Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 041

 
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4001


Carrego estas tristezas no bornal
Herança que virou um duro fardo.
Nos caminhos que passo, tanto cardo,
Vagando em solidão, mar abissal.

Toda noite o vazio dá sinal,
O mundo nebuloso, um sonho pardo.
As dores desfilando em festival.
Solidão companheira, triste fado.

Meus males- as malas que carrego-
Não sei porto algum nem descarrego
A saudade que insistindo se avizinha.

Pesado; mal caminho e sigo triste,
Um sonho pirilampo não resiste...
Tanta dor neste mundo... Sempre minha...



2


Carrego meus fantasmas, pesam tanto...
Depois de alguma chuva dor e riso.
O toque mais audaz se faz preciso
E nele, com certeza todo encanto.

Se venço a cada dia, este quebranto
Permito ao fim da vida, este sorriso
Que chega sem espera e sem aviso.
Alimentando assim, ternura e pranto.

O risco de sonhar valeu a pena
E mesmo que a saudade já se acena
Depois deste horizonte, nuvem sol.

Recomeçando a cada nova queda
O gozo em pagamento, vil moeda
Os olhos da esperança, o meu farol...



3


Carrego mil estrelas na bagagem,
Pesando desta forma, o coração,
Tentando vislumbrar na paisagem
Aonde bate forte, a direção.

Na moça mais bonita, uma bobagem
Vendida como frágil solução,
Permite ao sonhador, uma viagem,
Cerzindo de um amor, tolo refrão.

Eu tomo um comprimido e vou dormir
Sabendo dos porões deste porvir
Que nada me trará de novo a lua

Que um dia se fez moça e foi só minha,
E agora noutros versos descaminha
Deixando a minha noite escura e nua...



4


Carrego minhas dores, vou sozinho;
Colhendo o que plantei. Problema meu!
Se o rumo noutros braços se perdeu,
Queimei e destruí o que foi ninho.

O coração que sempre foi ateu
Cansado de buscar algum caminho
Que possas deslindar qualquer carinho,
Jamais atingirá este apogeu.

Quer queira ou quer não queira, vago só,
Não tenho e nem desejo sequer dó,
Adoço o meu olhar noutra paragem.

Que dane-se a ilusão, morta a quimera,
Sem flores que fazer da primavera?
Assim nossas andanças se interagem...



5


Carrego nos umbrais da sorte inerte
O quanto verteria e não consigo.
Por mais que a claridade me desperte
Buscando a liberdade, enfim, prossigo.

Saliva que me morde e desafete
No beijo sem confete e sem abrigo.
Os olhos escondidos no carpete
No quanto nada havia, inda persigo.

Legado dos amores escondidos
Nas praças sem jardim, caramanchão.
No fel imerso em sonhos desvalidos

Resumo o quanto quis e nada tive.
Percebo um antepasto na amplidão
Do amor que sendo inato não retive...


6


Carrego os olhos podres da esperança
Vendidos num puteiro beira estrada
No corpo da menina, da criança
Uma alma sempre nua e disfarçada

Nas armas dos beatos, temperança
Nas armas dos injustos, na facada
Fuzis e batalhões, velha aliança
Entre a corja que manda e a desmandada.

A fruta apodrecida nos motéis,
Os risos destas gralhas indecentes.
Bebendo da sangria dos bordéis

Cravando nos infantes frios dentes,
Talvez algum resquício de amizade
Permita depois disso, a liberdade...



7


Carrego-te nas veias minha amada,
Em cada gota encontro tua imagem
No sangue em que transcorre esta viagem
Tua presença é sempre demarcada.

Ao coração seguindo nesta estrada
Trazendo ao corpo a paz em nova aragem,
Levando com certeza esta mensagem
Em gotas de meu sangue transportada.

Nas horas em que estamos lado a lado,
Sentindo bem mais forte esta emoção
Vibrante sensação que enamorado

Encontro no teu corpo este caminho
Levando a mais sublime redenção.
Feliz em cada verso eu já me aninho...




8


Carregue pelos céus, meu coração,
Levando assim, contigo uma esperança
De toda a mais perfeita tentação
Ao ter tua presença, a luz alcança

A dança que se faz em festa plena
Permite que se estenda sobre nós,
Beleza em que alegria nos acena
Deixando bem distante a dor atroz.

Amar é ser feliz? Às vezes sim.
Porém quando se trata de um tropeço
A luz vai se afastando, então de mim
Por mais que eu já repita: eu não mereço!

Amor com dor traz rima pobre e fria,
Matando toda a sorte que eu queria...




9


Carro de boi passando pela estrada
Distantes cantorias e lamentos...
Trazendo as lembranças desta amada
Que só deixou saudades e lamentos...

No gosto adocicado, da garapa
Relembrando os teus lábios, puro mel;
A solidão estende a negra capa
E impede que eu perceba o claro céu...

No cheiro desta terra tão molhada
Vivendo nosso amor, sem ter sossego.
A chuva que caiu de madrugada
Promete novo amor e novo apego...

E vejo-te querida, sentada do meu lado,
Amiga, tanto amor não é pecado...



10


Cartas jogadas sorte desafio...
Nos dados, rodam, giram... Nas roletas,
Olhos negros, vermelhos. Sina, cio...
Tudo passando, luzes violetas...

Estás distante, estática. Eu me fio
Nos lunares lunáticos...Lunetas
Mirando espaços; louco tempo, estio.
A sorte não bafeja, lambo as tetas

Da ganância; mas falta puro leite.
Não há sequer ninguém que isso aceite,
As cartas viciadas gritam não!

Espero o final, lento inexorável,
Quem me dera tivesse mais amável,
A lança que perfura o coração!




11


Casais que se completam num motel,
O sexo faz a noite mais gostosa,
Certeza de adentrar depressa o céu
Deidade se expressando quando goza.

Rolando numa cama de bordel,
A gente se procura e; se antegoza
Felicidade plena num dossel,
Mulher que me sacia, maviosa.

Prazer quando se é dado e recebido,
Atiça com vontade uma libido
E faz desta luxúria sensual

Uma homenagem feita ao deus bacante
Orgias e menages, corpo amante
Se entrega num divino bacanal...

