Poemas, frases e mensagens de luna1

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de luna1

Desejo

 
Desejo a noite de todas as luzes
na cidade das colinas,
breve adormecer
sem sono.

Percorres-me o corpo com o olhar
as mãos,
e o teu corpo
numa pressa com demora,

a tua boca na minha boca
no meu peito em mim,

como se o limite fosse o céu
e a imaginação o limite
para um t(r)ocar de corpos
trémulos
e ritmados
numa explosão de sentidos sem fim.

Por fim a calma regressa,
num descanso apressado.

Perguntas-me em que penso.
Não penso.
Só te sinto.
Num abraço quente que desejo sem fim.

O tempo esgota-se.
São horas de regressarmos a casa.
 
Desejo

Azul

 
Azul

Penso-te em princípios de azul, agora que parece que regressaste,
embora só parte de ti se dê
em momentos de puro magnetismo,
embora pareças flutuar no meu dia a dia em que te desejo e sinto trémulo
e ao mesmo tempo seguro, indestrutível,
as tuas mãos nas minhas, o teu olhar que me trespassa e me eleva…
...sabes-me sempre a pouco
e neste momento desejava estar contigo por aí,
num passeio sem regresso,
alguma música, velocidade, o teu olhar em mim
e eu sem saber que fazer com o que sinto,
esta leveza e transe em que fico, quando me olhas,
o prazer quando me tocas,
esta alegria sem fim,
por saber que me pensas e que me queres…

A tua voz acalma-me numa tranquilidade quase celestial.

Mas não sei se sentes como eu,
eu que adormeço a pensar-te
e acordo a tentar esquecer-te no dia a dia sem horas,
quando não sei de ti,
nas madrugadas tardias em que a tua imagem se recorta incerta, no meu tentar adormecer.

Então escrevo-te, para libertar em palavras o que não consigo em lágrimas.

E sem saber esperar, aguardo-te.
 
Azul

A duas mãos

 
Gosto do sabor adocicado
desta dependência
que sinto por ti.

Provo-te e coloco
a teus pés
o elogio da surpresa
que paira
em cada beijo teu,
macio e quente.

Sinto-te a pele
num estremecer
suave breve
sinfonia lunar
de risos e gargalhadas
com que me olhas
curioso,
pelo meu gesto
seguinte em vazio
na espera,
em segredo guardada.
Revelo o segredo
com que
me tens mantido
em suspenso
no aconchego
dos teus lábios
macios, sedosos
e perfumados
e acalmas o calor
do meu corpo
para com ele partires
na tua viagem
pelo interior
da imaginação,
onde espero
de ombros nus
o toque da
tua face
serena e alva

Olho agora o
horizonte infinito

Lágrimas de rio
desaguam em mim
Breve acordar contigo,
numa despedida
sempre anunciada
de um amor antigo

Tocas-me e
despertas-me
em aromas, côres e
sabores por inventar,
as madrugadas tardias
melodias intemporais
noites de luar,
palavras proibidas
uma cidade perdida
assim eu,
até te encontrar.

( Anónimo & Luna)
 
A duas mãos

Viagem interior

 
Branqueio os teus olhos
com os salpicos salgados
que retiro da crista das ondas
que fazes rebentar no meu peito.

Absorvo a espuma das tuas ondas de prazer
banho-me na viscosidade da pele
em tormentas de um vai-vem intenso
de odores agridoces.

Retiro os meus dedos de ti,
que penetram o teu corpo
enquanto escreves
e saboreio a paixão para me inspirar.

Desenho-te letras nas costas
enquanto a tua língua me penetra
intensa
em movimentos constantes
de saliva e líquidos de gemidos
que transformas em gritos
sem respirar.

Mergulhado em ti saboreio-te,
demoradamente
enquanto as tuas coxas me aquecem as orelhas
sabores ácidos,
básicos
ou neutros,
paro e recomeço,
penetro-te
e saboreio-te alternadamente
enquanto vou vigiando
os sinais emitidos pelos teus olhos
que me dizem constantemente
que sim e que não.
 
Viagem interior

Amar apaixonadamente...

