OUTONO
Aqueles dias tristes de outono,
De folhas sêcas soltas pela via,
Deixando em tudo um ar de abandono.
Num quadro de profunda nostalgia,
Aqueles dias tristes de garoa,
De vento frio rápido e cortante,
De galhos desenhando, ao léu, atoa...
Difusa silhueta vacilante!
Aquelas tardes de sonhos... suspiros...
Convite certo ao recolhimento,
Antecedendo a longa noite fria,
São as ocasiões que eu mais prefiro,
.É quando mais me entrego ao pensamento...
É quando mais eu faço poesia!
CURTA
!
O vento sopra lá fora,
Num rítimo lento e raro.
Trazendo emoções de outrora,
Que em meu coração, amparo!
Não jogo conversa fora
Palavras nos custam caro
A pleno pulmões agora,
proclamo grito e declaro!
Ser como abelha perdida,
Que em um raminho de murta,
Descansa na flor nascida!
-Quem é sempre assim não surta!
Então, irmão curta a vida,
Porque a vida é curta!
SEM RESPOSTA
Não me responda, prefiro a distância,
Não me procure, prefiro a ausência,
Não se amofine, ao contrario, descansa,
Não me perdoe, não quero clemência!
Sim vá em frente, a lacuna imensa,
(Esta que fica ameniza-me a ânsia)
De ter sentido a tua presença,
Minha lembrança? decarte-a e lançe-a,
No mar profundo do tempo que passa,
Pelo espaço de embassos tão cheio,
Suma teu vulto na densa fumaça
do esquecimento, que cura a ferida,
este sim sabe dizer pra o que veio:
-Veio pra dar-me este resto de vida!
PRIMEIRO DE JANEIRO
Choveu bastante em meu aniversário,
No último primeiro de janeiro,
Em toda parte um "quê" de cinza vário,
Pintava em solidão, o dia inteiro!
Presentes em meu lar, meus companheiros,
Mexeram com o meu imaginário,
Parentes que chegaram, meus parceiros,
Todos para mim, tão necessários!
A chuva que caía deu-me aquela,
Tonalidade rara de aquarela,
No quadro ali pintado em sonho puro!
...Um ano a mais se foi em sua pressa,
Porém o ano novo que começa,
Inspira-me a seguir, RUMO AO FUTURO!
FOLHAS SECAS
Quais folhas secas de uma velha planta,
jazem no chão, sumindo, ali caídas,
Não prestam mais, e não mais adianta,
Recuperá-las...Estão esquecidas!
Assim também...As páginas... nem tantas...
Algumas páginas da minha vida,
São folhas secas, e não mais me encanta,
Voltar a lê-las, são folhas perdidas!...
Não deveriam terem sido escritas!...
Outras porém, muitas eu sei, benditas,
Registram fatos em saudosas linhas!
Vagas histórias, muitas vezes lindas,
Doces recordações que guardo e são ainda,
Páginas vivas das lembranças minhas!
A SOMA DO QUE NÓS SOMOS!
Se como seres humanos,
Sabendo quem nós já fomos
Se consciência tomamos
De quão imperfeitos somos,
...E sendo aquilo que somos,
E somos a soma dos planos,
Dos sonhos, que nós supomos,
Na média do que sonhamos,
De experiências que vemos,
Em tudo que nós vivemos,
Enquanto aqui caminhamos!...
...Só vale a pena se temos,
A chama de quem ao menos,
Nos ama enquanto os amamos!
BURACO NEGRO
Além do portal do tempo,
Além do espaço profundo,
Além, do beijo do vento,
Além do confim do mundo,
Além do humano alento,
Do afã mortal oriundo,
Acima do pensamento,
Lá onde cada segundo
( Aviva o passar das eras,
Na região das quimeras!)
Se fundem num aconchego
No redemoinho escuro,
O ontem, hoje e o futuro,
Além do buraco negro!
LINHAS CERTAS
"-DEUS ESCREVE CERTO EM LINHAS TORTAS!"
Diz, aquele velho e bom ditado!
Apesar do intuito que transporta,
Acho-o não bem elaborado!
Como está escrito, não importa!...
Busco as entrelinhas do citado!
Outro raciocíneo me exorta,
Sobre algo mais inusitado,
Quando o subtêxto me alerta:
"DEUS ESCREVE CERTO EM LINHAS CERTAS!"
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Este Deus que sempre nos conforta,
põe em LINHAS CERTAS, Seus escritos...
Nós, mortais, em face dos conflitos,
Tão Sòmente achamos que são tortas!
CAUSA E EFEITO
o CRIADOR dos quasares
pulsares de raios gama
Constelacões, luminares,
Na imensidão soberana,
No tempo em todos lugares,
Além do tempo da chama
Do espaço ou dobra nos ares,
Que assombram a mente humana,
Não necessita de prova,
Pois tudo em volta nos conta
E a NATUREZA comprova,
A DIVINDADE Imensa!
Pois todo Efeito aponta...
A CAUSA , da SUA PRESENÇA!
Versus particularis
Como dissecar a alma humana,
E ver pelas avessas seu instinto,
Sem antes se perder na senda insana,
De um longo interminável labirinto?
Perdoe-me irmão, é o que eu sinto,
Ardendo no meu peito a louca chama,
Por ser um personagem quase extinto,
Naquilo que meu ser tão só, proclama!
Proclamo uma quimera inatingível,
Nas raias das fronteiras do impossível,
Em tudo que contemplo, vejo e assisto!
O ódio predomina e eu me curvo,
Perante este caminho, denso e turvo,
Será que alguém ainda crê em Cristo?