12



Castas e mantras, discorres
As postas expostas sangrando
As bocas, as tocas porres
Nas hóstias hostes passando

Nas tumbas, as lufas, morres
Os restos, as rotas vagando
Carpas, percas, escorres
Mudo, imundo naufragando

Mas meus mastros e matizes
Mês a mês mestres e bruxos
Cartas, cotas e cartuchos
Atos egos e atrizes

Citras cítaras e cânticos
Roma amor romã romântico!


13


Castelos construídos de um desdém,
Vazia madrugada, noite fria.
Vagando solitário, sem ninguém,
Minha alma vai morrendo, assim, vazia.

Quem teve nesta vida um doce bem,
E um dia se banhou em alegria,
Percebe como é triste ser alguém
Que morre, pouco a pouco, todo dia...

Perguntas: -Por que choras meu amigo?
As horas vão passando cruelmente,
Somente no meu peito, uma tristeza

E um sonho em que buscando um novo abrigo
Perdido em solidão, vou tolamente
Beber da seca fonte da incerteza...


14



Castelos construídos são de areia,
Decerto o mar virá e nada sobra.
A solidão se mostra em fria teia
O quanto amor nos deu, a vida cobra.

Recobro os meus sentidos, vou sozinho
E o peito solitário bebe o vento
Deixando em pensamento antigo ninho.
Agora a noite trama o sofrimento

Momentos de paixão? Eu sei que tive
Platéias delirantes, mil cenários.
Nas mãos todo o vazio que retive
Decerto amores foram temporários

O quanto que pensei que fosses minha
Perdeu-se numa noite vã, sozinha...




15

Castelos desabados, meus desejos...
Capitulei vencido pela treva.
Nas guias dos luares, sem lampejos,
A morte traiçoeira, sempre ceva...

Passando por terríveis relampejos,
Minha alma que é desértica já neva
Meus olhos sem mirada, simples pejos,
Buscando meus castelos, dor releva...

Amar teria sido meu delito?
Viver sempre será fatal conflito.
Da guerra só conheço derrocada...

Não podem rudes pedras florescer...
A morte, enfim, ajuda-me a viver,
É torre do castelo, destroçada



16


Castelos dos meus sonhos, realeza
Há tempos destronada sem reinado,
O dia em nevoeiros, abortado
A morte sem remédio da princesa.

Enquanto a vida segue, com certeza
O jeito é reviver o meu passado.
Guardando o que sobrou deste legado,
O prato sem comida sobre a mesa.

Beirando os precipícios continuo,
O amor que se fez uno pede duo
Mas nada além de um falso diamante.

Os dedos arrancados sem anéis,
Apenas labaredas, os corcéis
Enfurnam-se na senda mais distante...



17


Castelos e sereias, a princesa...
O corte tão profundo já levou.
De toda a fantasia que ficou,
Um gosto tão amargo da tristeza...

Mas a tarde trará nova certeza,
Mesmo que o sol que veio não brilhou
Outro virá trazendo o que sonhou.
Enfim te cercará de tal beleza

Que nunca lembrarás do antigo sol.
A vida te promete este farol
Que sempre te trará a claridade!

E tudo que parece tão distante
Muda-se, de repente, num instante,
O amor já te trará felicidade!



18


Castrados pela vida e pela espera,
Não sabem mais se vão ou permanecem...
Se submisso ao leão, finge-se fera
E os pobres dos cordeiros já padecem...

Desfolha totalmente a primavera
As rosas despetala e já fenecem...
Porém ao ver os tigres numa espera,
Baixando os olhos meigos obedecem...

Eunuco que se esconde, disfarçado,
Um gigante na audácia, mas anão
Os pobres que conhecem tal castrado,

Pisando, maltratando, este infeliz
Aos trancos e barrancos, bofetão,
No amor e na amizade, meretriz!


19


Castraste o cachorrinho? É sacanagem!
O bicho não tem culpa, companheira,
Olhando deste prisma, a molecagem
Que faz dando latido até rasteira

É coisa tão pequena, uma bobagem,
Eu ouso até dizer que é corriqueira,
Melhor seria então nova abordagem
Usando para o pênis, focinheira.

Tirando do coitado qualquer chance
De se realizar em um Romance,
Tu não verás jamais ele contente.

Por isso é que te falo esta verdade,
Somente pra evitar tal crueldade:
Melhor raça de cão? Cachorro quente...



20


Catando meus caquinhos pelas ruas,
Jogado neste canto vou a esmo.
As dores me invadindo, podres, cruas.
Quem dera o nosso amor... Não sou o mesmo...

Carrego esta mortalha que me cobre,
Mas dela tenho orgulho, é minha pele.
Não há força no mundo que recobre,
Que cure quem de tanta dor repele.

Não quero mais abraços nem conselhos.
Meu tempo de sonhar está no fim.
Os olhos se castanhos ou vermelhos
As dores são só minhas, sendo assim

Não peço nem apoio nem migalhas,
As mortes que são minhas, sem batalhas...



21



Catando os meus pedaços espalhados
Nos cantos e botecos da cidade,
Repito em tantos ecos os passados
Caminhos sem destino ou liberdade.

Os versos que te trago, garimpados
Em meio a tantas rugas da ansiedade
Soando feito os guizos agrupados
Misturam vaga-lume e claridade.

No lusco-fusco busco a solução
Que trague algum resíduo do que fui.
O rio de meus sonhos não mais flui

Inflando o medo em forma de balão.
Do quanto fomos fontes e desejos,
Vagamos sem foguetes ou festejos.



22



Catedrais dos meus sonhos, minha crença.
A vida não deixou sequer cascatas,
Viajo num segundo tuas matas;
Queria recolher a dor imensa!

Nas horas que sonhei, cruel doença,
Nas formas desse corpo, me retratas,
A lágrima que tenta está suspensa!
A garganta retêm mas, cruel, matas!

Catedrais, orações, a rebeldia...
Não quero ter sequer um novo dia;
Apenas a verdade é que liberta!

Não temo nem clamor nem fantasia.
Meu mote se perdeu na poesia.
Minha dor, insolente, me desperta!


23


Catetos e co-seno, hipotenusas
Triângulos retângulos quadrados.
Meninas levantando suas blusas
Olhares mais famintos e safados.

Palavras balbucio vão confusas,
Jogando meus compassos, meus esquadros,
Perdido no porão buscando as Musas,
Encontro tão somente os meus pecados.

Na trigonometria desta vida
Distante do prazer, pela tangente
Percebo que não tenho mais saída.