 
Reencontro-te em Praga.
Estou acompanhada por um jovem que desconheces. Finges que não me vês, mas percebo que ardes em curiosidade e ciúme.

Segues-nos até ao restaurante, depois pelas ruas, que há anos percorremos juntos, quando jurámos amor eterno, que o foi enquanto durou.

Estranho encontrar-te ali...Será que alguma vez regressaste? Será que te vieste embora, no mesmo dia em que te disse que não te amava? Tu que me querias ensinar o que era o amor. E em Praga.

Mas eu, embora mais jovem, acho que sabia mais de paixão, que tu de amor. Ou pensava que sim. Porque ainda hoje não tenho a certeza.

Passeio-me com uma paixão jovem, para me esquecer que envelheço. Olho-te e continuas com a mesma aparência, apesar da diferença de mais 20 anos de idade. Olhas-me, procurando em mim, a pupila de outrora, apaixonada pelo mestre, que queria ensinar o amor, enquanto nos dávamos em paixão.

Olho-te. E recuo no tempo.

Que será que farei a seguir?

(continua)
 
Amar apaixonadamente...

Ambassador Zlata Husa Hotel

 
Tento um esquecimento.
A mão do jovem que me acompanha ensaia um gesto atrevido, como que a lembrar-me, que está ali. Puxa-me para ele, molda-me ao seu corpo, sinto-o excitado...
O ciúme excita?
Correspondo, com um atrevimento que o surpreende: descalço-me e toco-o por debaixo da mesa, até quase ao clímax.Aceito o beijo apaixonado do meu jovem companheiro.Esboças um gesto de enfado, chamas o empregado e sais.
Por momentos não sei o que fazer.
Debato-me ente o Querer e o Dever (numa luta antiga, que nunca me deu tréguas).
Entretanto perdi a fome. Acuso uma indisposição, o meu namorado sorri compreensivo, paga a conta e saímos.
O vento revolve-me os cabelos. Lembro-me das tuas mãos na minha face, sempre que uma madeixa teimava em cobrir-me os olhos…
Chegamos ao hotel e subimos ao quarto. Sinto que tenho que compensar o meu namorado e enquanto fazemos amor, eu de uma forma quase mecânica, embora em entrega total, recuo no tempo e lembro aquela tarde em que fiz amor contigo (porque a maioria das vezes fazíamos sexo) e em que parti.

Talvez por te amar demais.

(continua)
 
Ambassador Zlata Husa Hotel

Sentidos obrigatórios

 
Beijas-me e não existe mais nada.
Nem eu nem tu
apenas nós,
num despir apressado
de encontro ao tempo,
que insiste em não parar.

Tocas-me.
E é como se o meu corpo fosse percorrido
por mil volts de electricidade.
Os sentidos despertam,
um arrepio percorre todos os pontos nevrálgicos
arqueiam-se as costas,
abraço-te com as pernas
e espero
que entres em mim,
como se fosse
a primeira
e a última vez…

…retraio-me num pudor fora de tempo.

Escondo-me numa t’shirt que insisto em não despir…
…depois, passamos todos os limites inatingíveis.

E são horas de regressar a casa.
 
Sentidos obrigatórios

Chá do Deserto

 
Os minutos correm ora velozes, ora lentos,
numa luta competitiva, para chegarem às horas.

Espero em sinfonias de letras, um chá que não beberei.
Descubro um sentir novo.
Renovado.
Por isso, sempre novo. Mas com sabor antigo, revivido em tons de arco-íris e sabores perfumados.
Encantam-me os olhares e os saberes.
E a ternura sem idade.
A ternura sem fim de um beijo por dar. De um chá por beber.
Imagino momentos irrealizáveis.
Sonho cenários proibidos. A música é imprescindível neste sonho.
Quimeras soltas.
Breves tocares.
Alegrias breves.
A incerteza num adeus. O início num olá.
Memórias perdidas em tons de azul.

O sol cai direito ao peito.

Chocolate quente ao fim de um dia de Outono. Aconchegante, reconfortante. Doce, quente.

