso próprio…paraíso.
Quero-te… sedenta de palavras, as que embalo para oferecer-te como uma flor ou como um castelo para que possas viver nesse mundo principesco das maratonas da fantasia.
Ainda que o tempo, esse marasmo que se apodera das nossas horas perdidas nos afaste dos nossos desejos, nos invada com barreiras reais que a vida nos faz nascer, ainda que os atropelos possam protelar a nossa conquista feita de persistência, ainda assim, quero-te… enquanto souber que poderás existir escondida num corpo qualquer, enquanto sentir que também me queres, Musa vestida de amor, despida pela carícia cor do sol, serás o meu luar das minhas noites de solidão, enquanto o nosso caminho não se cruzar na utopia do segredo em sequencias mágicas que adornam o nosso querer.
Quero-te … Musa vestida de poetisa nesse corpo de mulher!
 
Quero-te...

- O Início de Mim -

 
Quero ouvir-me na tua boca.
Quero ter por língua a tua voz por escrever!

Se não o dissemos quase não chegou a existir!
O que não dizemos não faz falta!
Mesmo os nossos nomes...

A palavra mudará,
e eu mudarei com ela...

No dia em que se der o meu início,
nem eu cá fico...

Serei o guardião dos dias que não vivi...

No início de mim serei o único que por cima de mim me sento, por cima de mim me vejo...

Só por cima de mim me sinto!

No início de mim caminho dentro de mim ainda,
até ao dia em que nasci...

No início de mim serei meu Santo, meu Santo...

No início de mim não haverá nada...

Nem norte, nem sul...
Nem direita, nem esquerda...

Acima de tudo no início de mim não haverá gente...

No início de mim que me abram os olhos com que vos dormi...
E diz-me, diz-me muitas vezes: dito por ti soarei melhor!
 
- O Início de Mim -

Falta-me a essência

 
Falta-me a essência

não vês que sou apenas pó
por entre o cerco dos teus dedos
e que devagarinho vou caindo
na areia que te cobre os pés

não vês que sou apenas gota
num oceano imenso de encanto
e que vou evaporando
junto ao ar que expulsas

não vês que sou apenas tinta branca
nessa paleta que guardas incompleta
e que vou pingando
sobre as tuas mãos

não vês que me faltas tu

para me tornar colina em corpo de mulher
mar de emoções transbordante
que explode em sentimento rubro por ti

não vês que és essência em mim

Vera Carvalho
 
Falta-me a essência

- Veste a Boca de mim -

 
Espera-me
Como ao fim de uma dor…
Quase a noite
Água, corpo e odor…

Sê a rua
Que vai do mundo até mim
Ou a música
Das coisas sem fim

Veste veste
Veste a boca
Com a minha
Tão aqui
Veste a boca
Veste a boca
De vermelho
Ou de mim...
 
- Veste a Boca de mim -

CIRANDA DOS AMIGOS....PALOMA STELLA....ARY BUENO...PAULO AFONSO

 
Amigos[as], vamos fazer uma Ciranda de Trovas, participem, basta deixar no comentário a trova, que eu posto abaixo . Coragem amigos[as], vamos trovar. Um abração do Ary

Fizeste uma linda oração.
Em forma de amor.
Que expressa emoção,
Até com um pouco de dor.
[Paloma Stella]

A dor e toda a nossa emoção
São expressão de um sofrer
Tudo trazemos no coração
Enquanto de amor se viver
[Ary Bueno }

Oh! Vida inerte simulada
Entre a emoção estendida
E a paixão disfarçada
Que esconde a despedida!
(PauloAfonso)

Dispeço-me em canção,
Da forma que conseguir.
Da mais bela oração,
Que eu pude construir.
[Paloma Stella]

Feliz me fez tua presença Paloma
Com versos de encantamento e luz
Com a canção, que ao coração doma
E a oração, que encaminho a Jesus.

[ Ary Bueno ]

Melhor ainda és tu Ary Bueno,
Que encanta com sua simpatia.
Agradeço também ao Paulo Afonso,
Que escreve com tamanha maestria.
[Paloma Stella]

Ao Paulo Afonso,poeta e bom amigo
Deixo minha amizade ao seu dispor
Pois seu verso, fica sempre comigo
Como lembrança do grande trovador

[Ary Bueno ]

Desculpe a intromissão,
Gostaria de me apresentar,
Pois é costume e tradição,
Bater a porta antes de entrar...

Paloma e Paulo e Ary,
Confesso-lhes que não sou um trovador,
E que gostaria de ser conhecido aqui,
Simplesmente como “O poeta da Flor”...

[ Paulo Afonso ]
" O Poeta da Flor "

O poeta da flor, meu irmão
Nada tens você a se desculpar
Pois esta casa, é meu coração
Que a todos amigos pode abrigar

Neste jardim de amigos, serás conhecido
Pelo cognome, que fala, de beleza e cor
De algo precioso, por Deus, a nós oferecido
E serás sempre lembrado como " O Poeta da Flor"
[ Ary Bueno ]

O Poeta da Flor,
Pode não ser um trovador,
Mas é meu querido anjo e amigo.
Aqui és muito bem vindo Marco,
Se intrometa assim sempre.
Sua poesia vem nos deliciar.

