Poemas, frases e mensagens de GabrielsChiarelli

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de GabrielsChiarelli

Desconfortável como Dante

 
E a vida continua,
como uma festa,
incapaz de ouvir a música
mas continuo dançando
como um boneco de cera
sem demonstrar emoção,
dormente,
mãos geladas
e pupilas dilatadas,
estou cansado
não vou mentir
mas esse é o caminho que apenas eu me machuco,
degastado pelo tempo,
tenho sorte de quando fecho meus olhos e durmo.

Já não me sinto tão à vontade assim
sendo superficialmente algo que eles gostariam que eu fosse,
mas com a verdade
eu seria expulso de seus paraísos,
expandindo assim meu inferno,
vivendo como Dante,
sem o Virgílio para me acompanhar,
morrendo aos poucos
a cada portão que avanço,
até que as chamas se tornem visível
e não haverá personagens que suporte o calor.

Um calor verdadeiro
um abraço apenas.
 
Desconfortável como Dante

Tudo cairá em um esquecimento

 
Tudo é passageiro,
o que são alguns míseros anos
em relação a eternidade do esquecimento?
Nada é tocável,
tudo escorrerá pelos meus dedos
como um punhado de areia,
o vento passa
espalhando cada grão
e cada grão se limitará ao nada,
as estrelas são o passado
do nosso presente,
nós somos o passado
de um futuro presente,
escorregaremos entre os dedos
do universo,
um universo ao qual é governado
por deuses carentes.
 
Tudo cairá em um esquecimento

Esse poema possui a mesma essência de todos os outros, isso me cansa

 
Hoje eu acordei cedo,
a tempos não consigo dormir bem
preso em uma rotina de sentimentos vazios
cansado
desacreditado,
escrevendo poemas melancólicos
todos com a mesma essência,
pensando o quanto não quero mais viver
mas não quero morrer também.

Nenhuma emoção
tudo tão sem graça
mesmo eu me aproximando cada vez mais do que realmente quero,
que é ser reconhecido pelo que escrevo.
Preso a prazeres fúteis
me aproximando cada dia mais da foice,
já sinto a dificuldade de respirar
é isso que me mantém,
sem amor
sem calor,
esperança
sem amor
abraçado e deitado com o ceifador em uma grande cama coberta por tulipas.
 
Esse poema possui a mesma essência de todos os outros, isso me cansa

Tudo que eu queria

 
EU QUERO SACUDIR
O MUNDO
GRITAR COMO UM MALUCO
QUE ACABOU DE DESCOBRIR
QUE REALMENTE ESTÁ LOUCO,
EU QUERO QUEBRAR
TODOS OS PÉS DAS CADEIRAS
COM VIOLENTAS
CANELADAS,
EU QUERO ME DEITAR
EM UMA CAMA DE FLORES
E SOCAR O CÉU
E AS NUVENS
E POR FOGO NO INFERNO,
EU QUERO, COM UM LANÇA CHAMAS, DERRETER TODOS OS ICEBERGS
E BEBER TODAS AQUELA ÁGUA
E VOMITAR
E GRITAR
E CHORAR
e te abraçar…
um abraço apertado
assim eu não precisaria
sacudir o mundo
pois eu estaria com grande
parte dele
em meus braços.

Porém, me parece mais fácil
fazer tudo isso
que falei
anteriormente.
 
Tudo que eu queria

Lírios

 
Mais uma longa noite,
sentindo o vazio dentro de meu tórax, como se tudo fosse um grande buraco negro, me incapacitando de sentir.

Quero me esconder dentro de uma caverna, ao ponto de minhas pupilas se
ferirem com a luz e que minha pele derreta.

Penso em me afastar
me esconder
para chorar
inundar alguma vala e me afogar,
perdi a definição de sombrio
se tornou o casual,
perdi o apego por minha alma
me vendo no próximo leilão.

Morto por dentro
sou meu próprio caixão
com lírios caídos em poças de lágrimas.
 
Lírios

Glock

 
Sinceramente, não sei
talvez escrever não seja a solução,
me pergunto como isso pode dar certo
e porque continuo tentando.

Uma cova vazia
sem inspiração
toda ideia que nasce
morre com o passar do tempo,
solo infértil
que nada sustenta
minha casca esta de pé
mas a fonte… não sei.

Tento ler,
as palavras estão embaralhadas,
imagino toda a cena deformada.
Me aventuro a escrever
mas a tempos não cai uma gota de água
nesse posso, já se parece uma cova,
o despejo de ideias
que foram assassinadas
com dois tiros de glock
e o autor dos disparos foi o desanimo.
 