Mas sinto a falta do chá.
Sinto a falta da fuga aos olhares, da fuga de olhares, da fuga e do querer permanecer.

Sinto a falta do caminhar a passo, do toque na face, do olhar que me queima.

Sinto a falta da ternura dessas palavras mornas com que me brindas,
cada vez que conversamos.

E cada conjunto de palavras que se transformam em frases, numa dissertação humilde de temas fascinantes, bebendo cada informação como se fosse única, pois a descoberta das coisas que sabes e me transmites, é a aventura da minha vida.

Encontrar-te foi a forma de me enriquecer.
Descobrir-te é o sonho de viver.

Em cada palavra que troco contigo reconheço-me,
volto ao passado, sinto-me menina…
...e quando me afastas o cabelo dos olhos,
me acaricias a face ou me beijas a testa,
sinto por ti o que não pode ser sentido
e só por isso vale a pena sentir / viver!

Olho a vida com os meus olhos, mas vejo-a através de muitos olhares.
Através dos teus olhos, exalto os momentos em que me (re)descubro…
E conheço.

E sou feliz!
 
Chá do Deserto

Invasão

 
Entras em mim devagar
como se fosses dono do tempo
Demoras-te num compasso desacertado
em ritmos de blues
Jazz
Hard rock depois
silêncio então…

Caio vezes sem conta
numa queda vertiginosa
rápida a sombra da nudez
e o mergulhar na tua boca
no teu peito
em ti
num entardecer de Inverno
em que me perco
e te encontro.

Regresso a casa:
Com o teu sabor em mim
o teu cheiro
e o teu olhar
sem promessas.

Que vai ser de mim sem ti?
Dez 2003

Dezembro 2003
 
Invasão

Lua de fel

 
A vertigem

suspende

o grito,

tempo

em movimento

como são escassos os nossos momentos

Viagem

paragem

avanço e recuo

numa voragem de nós

estamos presos a um passado por desevendar

as mãos dadas foram só nossas?

Eu que mantenho as minhas nas tuas

desde o primeiro

beijo

sussurrado,

em murmúrio

soprado,

mesmo quando não estás

e desapareces

para amores antigos

que tentas

esconder

de ti.

E de mim.

Apenas te digo

que te aguardo

com as promessas que fizemos.

Apenas te digo:

nestas férias de mar,

os teus passos

caminharão

lado a lado com os meus.

As nossas mãos

dadas

em alianças

inquebráveis.

O meu peito cheio de ti.

E tu tão distante.

Podes esquecer amores que não tive?

Não consegues ver

que estes reflexos

existem só por ti?

Serei o Sol

que te faz brilhar,

meu único reflexo lunar

feito de mim.
 
Lua de fel

Regresso a Praga

 
Confortada pela voz do Rufus Wainwright, relembro as ruas estreitas onde nos perdemos tantas e tantas vezes, nas tentativas contínuas de me encontrar.
No teu olhar ou através do teu toque. Suave. Sabedor. Experiente. Catedrático.

E eu, na aprendizagem que jamais esqueci, regresso às cores, aos sabores e aos odores de uma Praga envelhecida e sempre renovada. Em vielas e monumentos. Em quartos de hotel com cheiro a mofo. Em noites de Praga que guardo na memória.

Inesquecíveis, por mais que quisesse esquecê-las.

Pelo vazio que ficou. Quando decidi partir.

Estranho. Ter ficado vazia de ti, mesmo tendo sido eu que parti.
E ao rever-te, nesse olhar penetrante e intemporal, não posso negar que o meu coração acelerou...Porque razão?

O teu olhar, esse olhar que me penetra até à alma, que me desvenda os segredos, mesmo os que guardo de mim. Como podes ainda manter esse olhar hipnótico, que me seduzia, ao qual me abandonava? O teu olhar onde me perdia e reencontrava, simples esvoaçar de borboleta, fugaz o toque, as palavras que permaneceram na minha boca, assim o decalque do teu corpo em mim, os sabores e a ausência…A minha.

De ti e de mim mesma.

Sempre em fuga, dizias.

(continua)
 
Regresso a Praga

Luna