Em tua geometria eu me perdi,
Agora o que fazer se estou descrente,
E nesta confusão cheguei a ti...

24


Cativas e cultivas com carícias,
Rompendo a fortaleza que cercara,
Ao dar com tanto ardor, a jóia rara
Que agora me permite tais delícias.

O amor que se mostrou já nas primícias
A fonte que sacia e assim me ampara,
Sentindo corpo a corpo e cara a cara
Entregue a profusões, loucas sevícias.

Proféticos enigmas decifrados,
Segredos, com certeza, mais ousados ,
Pecados esquecidos no quintal.

E quando ao me tocar com maestria
Delitos insensatos o amor cria,
Torna a nossa vida magistral...


25


Cativas minha vida com sorrisos.
As doces melodias, tua voz.
Travando nos ouvidos paraísos,
Matando uma tristeza tão atroz...

Deitando no teu colo, quero o som;
Das ondas que rebentam nesta areia.
A vida se promete; nosso dom,
Amando noite e dia vida cheia...

Recebo a maciez do teu respiro,
Beijando a minha face em cicatriz.
Nos braços deste encanto já me atiro,
Por certo tentarei ser mais feliz.

Agora, minha amada, me perdoa,
Que a noite é tão bonita; a vida é boa



26



Passarinho que cantava
no primeiro de janeiro
canta sua liberdade,
e eu choro meu cativeiro.

Cativo da saudade, o quê que faço
Se esta mulher não quer mais meu carinho;
Procuro sempre em vão, estendo o braço,
Depois é que percebo: estou sozinho!

Amor que nos levita, ganha espaço
Morrendo me levando ao descaminho...
Estrela que do mar, num rubro laço,
Deixou solitário passarinho...

Agora, na gaiola da saudade,
Olhando para a vida, sem sentido...
Amar demais será que é crueldade?

Pressinto o teu perfume, mas cadê?
Vazio, sem amor, vou desvalido;
Pergunto: minha amada, mas por quê?

A trova mote é da região central de Minas Gerais


27


Cativo de teus versos, sonhador,
Não tenho mais desculpas, quero mais.
Bebendo de teus lábios sensuais,
Desfraldo esta bandeira, puro amor

Poder que se mostrou transformador,
Vencendo tais distâncias abismais,
Amar, querida eu sei, nunca é demais
Fazendo da esperança o seu louvor.

Afogo-me nas águas cristalinas,
Descendo pelos rios chego à foz
Dos sonhos que embalaram nossa vida,

O amor alimentando fontes, minas,
Unindo com firmeza nossos nós,
De todos descaminhos, a saída...



28


Cativo deste amor, puro prazer
Recebo de teus lábios, deusa e diva.
Minha alma concebendo o bem querer
Da tua, prosseguindo em paz, cativa.

A gente não se cansa de tentar
Viver a fantasia, ser feliz.
Deitando sobre nós raro luar
Expressa o que emoção jamais desdiz.

Eu venho sem descansos, noite afora
Buscando tua pele, corpo inerte,
Amor quando demais não se demora,
Fartura em alegrias cedo verte,

A cada instante um sonho moldurando,
Sentindo a tua mão me procurando.


29



Cativo deste sonho em ti vou preso,
A gente briga tantas vezes... tolos...
Tristeza vem regando nossos solos,
Depois- parece até que estou surpreso,

Chorando pelas ruas, indefeso
Buscando em outras sanhas, outros colos,
Encontro tão somente duros dolos
Jamais escaparei, não vou ileso...

Tentando te esquecer eu volto a ti,
Eu mal consigo acreditar: perdi...
Apenas me rondando uma saudade.

O nosso caso vai chegando ao fim,
Trazendo nosso amor dentro de mim,
Eu não conhecerei mais liberdade...



30


Cativo dos jardins em águas turvas,
Descendo pelos rios da amargura.
A vida ao preparar terríveis curvas
No desamor e inglória se segura.

Salgando o que já fora tão potável,
Impede que ressurja a fantasia.
O sonho que busquei, inalcançável,
Floresta tenebrosa, o que se cria...

Torrentes de fantasmas, solidão,
Vestígios do que fomos, não mais vejo.
Apenas a completa escuridão
Matando em nascedouro o meu desejo

De ter quem tanto amei e já partiu.
O céu em treva eterna se cobriu.


31


Cativos para sempre dos amores
Jamais me perderei do que eu desejo.
Um paraíso feito em raras cores
Vivendo junto a ti, cedo prevejo.

Almejo a claridade em teu olhar,
Refeito dos meus erros, vou contigo,
Sabendo finalmente onde encontrar
Depois da tempestade, pleno abrigo.

Couraças que aprendi; eu descartei
Agora o peito aberto nada teme.
Do amor que inoculou a paz em lei
A vida encontra o firme e leal leme.

Calor que uma emoção assim ateia,
Cantando amor supremo em lua cheia
Marcos Loures



32


Catulo da Paixão, com seus poemas
Mistral deste País que sem memória
Abandona na estrada sua história,
Com tanta hipocrisia cria algemas,

Usando da Natura nos seus temas,
Louvando o que foi visto como escória
Beijando a lua imensa e merencória,
Criou raro tesouro em frágeis gemas.

Do Luar do Sertão, Jeca Tatu
Um tapa bem na face desta gente
Deveras orgulhosa e prepotente

Se nega a ver sua alma e corpo nu.
Usando da palavra, o seu buril,
Mostrou a face oculta do Brasil...



33


Causando a mais feroz inundação
O que era gotejar já se transforma
A vida não detém tal furacão
Que muda num momento a sua forma

E o que era placidez não mais comporta
Ebulição extrema rompe o cais,
Abrindo em supetão, arromba a porta
Em pânicos divinos, sensuais.

O quanto que se entorna eu não duvido
O amor quando em total efervescência
Expandindo o arrebol com alarido
Mostrando a mais cruel, viva potência.

No fogo que se faz tão inclemente,
Conturba enquanto acalma toda a gente...
Marcos Loures



34

Causando a mais total transformação
Um sonho que se fez abençoado
Taquicárdico e louco coração
Nos passos do desejo vai, levado

Pelos raios mais fortes da emoção,
Recebe a ventania em calmo prado,
Fazendo sem saber, revolução,
Completamente insano, assim tomado,

Fagulhas incendeiam cada dia,
Tornado em sentimento, fantasia
Sabendo deste amor que é de verdade,

Enquanto em fortaleza se oferece,
Destino mais saudável ele tece
Na força desta luz que nos invade.
Marcos Loures



35


Causando em reboliço, as alegrias,
Por mais que sejam frias madrugadas
Nos madrigais; as horas quando estias
Espiam entre as estrelas alvoradas.