Glock

Um belo guardanapo sobre o colo

 
O trafego continua,
intenso, raramente contendo alguma variação
e mais raro ainda é quando uma variação é pra melhor.

Essa noite estacionei por um momento
abastecido de esperança
com o tanque furado,
percebi que as portas estavam trancadas
e ela passava,
tudo estava para dar certo
mas eu estava preso
e a cada pequena quantia de oxigênio
o arrependimento me sufocava por não fazer nada,
COVARDE!
As janelas não se abriam e o sinto de segurança me prendia,
tão perto, e eu com o rabo entre as pernas, cheio de ódio
quem dera coragem.
As chaves estavam em minhas mãos
eu poderia ter destrancado a porta,
me limitei a não dizer nada,
o sinto não estava ao menos encaixado
um movimento mínimo e eu perceberia que era capaz de me mover.
Tudo isso por eu acreditar que daria errado
por eu ter me acostumado com tudo tão errado.
Sufocado
morrendo por dentro, tão sedo
sendo devorado vivo,
assistindo a carnificina de migalhas
com um belo guardanapo sobre o colo,
para limpar as mãos.
 
Um belo guardanapo sobre o colo

Outra noite

 
Lá se foi,
uma noite mal dormida,
ansioso, achando que alguma novidade viria a acontecer.

No decorrer das horas descubro que é apenas mais uma decepção,
bebendo a representação do sangue de Cristo,
vomitando pregos e cruz.

Outra noite
enrolado em cobertores
internamente com frio,
esquecendo a cada dia a definição de emoção,
buscando me aquecer em abraços falhos e superficiais,
algo meramente passageiro.

Outra noite,
deitado com a fria tristeza de cada dia.
 
Outra noite

Ida ao cemitério

 
Eramos quatro caixões
ambulantes
naquele cemitério,
o céu estava como uma palheta
um tom de azul e roxo e laranja
e branco,
os mosquitos enfrentavam
um grande tráfego aéreo
eramos como torres gêmeas
e seus mosquitos camicazes.

Compramos casquinhas de sorvete
caminhamos e nos sentamos
em um banco
a beira rio,
pouca conversa
e voltamos
cada um para sua respectiva casa,
nenhuma palavra foi pronunciada
um silêncio que por vezes
me enlouqueceu
e eu tentei quebrá-lo,

“ Tove Lo – Habits”
me recebeu ao chegar em casa
e por momentos
achei que teria sido
bom acariciar seus cabelos
olhar em seus olhos
e sentir sua respiração
de encontro a minha,

um cachorro comia um grande osso
e o barulho dos ossos
de nossos corações se esbarrando
o assustou.
 
Ida ao cemitério

Brilha brilho

 
Em noites em que o sereno
é melancólico,
o clima frio e seco,
os bancos estavam molhados
a lua brilhava fraca no céu
e eu olhava seus olhos
cheios de lágrimas
brilhando como um conjunto
de estrelas,
suas mão balançando
e sua respiração profunda
sentindo o peso da angustia
em seus pulmões.

Eu me senti importante
e preocupado
e com medo,
medo de não saber
até que ponto esse desespero
podia te levar,
meu coração acelerou
meu peito gelou
minha garganta gelou,
no fim a lua ainda brilhava
um brilho fraco
mas tive o privilégio
de não precisar de olhar para o céu
para poder ver algo que brilhasse,
pude ver seu sorriso
seu tom de voz mudando
seus olhos sorrindo juntamente
com a boca,
uma verdadeira disputa de brilhos
que brilha
no brilho
do fundo dos meus olhos
quando me recordo
do som da sua risada
ou quando penso que fui útil
em te fazer se sentir melhor.
 
Brilha brilho

Vinte de março e dois mil mitos

 
Me assustando no hoje
vivendo os dias como
se eu já estivesse derrotado.
É como me sinto. Parcialmente.
Bebo alguns litros de cerveja
e começo a duvidar
sobre o que é real.
Não é possível que tudo
o que acontece comigo,
ao meu redor, seja real.
Me absorvo entre fumaça
e neurose. Beber é como
cair na realidade. Porque ainda
estou aqui, me sentindo tão merda
enquanto dias que por muito tempo
sonhei, são reais. Mas porque tive que
me perder em meio a tantas batalhas
e entendimentos
sentimentos mortos e conformado.
Agora não consigo me encontrar,
não sei dizer nenhum motivo para
eu não estar aqui, simplesmente cair fora,
a não ser o medo de fazer as malas.

"Eu queria sentir o cheiro da chuva
mas o único cheiro que consigo sentir
é: o de morte que vem desse seu cigarro."
Reclamou Denys.
Dei mais alguns tragos e
joguei o resto em uma possa
qualquer.
Olhando para as ondas
que as gotas faziam
ao cair nas possas. Chovia.
Pensei: mesmo não gostando
de holofotes tenho que deixar
de ser um qualquer, para encher
minha barriga
para viver do que me faz vida
e vender algumas boas palavras.
 