[ Paloma Stella ]

Depois desta trova ler, com amizades concretas
Ganhei coragem e decidi escrever
Agradecer a todos os amigos poetas
A oportunidade que me deram de “crescer”

(Lúcia Machado)Amarantes - Portugal

Seu crescimento é real, poetisa de valor
Nós, é que a ti agradecemos, por teu verso.
Escreva sempre, com ternura e muito amor
Com coragem enfrente os desafios, do universo

[ Ary Bueno

Poeta nunca fui, nem serei.
Tarde comecei a escrever.
Abriram-me os braços, aceitei
E é com vós, amigos, que vou aprender.
(A. da fonseca)

Tu ja nasceste um poeta de valor
Sinto ao ler o que você escreveu
Pois teu verso exprime com amor
Todo o talento que Deus te deu
[ Ary Bueno ]
 
CIRANDA DOS AMIGOS....PALOMA STELLA....ARY BUENO...PAULO AFONSO

Sedução e Saudade

 
1
Sedução
Seduzo-te!
Com a mente aqui presente
A tua majestosa realeza
Mesmo longe e ausente

Seduza-me!
Com esse olhar matreiro
Com sua forma de se dar
Com seu jeito tão brejeiro.

Seduzo-te!
Nesse sonho de te amar
Peço, rogo que me dê
Todas ondas do seu Mar.

2
Essa noite senti saudades de ti nas poesias
De assistir meus dedos dançarem por você enquanto escrevo
Tirando o peso do peito, acalentando a alma
Deixando a vida mais branda e a mente mais ativa
E o sorriso mais leve
Entrego à poesia todo o peso que carrego nos ombros e costas
E deixo pras minhas linhas tortas o fardo de carrega-lo pela eternidade nas reticências
Nosso caminho é livre e traçado pela paixão

Te procurando assim, mas não encontrei... Tem não?
 
Sedução e Saudade

Pedido ao Tempo e à Vida

 
Leva-me daqui
Para longe, para bem longe
Mas
Para perto, para perto do que nunca vi.

Preciso de algo novo para viver,
Um novo ar para respirar,
Que sei que está longe,
Mas
Perto, perto de onde me vais levar.

O céu já não irradia cor,
As nuvens taparam-no por completo
Mostrando a imagem de um mundo sofredor.

Leva-me rapidamente
Por favor,
Já não consigo viver perante este cenário desolador.

Leva-me
Para longe, para bem longe do que já sofri.
Mas,
Para perto, perto do que nunca senti.
 
Pedido ao Tempo e à Vida

A saudade alimenta-se de mim

 
Fecho os olhos e toco-te...
Quase te alcanço
Na distância dos dias
Que passam, sem te ver.
Sei de cor os traços do teu rosto,
As linhas subtis
Que marcam cada sorriso.
Conheço cada gesto
Como se fosse meu.
E no entanto,
Os dias passam
E a saudade alimenta-se de mim,
Corrói cada centímetro
Da minha pele,
Cada milímetro
Da minha alma...
O coração?
Esse já não existe!
Foi contigo...
 
A saudade alimenta-se de mim

o protesto

 
amordaçaram
a verdade

calando
minha voz,

o rio
como protesto

já não desagua
na foz.

João Videira Santos
 
o protesto

Poemas de ti (V)

 
Certeiro o olhar
com que te vejo,
engano
de quase te ter
e me fugires,
como o vento que roda
nos meus dedos,
e se escapa
sem nada para dizer.
Macera-se a tez
na caminhada,
muda de tons e de expressão
e quando te sente
na chegada,
volta-se
perde-se
transfigura-se.
E é de luz
que agora brilha,
deslumbrante, enamorado.
Resplandece o coração
nas memórias do teu cheiro,
do teu corpo permitido,
este desejo
embrenhado
solto, doce, sublime,
de ao menos
te ver
te desejar,
de ser tão teu
como a sombra da verdade.
 
Poemas de ti (V)

… no desalento, morri ontem

 
Não encontro as ruas do teu corpo
nem tão pouco as rugas onde te escondes
das sombras viscosas da vida.

Na deriva de açucenas boreais
acenas-me vaga-lumes de memórias,
em gestos baços onde se jubilam feras
encovadas em orbitas de algozes e carrascos.

Nos pomares de frutos empedernidos
asas de borboleta projectam-se encharcadas
e luzidias em sussurros sinistros.

Nos montes há muito que se calaram as cotovias
e as cigarras mudas entoam-se no bater das horas
dos pêndulos desajustados dos nossos dias.

Corcunda, a madrugada, rasteja-se na fuligem
aniquilada de um vento…

… no desalento, morri ontem

carcomida p’lo gorgulho e o caruncho,
no acre húmido e pardacento
do desfraldar de asas retorcidas
de pássaros decrépitos e decadentes,
tombados das pernadas arrancadas
às arvores, por si já feridas.
 
… no desalento, morri ontem