Atadas nossas crias nossos risos,
Jamais se saberá quem começou.
Azuis bebendo as trevas são precisos
Enquanto o sol, mais tímido, raiou.

Na luz que entranha, arranha cada olhar,
Cantares encharcando este arvoredo.
Segredo que se mostra a desvendar
Mantendo o fogo aceso desde cedo.

Num acalanto um manto tenta em canto
Tateio tatuado em teu encanto...
Marcos Loures


36


Cavalgo o pensamento, sem conter
Sequer alguma estrela ou vão cometa,
Quasares e pulsares posso ver
Usando o coração como alvo e seta

Quem dera se pudesse ser completa
A refeição que um dia pude crer
Ser feita em alegria, mas sem meta
Arremessado sigo ao bel prazer.

E vindo de onde vim, nada terei
Senão o peso enorme desta grei
Que marca, em cicatrizes, meu costado.

Carcaças que devoro sobre a mesa,
A morte se servindo em sobremesa,
Apenas tão somente um desgraçado...


37


Cavalguei nesta noite sem Maria...
Das estrelas fiz norte e companheiras;
As minhas mãos cansadas, montaria...
As mantas que cobri, as derradeiras...

O vento passageiro melodia.
O sol que não pretendo deita esteiras...
Nas artimanhas loucas, meio dia.
Nas vésperas da vésper, corredeiras...

Mas quando percebi, nada restava...
A trama que engabela, foi gestora..
Martirizei comédias, fui gaiato...

O que não percebi não me enganava...
As trevas que nasci, na manjedoura...
A vida que vivi, simples hiato..
Marcos Loures



38



Cavalo bravo, sorte desregrada,
Viajo um pantanal dentro de mim.
Na mão esquerda eu trago sempre o nada;
Na mão direita a rosa carmesim.

Destino que se fez em vaquejada
Charneca apodrecida foi meu fim,
Minha esperança tola e destroçada
Eterna seca toma meu jardim...

Cavalo bravo, sina sertaneja
Estrias vão tomado o meu futuro,
Não há mais solução que se preveja

Nem gesto que demonstre liberdade.
A sorte vem sem cobre em chão mais duro.
De graça nesta vida? Uma amizade...
Marcos Loures


39


Cavalo dos meus sonhos, eu encilho,
E sigo pela noite em liberdade,
Usando o nosso amor, divino trilho,
Encontro o paraíso em deidade.

Na sílfide em luz, me maravilho
Roubando o que sonhei felicidade,
Atinge; o pensamento, o tombadilho,
Permite se vislumbre a claridade.

No fogo que me queima e me extasia,
O gozo das vontades soberanas,
Repletas de querência e fantasia

Marcando com divina cicatriz,
No amor que, cedo invade; tenho ganas
De ser imensamente mais feliz.


40



Cavalo galopando sem domínio
Vazando pela estrada, um poeirão
Causando em quem olha tal fascínio,
Acelerando sempre o coração.

A liberdade é feita em cavalgada
Em sonhos que ninguém pode conter.
Sem hora de partida ou de chegada
Assim também a vida deve ser.

Como um cavalo solto sem amarras,
Viver sem montaria em rédeas soltas
Do amor não se prender em frias garras

O céu sendo o limite sem rodeios,
A crina e a cabeleira sempre soltas,
Enfim: amor perfeito em meus anseios.



41

Cavalo quando é bom vale tesouro,
Mulher é como pedra lapidada,
Se tudo na verdade não diz nada,
Eu quero na morena ancoradouro.

No sol do seu olhar, sempre me douro,
E sigo a vida inteira na invernada,
Porém se a mata quer ser desbravada
Ainda com certeza dou no couro.

Amansa o coração de um bom mineiro
A moça quando espalha o doce cheiro
Fazendo nesta noite uma arruaça,

Bebendo em sua boca a maravilha,
Encontro nesta prenda uma armadilha
E entorno poesia com cachaça.


42


Cavalo quando xucro é um perigo,
Ninguém segura as rédeas nem peão.
O vento que causou tal furacão
Condena o coração ao desabrigo.

No fundo, desdenhoso eu já nem ligo,
Não quero o teu amor, repito: não!
Tampouco camarada nem amigo,
Comigo é sempre assim, zero ou milhão.

O amor que se fez regra, norma e lei
Já não agüentaria cabisbaixo
A casa vou botar, agora abaixo

Humilhação jamais eu suportei,
Porteira vai fechada sim senhora,
Quem quer a mamadeira sempre chora



43



Cavalo quando xucro; é um problema
Difícil resolver esta parada,
O coice prometido é um dilema
Se eu fico, de presente, uma pernada.

Usando da palavra quebro algema
Não quero ser figura carimbada,
Não sendo carioca, sou da gema,
Embora não freqüente esta balada.

Abalo que senti na mesma queda
Aonde vou pagar; outra moeda
Sem ter sequer nem juro ou dividendo.

Deixando este corcel assim de lado,
Eu volto ao meu caminho mal traçado
E o que sobrou de nós, vou recolhendo...



44


Cavaquinho tocando este chorinho
Que me trouxe lembranças do passado...
Do tempo que passei sem teu carinho,
Da vida que tivestes ao meu lado...

O resto que pensei ser tão sozinho,
Muitas vezes vivi acompanhado,
O choro companheiro, de mansinho,
Jamais me fez assim, tão desolado...

Cavaquinho chorando me traz Glória,
Morena que ficou na minha história...
Nas noites do Sovaco, sem tristezas...

Misturando saudades contradança...
Cavaquinho me dando estas defesas,
Enquanto esta velhice já me alcança!


45


Ceder à sedução louca e voraz
Que faz com que eu me entregue totalmente,
Ousando este carinho mais audaz,
A boca percorrendo lentamente

Os vales, as montanhas, os canteiros,
Aos poucos, decorando a geografia
Em todos os relevos verdadeiros,
Vertendo em cachoeiras, a alegria...

Tremores, terremotos, furacões,
Marés, ventos solares, tempestades,
Correntes, maremotos, convulsões,
Em ondas de fatais felicidades.