Vinte de março e dois mil mitos

Apenas consideração

 
A desconhecida angustia desapareceu por um tempo,
restou um vazio que me reflete, mesmo eu sendo incapaz de me reconhecer e saber quem sou eu.

Me desculpe, fui muito otimista.

Acabei mentindo, não era minha intenção.

Tudo que escrevi
tudo que falei
foi de verdade
e do mesmo modo que foi de verdade
aquilo tudo se foi
ou me foi revelado que nunca esteve ali.

Percebi que as teias já se acumularam e uma estaca de madeira não me atinge mais.

Ando me aquecendo nesse inferno,
permaneço frio
com olhos caídos e apáticos
fora da realidade
pra suportar a realidade.

Não estou me lamentando
isso é apenas consideração,
uma leve culpa
pela falta de culpa.
 
Apenas consideração

Gaiola

 
A falta de sono
é apenas mais um detalhe,

sedado.

Os pensamentos estão
difíceis de organizar,

me sinto como uma gaiola
que é abitada por apenas um pássaro
sem penas na cabeça
e no pescoço,
um pássaro que sabe
que é inútil tentar
voar em um lugar
tão apertado
e quando alguém se aproxima,
se debate por todos os lados
da gaiola
e quando todo
momento de estéria
acaba
resta apenas dores
e solidão.

Repousando
esperando o tempo passar
e o maior problema
está em eu não conseguir sentir
quase nada ultimamente,
essas grades estão me sufocando
não queria nem ao menos
escrever isso
mas se tornou uma necessidade
não um querer,

tudo o que eu vejo
são outras gaiolas
vazias
ou com pássaros
igualmente ao meu
ou até mesmos piores.

Seus lábios secos
o superior grudando
no inferior de uma forma delicada
enquanto você ria
tomaram conta dos meus pensamentos
fazendo com que esse pobre pássaro
se debatesse um cado,
está doendo um pouco
e a solidão
não é uma companhia
que eu já não tenha
me acostumado.
 
Gaiola

Sinto

 
Numa madrugada gelada
preciso sair e tomar um pouco de ar
não pensar em nada
e apenas observar
o não movimento nas ruas.
Sinto que estou com medo dos sentimentos
mas a ausência do sentir
me assusta com o tempo,
sinto que a um cinto
preso em meu tórax
que me aperta
dificultando a passagem de ar para meus pulmões.

Tudo se parece como um bom banho quente
só que a resistência do chuveiro sempre está queimando,
a água gelada vem me envolvendo em um abraço frio e solitário
me trazendo a tona
em uma realidade não tão agradável assim
mas o sabonete ainda está no meu corpo
então apenas me entrego
até que esse abraço não seja mais necessário
até que a água volte a ficar quente por um tempo
até que eu encontre quem está sabotando meu chuveiro
ou até que eu descubra que não a nada agindo por detrás de tudo isso
e que tudo é predestinado a ser assim.
 
Sinto

Sucesso ou não

 
Um buraco negro
no lado esquerdo
que em instantes
me mostra o vazio,
me faz sentir vespas
em meu estômago
em vez de borboletas.

Já me acostumei
a não ouvir tanto
minha voz,
por outro lado
sou atormentado
pelos meus pensamentos
e suas provocações,
hoje o frio me obrigou
a abotoar os botões
do meu casaco,
o sereno soava
como formigas
fazendo sapateado
sobre o guarda-chuva,

longas caminhadas
são boas para
se manter em silêncio
e evitar qualquer interação
pois as pessoas não vão
querer me incomodar
já que estou indo a algum lugar,
estou apenas andando
até que minhas pernas
se esgotem,
estou apenas respirando
até meus pulmões
fiquem negros,
me distraio observando
todos em suas rotinas
tão destemidos e determinados,

os movimentos dos carros,
as pombas e suas migalhas,
o ser humano em suas migalhas,
as nuvens se escurecendo
e o começo da chuva,
a primeira gota a cair
em minha pele
como uma pequena
agulha gelada,
o gato ronronando
no meu colo
apoiando sua cabeça
em minhas mãos
como se ela fosse
algum travesseiro.

Não sei porque evitei
tanto olhar
para esse caderno
nesses últimos dias,
foi como uma prisão
de ventre de minhas
angustias e criatividade,
mas agora que meu braço
começou a se enrijecer
eu já me sinto mais leve,
um pouco
mais realizado,
aliás foi mais
um parto realizado,
com sucesso ou não
fora apenas
mais um.
 
