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Cenas Cotidianas (tributo a Sidney Miller)

 
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"O automóvel corre,
a palavra morre,
o suor escorre
e molha a calçada."

S. Miller (Pois é, pra que?)

Este é o nosso cotidiano
que não muda a cada promessa de ano
A verdade será o que estampa nas manchetes
das folhas de jornais nas bancas?

Gritos, buzinas ensurdecedoras
os passos rápidos, pedestres,
o sussurro nos lábios,
a fúria nos olhos.

A fome, a doença por todos os lados
que rapaz é esse que escreve com os pés
que rapaz é esse que canta tão lindo,
olha a vitrine que se abre...

"O patrão sustenta,
o café, o almoço,
o jornal comenta
o rapaz tão moço."


O calor aumenta,
a gente se acotovela
no Bob´s pro lanche rápido
a família cresce e se desintegra.

A verdade na rua,
a revolta do povo desempregado
as esquinas nuas e sombrias
nas noites de prazer.

As escolhas cheias
de picos e fumo
que noite, que lua,
meu bem, pra que?


"Um cientista inventa
uma flor que parece
a razão mais profunda
para ninguém saber...

de outra flor
que tortura,
pois é,
pra que? "


A todos os cantores
que através das melodias
e letras que escaparam
da tesoura da censura implacável,

Transformaram espinhos em rosas,
versos em libelos,
pra atenuar o sofrimento
de nossa gente.

Sidney, Vandré,
Vinicius e Chico
dentre tantos outros
não deixaram passar em branco

Os momentos de triste memória
que vivemos no período de exceção
que ficarão marcados em nossa história
para que nunca mais aconteçam.




AjAraújo, o poeta humanista, homenageia ao compositor e músico Sidney Miller autor da canção Pois é, pra que? interpretada pelo conjunto MPB4 e também pelo próprio Sidney. Escrito em janeiro de 1981.
 
Autor
AjAraujo
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