Num grito de vitória e de conquista,
No revirar dos olhos, céu avista...


46


Cedo ou tarde verás quanto eu te quero
E neste momento eu sei que tu virás,
Sabendo deste amor que é feito em paz,
E em mansas fantasias já tempero.

Cuidado com carinho e tanto esmero,
A placidez de um lago, amor me traz
Sem ser um sentimento vão, fugaz,
Mostrando ao fim da vida, a luz que espero...

Apenas calmaria, suave brisa,
Nas cores de um outono se matiza,
Preparo para o inverno que é fatal.

Eu quero estar contigo a cada dia,
Sentindo finalmente a poesia
Harmônico prazer consensual...



47


Cegar em luz pacífica, os tormentos,
Teimando em ser feliz mesmo que venha
A negra solidão. Mantendo a lenha
Acesa, enfrentar sempre fortes ventos.

A vida proporciona os seus proventos
Por mais que tanto medo, às vezes tenha,
Escrevo em mansidão minha resenha
Sabendo das feridas, sei de ungüentos.

Numa expressão audaz e flamejante
Amor em força intensa e deslumbrante
Estende a claridade em meu quintal.

Aguando com sorrisos, a alegria,
Um novo alvorecer me propicia
Retratos deste sonho sem igual...

48


Ceifeiros, os meus sonhos te procuram,
Arando uma esperança a cada verso.
Distantes de teus olhos me torturam,
Semeiam ilusões pelo universo.

Nos dedos tão macios, sensuais,
As mãos de quem adoro me chamando.
Formando com estrelas, festivais,
Em brilhos, pelos céus, vão desfilando...

Transcendem tanta paz pelos espaços,
Mostrando o bom caminho que me guia.
Estreitam mais fortes, nossos laços,
Além do que, talvez, se poderia...

Deitar em tuas pernas, sonho e cais,
Meus sonhos te buscando... Nunca mais...


49


Celebração à vida. Posso crer
Na força da franqueza e da alegria,
A mesa não ficando mais vazia
Um tempo bem tranqüilo se faz ver.

Depois de tantas sendas percorrer
O coração em paz se fantasia
Da luz de uma amizade em que se cria
Um templo feito à glória de viver.

Visão que mesmo utópica, eu persigo,
Querendo um novo dia mais amigo,
Sem lobos ou cordeiros. Plena paz...

Quem dera se pudesse sem tormentos,
Sentir mais benfazejos os momentos
Que o vento da esperança agora traz...



50


Celebrando divino pensamento
Que me embaça qualquer nova empreitada
Levando meu canto sem tormento
Passeando sem rumo pela estrada

Que me guia sem planos de partida
Nas celestes visões angelicais,
Caminhando porquanto longa vida
Embalando meus sonhos no teu cais.

Neste caos absoluto, sem amor,
Num momento fiando minha história
Na procura de ter novo sabor,
Encontrando amor em plena glória.

Descrendo te encontrar após distância,
Mas amor que se preza, traz constância!



51


Celebrando teu nome com meus versos
Pedindo o teu desejo em meus anseios.
Vagando por centenas de universos
Depois de tudo deito-me em teus seios...

Nossos sentidos que antes bem dispersos
Se encontram, se misturam sem receios.
Viemos de outros mundos tão diversos
Agora nos unimos. Os esteios

Que formam nossa base em tanto amor;
São os meios que usamos sem temor
Nas lutas contra a dor e a solidão,

Deitado nos teus braços; manso, rio.
Deságuo no teu mar, braças do rio
E vivo tão feliz nossa emoção...



52


Celebro nosso amor em vinho e festa
Num ato de paixão e de querência
Não quero mais da vida uma inclemência
A mocidade enfim renova e atesta

Que a vida que passei, sendo funesta
Renasce nos teus braços com decência
Jamais quero viver em penitência
O tempo que não sei quanto me resta...

Assim, em meio a beijos e vontades,
Que satisfeitas tramam liberdades
Sem prazo, sem limites, mas constantes.

Amar é caminhar no que bendigo,
No verso que se faz bem mais amigo,
Certeza de prazer na doce amante...


53



Celebro uma lembrança do moleque
Que um dia se fez rei e não sabia.
Uma alma tão travessa quão vadia
Abria no horizonte um vasto leque.

O tempo faz com que este rio seque
Restando esta saudade tão vadia,
Distante da divina rebeldia,
Jogando na defesa, viro beque.

Pudesse ter nas mãos o meu destino,
Voltava a ser sem dúvida, o menino
Que a vida, dia-a-dia destroçou.

Correndo atrás do tempo, uma saudade
Dizendo desta Angústia que me invade,
Goleiro que falhou em cada gol.


54


Célere veio a noite entranhada de medos...
Um sorriso resiste, a noite não perdoa.
O pensamento livre, os céus já sobrevoa.
Quem sabe desta noite encara seus degredos.

Pensamento me leva, acima d’arvoredos.
A noite se revolta, um brado forte ecoa.
Da luta não me solta, embarco na canoa
Dos sonhos, companheira... Eu guardo seus segredos...

Também conheço o dia, aurora é minha amiga.
A noite não percebe a morte que periga!
O brilho da alvorada, espreita este martírio.

Bem sabe que travei com a noite em tempestade.
Na luta que sonhei, venceu a claridade!
Em Lílian minha amada, a força d’alvo lírio!
Marcos Loures


55


Cenário desta insânia deslumbrante
A cama feita em trágicos lençóis
Farol que se perdeu a cada instante
Negando uma alvorada plena em sóis.

Se de soslaio eu vejo antiga cena
A lúgubre passagem repetida,
O quanto que o desejo me envenena
Matando minha sorte de saída.

Assíduo expectador da fantasia,
Há tempos que eu perdi força e vontade.
Noite que solitária já se esfria
Prenúncio do vazio em tempestade.

A faca que se entranha no meu peito,
Por ironia, eu sei ser teu direito...



56


Cenário em alegria a nos tomar
Um mundo a se mostrar maravilhoso
A chuva vai caindo devagar,
Trazendo um frio manso e tão gostoso

Vontade de poder já te encontrar
E dar o meu carinho mais fogoso,
Vibrando num desejo de tocar
Beijar o corpo belo e tão cheiroso

Da moça que me encanta e me domina,
Mulher com ar eterno de menina
Brilhando nos teus olhos clara estrela.