Sucesso ou não

Ficou tão difícil tirar foto

 
E mais uma vez
aguardei o reerguer
das estrelas
para eu me sentir
um pouco mais
a vontade.

Permaneço no escuro
olhando para um ponto
fixo,
com a mente vazia,
quem sabe
assim, eu não me torne
um com toda essa escuridão
e apenas pare de sentir.

Uma vontade...
apenas não existir
e ainda me pergunto:
em que ponto a existência
se tornou um fardo?
Me deito
e me abraço
envolto na coberta

me frustro
e dou de encontro,
novamente,
como em uma cela
de tortura,
com a solidão

tudo tão vago...

a chuva molhava meu cabelo
e meu rosto

gelada como o resto
da nevoa que vem
dominando o que antes
costumava ser um belo
e ensolarado
campo florido.
Um temporal
um diluvio
sem chuva
sem calor

a um tempo.

O médico disse que as extremidades
dos meus dedos
são muito geladas,

o único calor que venho
sentindo
é da brasa do charro
quando o seu fim está
próximo,

acabo ansiando
que tudo esteja
próximo do fim
também,

apenas outro pensamento
negativo,
alguns eu nem sei o motivo
mas sei que eles estão ali,

continuo me esgueirando,
me esforçando ao máximo
para não proporcionar
o que eles querem ver,

ficou tão difícil
sorrir em fotos.
 
Ficou tão difícil tirar foto

Castigo

 
Uma noite fresca e agradável
copos atrás de copos
e fumaça.

Acompanhado, mas me sinto sozinho
uma necessidade de ser preenchido,
uma carência,
tudo se tornou tão superficial.

Baixo nível de consciência,
algumas palavras e um desabafo subliminar,
me identifico com alguns.

Me calo e deito
música alta nos fones.
Não consigo fechar meus olhos
deitado nas chamas
mas permaneço frio.

Somos o castigo de Deus
e Deus o meu castigo,
apático, já não sei como demonstrar feições: “você tem um rosto de nada”
é tudo que sei sobre mim no momento.

Apaixonado por todas, mas não passa de uma carência superficial.
Me arrependo
mas não quero voltar atrás
tenho medo
medo por você,
você me faz falta
mesmo sendo inócuo a mim
a qualquer momento… eu não sei.
 
Castigo

Observando da neblina

 
O vento era constante
acariciando meus cabelos
com seu toque gelado,
as estrelas brilhavam
entre as nuvens
em um céu opaco,
a escuridão era envolvente
e o silêncio…
solitário.

Doses de apatia
em longos debates
mentais
que me desgasta m,
lata atrás de lata,
fazendo neblina,
abitando em meio
de fumaças turvas
e densas.

Eu observava dois cachorros
entediados
dentro de uma varanda
onde, provavelmente
eles já conheciam
cada centímetro,
onde nada de novo acontecia
e tudo que restava
era ficar deitado
esperando que alguém
interagisse com eles
ou que algum pássaro
perca o controle de suas asas
e acabe caindo dentro da varando
proporcionando assim um pequeno
aperitivo de novidade.
 
Observando da neblina

Rede de proteção

 
Assisti partes de uma entrevista
com Bukowski,
com seus olhos caídos
e uma fala lenta,
falando sobre mulheres
e como a vida é ordinária,
criticando o modelo de vida
mesquinho que todos nós
somos moldados a levar.

Trabalhando oito horas por dia
natal e ano novo,
trabalhando e trabalhando.

Estou um tempo sem ter contato
com mulheres
me tornando um ser assexuado
com a mente sempre
lotada de pensamentos
escrevendo
querendo garantir
o pão amanteigado
no futuro
de uma forma
que me custe menos tempo
menos esforço
sem preocupações
com horários
ou com um chefe,
muito menos com colegas
de trabalho.

Um lobo solitário
escrevendo livros
em uma casa simples
a beira mar
bebendo vinho
e um bom charro sobre a mesa.

Sonhando alto,
não me preocupo
se a queda será alta
já não sinto dor
caso eu venha a descobrir
que ainda sinto, posso fantasiar minha mente
achando que haverá uma rede
de proteção caso ocorra a queda,
assim tudo estará bem.
 
Rede de proteção

Abutres emocionais

 
O barulho do ar-condicionado
era minha trila sonora,
um frio aconchegante
e solitário,
deitado de bruços
apreciando a curva
da sua cintura,
era apenas alguns metros
e meu peito ardia em chamas,
um sentimento
que sei que não deve
ir pra frente
mas que continua crescendo
e crescendo
me rasgando por dentro
como um haraquiri
que expõe meus órgãos
e alimenta os abutres emocionais.
 
Abutres emocionais