Poemas, frases e mensagens de Marco061984

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Marco061984

Quente

 
Um vento quente sopra
Uma palavra explode
Do ventre
Da planície fulva
Um sussurro

- Mãe.

In memoriam.
Maria Mendes
07-02-1943-17-04-2014
 
Quente

Telúrico

 
Fiquei pela terra
Olhei para o céu
E fiquei por quem erra
Fiquei por quem tenta
Olhei para o azul do céu
E fiquei pelo telúrico castanho.
Olhei para a água
Vi o balançar das ondas
E fiquei
Na areia firme
Temi a espuma
Preferi
O seco dos pés
Ao choro das ondas.
 
Telúrico

Tempo que arde

 
Passa como o cigarro que arde,
Desgarrado num qualquer cinzeiro esquecido.
Arde o cigarro, bate o ponteiro do relógio,
Estático relógio do lume que arde.

Arde o cigarro contínua e pausadamente,
Bate a hora, move-se o ponteiro, apaga-se o cigarro.
O Cigarro e o tempo do relógio que não avança.
O ponteiro dança, o cigarro acende-se, o fumo avança...

Avança alado como o relógio iludido pelo tempo que passa.
 
Tempo que arde

Dedos

 
Prolongamento do nosso pulso.
Móveis e ágeis são o móbil da sensação.
Nas pontas carregam impressões,
Partilhadas ou íntimas.

Dedos de uma mão, de duas mãos
Que em comunhão se entrecruzam,
De um só portador ou em partilha
De alguém que se palmilha.
Em busca de um mar de emoções.
Dedos de uma mão, mais não são
Que a proximidade ou a distância
De uma outrora partilhada paixão.
 
Dedos

Escrito

 
Escrito
 
Hoje escrevi
Escrevi o que senti
Senti sem ti
Sem ti a meu lado
A meu lado uma almofada
Almofada vazia
Vazia como a companhia
A companhia que me faltava
Faltava a tua presença
Presença ausente
Ausente o beijo
Beijo sem lábios
Lábios distantes
Distantes os desejos
Desejos inebriantes
Inebriantes as ausências
Ausências marcantes
Marcantes as tuas mãos
Mãos que não sinto
Sinto o apertar do coração
Coração a afogar de solidão
Solidão asfixiante
Asfixiante ausência do toque
Toque do teu cabelo
Cabelo de faulha ardente
Ardente como tuas entranhas
Entranhas sedentas
Sedentas de mim
Como o meu corpo de ti.
Hoje escrevi
O que senti
No momento
Que te vi.
 
Escrito

Arremesso

 
Arremesso
Um peso
Dolente
Doloroso
Que castiga
O Dorso
Dobrado ao cabo
De Horas
Debaixo de um Sol
Fulvo.

Horas
Cansadas
De um relógio
Avariado.
Não
De um bater certeiro.
Sim de um padecer
Inteiro.
 
Arremesso

Direito à Indignação

 
Direito à Indignação assiste-nos,
Somos um povo milenar com conquistas ímpares,
Juntemos as mãos, caminhemos pela estrada do futuro
Com esperança e crença que governarão os melhores.

Tomemos o Leviathan pelos braços, transforme-se o Monstro,
Num berço de igualdade e fraternidade para os mais necessitados,
Galguemos a impunidade de políticos, construtores de sonhos e megalomanias.
Gritemos juntos Basta e vamos tomar as rédeas de um País que queremos sem vilanias.

Jovens, idosos, crianças, mães, avós.
Respondam à exortação e saiam para a Rua.
Caminhemos para os locais onde se discute o preço do Pão que queremos nas nossas mesas.
Caminhemos com segurança e convicção por um Bem maior. Somos a Geração.
A Geração da Criação, do Génio, da vontade de saber, de conhecer...
Não se desista de Portugal! Honremos D.Afonso, D.Manuel e Sá Carneiro.

O País é um projecto de todos nós... Não fiquemos impávidos a vê-lo cair!
 
Direito à Indignação

Se tu soubesses

 
Se tu soubesses
Sim se soubesses o que atravessa minha mente
Em torrente do toque quente
Das tuas mãos em espiral pela minha carne viva
Se tu sentisses como eu sinto o coração a rebentar
Quando me queimas com as tuas mãos macias de amar

Se soubesses o que me moves
O que me fazes sentir quando estou contigo
A vislumbrar-te do alto do meu mundo de ilusão
Se tu soubesses o que me inunda o coração.
 
Se tu soubesses

Ao lado do caminho.

 
Passou-me ao lado o propósito,
Ladeou-me o fito do discernimento,
Ultrapassou-me o sentir do entendimento.
Fugiu fulgurante o deslumbre do pensamento.

Corri ao lado do eléctrico do consciente...
Agarrei-me aos seus pórticos com força, mas caí,
Estatelei-me na calçada das estrelas sem norte e sul.
Perdi-me no Galáxia dos Sonhos desgarrados do Ocidente.
 
Ao lado do caminho.

Beleza Suposta

 
Mais do que os olhos percepcionam,
Mais do que os sentidos auscultam,
A Beleza Suposta rasga horizontes.
De suposta que é, quão falsa se parece!

Elogio aos sentidos, um encanto para olhares.
Fugaz, vã e efémera...
Foge pelo tempo que não perdura,
Mais do que um olhar ou suspiro de mente.
Efémera é, efémera será perenemente.

A beleza é um estado de finitude e limite. De duração finita e refém da aparência, porém, a que reside na alma, essa é perpétua!
 
Beleza Suposta

Ventre

 
O vento move
O calor do ventre
De uma Mãe eterna.
 
Ventre

Aurora

 
Aurora
Rasga
A camisa.
A pele riscada
Pela tez lisa
Do Sol
Maduro.

Da vinha
Brota
Um lábio
De vinho
Argonauta.

Da planície
Vela
A Caravela
Alada
Da terra
Sulcada
Por mil eternos homens.
 
Aurora

Marco Mendes