Sentir o teu perfume junto a mim,
Florindo em fantasias meu jardim
Na festa prometida em noite bela...
Marcos Loures



57


Cerrando estas fileiras contra a dor
Que teima em nos tocar, de vez em quando,
Sabendo o sentimento e seu valor,
O sol no fim da tarde nos tocando;
Com raios de raríssimo esplendor
O bom de nosso amor vai consagrando...

Olhamos para o sol, futuro e brilho.
Saboreamos juntos, tal promessa.
Seguimos cada raio com seu trilho
Mostrando que o porvir já nos confessa
Que não mais haverá um empecilho
Que a sorte em nossa vida, enfim, impeça.

Estou contigo passo a passo, amada,
Na busca da manhã em alvorada...



58

Certa manhã, o sol mostrando a cara
Prepara o coração para a viagem
Que sei será difícil, mesmo amara,
Mas tenho uma esperança na bagagem

E sei quanto ela vale e quanto ampara
E mesmo que fizer qualquer bobagem,
A lua que de noite alumiara
Com mansidão me traz a fresca aragem.

Carrego no bornal o teu retrato,
O peito vai aberto, sem temor.
Caminhos com espinhos, pedra e mato

Porém uma amizade verdadeira
Esperando quem chega vai compor
A tralha que carrego na algibeira.


59


Certeza de outro tempo anunciado
Na fonte da alegria já se abriga
E bebo cada gole, extasiado,
Feliz por te saber, querida amiga,

Depois que achei perdidos rumo e fado,
Agora ser feliz, talvez consiga,
Matando esta tristeza do passado,
Permite que meu passo, enfim prossiga,

Alvorecendo um mundo em liberdade,
Às custas deste amor feito amizade
Que em plenitude e paz, vencendo, avança.

Nos olhos deste sol que nos luzindo
Permite um amanhecer mais claro e lindo
Proporcionando a glória em temperança.



60


Certeza de que sou, enfim feliz,
Quarando nossas roupas no varal,
O bem deste querer pra sempre diz
Do vento que nos toca sem igual.

Cansado de viver só por um triz
Em toda madrugada, um vendaval,
Agora que encontrei o que mais quis
Tempero a minha vida com teu sal.

Amar a quem nos ama de verdade,
Sem medo de enfrentar a tempestade
Que a vida nos prepara de tocaia,

Garante o riso franco e benfazejo
Que é tudo o mais quero e mais desejo.
Meu mar já se entregando em mansa praia.
Marcos Loures





61


Certeza de um prazer delicioso
Iridescente dia se anuncia
Num toque com certeza fabuloso
A gente se entregando em alquimia.

Estrelas ejaculam raras luzes
E nelas a tiara de um prazer.
Caminho aonde em luas me conduzes
Permite num momento perceber

Em forma de delírio a sobremesa
Deitando nossos corpos, sede e fome,
O quanto se deseja, amor nos preza
Escuridão e treva, em brilhos some

Meu corcel libertário nas estrelas,
Contando vaga-lumes, tu atrelas.
Marcos Loures



62


Certezas de que nada tanto fui
Embora abarrotado de esperanças.
Amor que sutilmente, vai e flui,
Descansa nas alturas onde alcanças.

Meus passos são retrógrados, insossos,
Recebes as lufadas do carinho.
Embora não mereça os alvoroços,
Decerto minha sina é ser sozinho...

Não deixo essas pegadas no deserto
Por certo nada sou do que sonhei.
Amor quando distante morre perto
Tão perto que jamais te esquecerei...

Amada me perdoe se não vivo
Se sou um simples sonho, então te privo


63


Cerzindo esta mortalha com as dores
Que sempre me fizeram companhia.
Adentro o pesadelo em que se cria
Os ventos/tempestades, sem alvores.

Cansado de buscar os teus pendores,
A morte dos meus sonhos se anuncia
E galgo ao infinito, a velharia
Dos versos imbecis matam amores.

O fardo vai pesando em minhas costas,
Ignaros antiquários, torpes cantos.
Contemporâneas formas de prazer

Invertidos meus passos, perco apostas
E tramo tão somente os desencantos
Teimando em ilusão, sobreviver...



64


Cerzindo uma esperança com as linhas
Que amor tanto me deu quanto roubou.
Vontades desmembradas, tolas, minhas
Dizendo deste pouco que restou.

Cevara, no passado, ricas vinhas,
O tempo, o doce vinho, avinagrou.
Decifro cada enigma que tu tinhas,
Mas nada do que fomos me encantou.

Por isso, sigo só e não pretendo
Tocar cada disfarce que desvendo,
Contendo os teus diversos sentimentos.

Ausência de prazer, talvez não fosse
O fim desta aventura que agridoce
Domina em plenitude os pensamentos...


65



Cevando a mais sublime liberdade
Vestimos a esperança a cada dia,
Escrevo nas estrelas fantasia
Alçando a mais completa claridade.

O parto que gerou felicidade
Exprime todo amor que eu bem queria,
Um novo amanhecer já se recria
Ao estender a paz, tranqüilidade.

E vamos nesta mesma direção,
Banquetes que se faz do mesmo pão,
Multiplicando assim, a simples soma.

Atados, mas libertos, conseguimos,
Do mundo em que felizes, prosseguimos,
Reféns do amor imenso que nos toma.


66


Cevando em harmonia nossos cantos
A vida se promete em fantasia
Rascunhos de esperança amores tantos
Trazendo para a vida uma alegria

Em meio à fantasia, teus encantos
Espalhas em meu peito, todo dia.
Coberto pelo belo destes mantos,
Declino meu amor em poesia.

O coração dispara em alvoroço,
Nas garras deste amor, eu me remoço
E passo num segundo a perceber

O quanto é necessária esta viagem
Em meio às maravilhas na paisagem
Dourada pelas mãos do bem-querer...
Marcos Loures


67


Cevando o coração de um andarilho
O amor por vezes mostra-se exigente,
Levando a solidão ao triste exílio
Exibe o corpo audaz em chama ardente.

Arpoadores mãos que me tocaram,
Ceifeiras emoções, finas promessas.
Teus olhos, com certeza conquistaram,
As setas que sorrindo, já arremessas.

Destino se moldando em luzes várias
Ao subverter assim, velhos oráculos,
Enobrecendo versos antes párias
Coloca sobre mim, os seus tentáculos.

A par do que imaginas ser um jogo,
Em teu amor, por certo eu já me afogo...



68


Cevando o que sonhei: farta alegria,
Debruço o meu olhar por sobre as ondas,
Os medos quais temíveis anacondas
Rebordam cada passo em agonia.

Além do que meu sonho prometia
Em luas sempre cheias e redondas
Palavras que se fazem como sondas
Encontram farto gozo em maestria.

Tua nudez clamando para a festa
Sedução que à noite já se empresta
Em lânguidas imagens, sedução.

Eróticas promessas, cama e mesa,
Desejo nos tomando como presa
Encharca nossa noite em tentação...
Marcos Loures


69


Cevando uma amizade tão constante,
Gigante sensação que se apresenta,
O vento que, sulino, me apascenta,
Ao mesmo tempo forte e deslumbrante.

Dos pampas, a paisagem fascinante
Que excita enquanto acalma e nos alenta
Palavra de consolo, rara e Benta
Tão próxima que mesmo assim distante

Nos momentos difíceis desta vida,
Tornando-se em verdade tão querida
Expressa a plenitude em maravilha

Tu tens toda a magia em tuas mãos,
Meus olhos de teus versos são irmãos
Pelas coxilhas belas, segue e trilha...
Marcos Loures


70


Cevando, vou colhendo o meu prazer;
Acendo a brasa intensa da paixão,
O quanto que inda tenho de saber
Às vezes me transtorna uma emoção.

Decrépito, este velho passa a crer
Que a vida tem sentido e solução.
A cada novo fruto passo a ver
Amor chegando à minha direção.

Preparo os alçapões, enteso a linha,
A fisga na mirada, já se alinha
E o tempo da colheita não se esgota.

Recolho o quanto posso, vou à luta,
Silêncio no meu peito não se escuta
A solidão morrendo, tão remota...
Marcos Loures


71


Cevaste meu amor por tanto tempo,
Agora que me tens fazer o que?
Não quero que me vejas passatempo
Apenas um brinquedo em que se vê

O gosto da vitória na batalha,
A sensação suprema de ganhar,
Meu canto enamorado já se espalha
O que fazer senão te amar?

Cavaste na minha alma uma esperança
De ser além do amor, ser imortal.
Eu vejo, do brinquedo já se cansa,
Não quero ser apenas um jogral.

Eu quero me perder nestes teus rios
Embora eu já perceba, são tão frios...



72


Chamando cafundó de cafundéu
Como permite a nobre poesia,
Quem sabe e reconhece logo cria,
Com mãos mais soberanas, novo céu.

Jamais se negará tal raro véu
Que cobre com solene maestria
O verso do poeta em que a magia
Descreve e desenvolve o seu papel.

Aplaudo, caro amigo, esta coragem
Que tens ao se propor neologista.
Faz parte dos desígnios de um artista

Distante de quem diz tanta bobagem.
Prossiga desta forma que verás,
O sol nascer supremo, em rara paz..
Marcos Loures


73


Chamaste de romântico até lírico
O verso que embuti noutro poema,
Às vezes eu repito o mesmo tema,
Num ato quase métrico ou empírico.

Não bebo e com certeza um bem etílico
Talvez ajude a gente a caminhar,
Parado e sem sair do meu lugar,
Não tenho mais defesa, morro acrílico.

Aliciando os sonhos de quem posso,
O risco de viver é muito grande.
O quase se transforma em fundo poço,
Só pedindo afinal: Tocai a glande.

Assim quem sabe a gente recomeça
Aonde terminou num ato, a peça...


74


Chamaste-me: teu filho, solidão...
E voluntariamente me entreguei
Sem ter ao menos rumo em precisão,
Os olhos em teus braços, eu salguei.
No barco que emprestei, meu coração,
Por mares tão distantes, naveguei...

Despido do que fora uma esperança
Vivendo em velas soltas, incertezas.
Achando que encontrara uma bonança
Nos braços de quem dera... sutilezas
Da sorte que, longínqua não se alcança;
Povoa minha vida de tristezas...

Eu necessito ao menos respirar,
Quem sabe uma amizade em seu lugar?


75


Chamei-a de gostosa, ela fingiu
Que não era com ela, depois disso
A rosa foi perdendo todo o viço
E o que era sentimento não fluiu.

Não quero ser coleiro nem tiziu,
Apenas um pardal sem compromisso,
Porém se a vida mostra tanto enguiço
Eu mando para a ponte que partiu.

Ouvidos delicados respeitando,
A moça disfarçando deu pinote,
Fazendo da cantada um mero trote

Já não suportarei saber nem quando,
Apóio os cotovelos na janela,
E a moça agora pensa que é com ela...


76

Chegada deste amor deu cambalhotas,
Entrou pela janela, fez estrago,
Abrindo do meu peito as tais comportas
Negando com usura algum afago.

A direção perdida enquanto trotas
Galopo na esperança que inda trago,
Invés de precisão, velhas lorotas
Rompendo a placidez do antigo lago.

Na troça da morena, os meus destroços,
Os frios tiritaram os meus ossos
A vida se perdendo neste trevo,

Viver desta ilusão é ser boçal,
Se o amor fez no meu peito bem ou mal,
Resposta pra pergunta, eu não me atrevo...
Marcos Loures



77



Chegamos das senzalas e bordéis,
Dos ocos da existência, medos, trevas.
A vida nos mostrou nossos papéis,
A glória nos negou cantis e cevas.

Mas somos, da esperança mais fiéis,
Rasteiras, pequeninas, boas ervas.
Bebendo sem discórdias mesmos féis
Nascemos e morremos, tantas levas...

Chegamos das cidades e favelas,
Chegamos das mentiras, dos engodos.
Nos restam nascimento, morte e velas.

Amor nos concebeu e nos criou.
Quais perlas que surgindo destes lodos,
A paz do eterno amor glorificou!


78


Chegamos dos lugares mais diversos,
Dos bares, das igrejas, dos bordéis,
Cumprimos com louvor nossos papéis
Unindo corações antes dispersos.

Tentando respeitar os universos
Distintos; da esperança, mais fiéis,
Vencendo com ternura tantos féis
Nos laços da amizade, enfim, imersos.

Sabemos que a verdade nos liberta,
E a porta estando sempre em paz e aberta
Permite que se veja o quão é belo

O sol que nos doando a claridade
Reparte seu calor com igualdade
Usando a liberdade à qual me atrelo...



79


Chegando à apoteose da paixão,
Não deixo mais pedaços na avenida.
Amor iluminando o barracão
Grandiosidade toma a nossa vida.

Atados pelo mais forte cordão
Levamos qualquer mágoa de vencida.
Pisando com suor o mesmo chão,
Vitória anunciada e já cumprida.

Sem ter alegorias, sempre junto,
O amor abrindo as alas da esperança.
A força que se mostra no conjunto

Garante nota dez, eu te garanto.
Contrapartida feita em contradança
Demonstra em sintonia, o nosso encanto...
Marcos Loures



80


Chegando à velha casa onde nasci
Depois de tantos anos, encontrando
A imagem deste amor sereno e brando
Que vejo tão somente por aqui.

Se muitas vezes, tolo eu me perdi,
Errante coração vai sem comando,
Em ruínas, a esperança desabando,
Dizendo das mentiras que vivi.

Sentir o seu perfume, mãe querida,
Ouvir a sua voz num manso tom.
É como perceber que o bom da vida

Ainda permanece dentro em mim.
Quem fez da fantasia quase um dom
Renova as velhas flores do jardim...


81


Chegando de manhã, trazendo o sol,
Depois de uma balada/madrugada
Entrando por debaixo do lençol,
Sorriso de quem traz carta marcada

E brinca com desejos do arrebol,
Esconde quanto vale o quase nada.
E eu, qual imbecil seu girassol,
Refém de outra mentira mal bolada.

Cigarros espalhados nos cinzeiros,
No quarto, suas fotos e retalhos.
Na beira de um ataque, nada digo.

Apenas sei dos bares e puteiros,
Dos corpos das vadias em frangalhos
E assim no quase sendo, inda prossigo...



82


Chegando de mansinho no meu quarto
Vem sorrateiramente esta vontade
De ter o teu amor, até que, farto;
A vida se refaça em liberdade.

Velejo sobre ti amor imenso
E trago o meu desejo sem limites.
Se sempre em teu carinho eu sempre penso
E peço meu amor que me acredites

Pois és minha esperança mais serena
De ter a sensação de ser feliz.
Se a vida, tantas vezes envenena
Tu és melhor antídoto que eu quis.

Amar e ter certeza deste sonho
É mar onde meu barco eu sempre ponho...
Marcos Loures


83


Chegando depois disso aos braços teus
Após os erros todos cometidos,
Enganos que já foram esquecidos
Percebo o quanto é triste um vago adeus.

Alegrias se dão em himeneus
Deixando os meus terrores destruídos,
Os dias mais felizes pressentidos
Invadem os sentidos, nossos, meus...

A par do que sentimos nada temo,
Nem toda a aleivosia, nem o Demo,
O mal adormecido não me alcança.

Ao ter tanta certeza aqui comigo,
No passo mais audaz sempre prossigo
Contendo em minhas mãos esta esperança.
Marcos Loures


84


Chegando mansamente como a brisa
Que roça nossa pele, devagar.
Perfume que me toma cedo avisa
De uma paixão, delícia a transbordar.

Agrisalhado sonho aromatiza
O templo em que se fez divino amar
A mão que acaricia mais precisa
Permite um paraíso vislumbrar

Por entre estas montanhas, belos vales,
Caminhos no teu corpo percebidos,
No quanto em tanto amor tu já me fales

Ecoam nesta noite, mil gemidos,
Meu corpo se matiza nos teus beijos,
Afloram neste instante, mil desejos...


85


Chegando mansamente, amor nos lança
Aos mais sublimes gozos. Fanatismo...
Entranha meus desejos, fudelança
Sublime num mergulho em louco abismo.

Por entre as tuas coxas, minha lança
Provoca insanamente um louco sismo,
Enquanto os teus quadris, perfeita dança,
Na insânia dos prazeres, eu me crismo.

Encharcas meu caralho com teu gozo,
Um jogo aonde sempre vitorioso,
O amor jamais se cansa, pede bis.

Fuder tua buceta, teu cuzinho,
Umedecida senda, descaminho,
Promessa da manhã clara e feliz...


86


Chegando neste mundo em plena festa
Uma alegria imensa para os pais.
Agora mais um ano que se empresta
À sorte de te ter, é bom demais,

Querida amiga, assim o que nos resta
É ter uma certeza que este cais
Uma esperança nova sempre gesta
Trazendo uma emoção que é feita em paz.

Outro ano a mais depois daquela data
Dever ser sempre tão comemorado
Pois a alegria viva quando inata

A todos ilumina com certeza,
Querida, como é bom te ter ao lado,
Sentado frente ao bolo, nesta mesa.


87


Chegar ao infinito num instante
Depois de percorrer distantes léguas
Amor se faz sublime e dominante
Não deixa e nem permite simples tréguas

Adentro os templos todos deste amor
Refaço em cada prece uma oração
Que feita com ternura e com fervor
Permite que eu encontre a solução.

De tanto que eu errei a vida afora
Por tanto que eu sofri, ora eu persigo
A fonte que alimenta e revigora
Abrindo nos caminhos o postigo

Eu quero o teu querer e nada mais,
Aporto o meu desejo no teu cais...
Marcos Loures


88



Chegaste à minha vida devagar,
Sem ser anunciado, passo a passo,
Agigantando aos poucos cada traço,
Tomando todo o espaço, sem falar.

Andava sem respostas, sem destino,
A vida não trazia soluções.
Olhando para várias direções,
Tão frágil coração, tolo menino...

As mãos que ora me amparam são as Tuas,
Senhor dos meus caminhos, meu Pastor.
Nos olhos a pureza deste amor,

Deixando as almas mansas, quase nuas.
Permita-me, afinal, nesta oração,
Pedir pelos meus erros, Teu perdão...


89



Chegaste bem mais perto e neste zoom
Tomei-te entre meus braços de surpresa.
Mostravas com certeza medo algum
De ser tão devorada, bela presa.

As pernas eu prendi, enrodilhei
Entre as minhas, sem chance de dar fuga
E dentro de teus braços mergulhei,
Fingiste resistência. A boca suga

A língua desejada e mais gostosa,
As coxas se misturam, mãos e seios.
A noite se passando maviosa
Os olhos se tocando nos anseios

Do amor que se fez firme e tão presente
Nos gozos e nos risos, amar urgente..


90


Chegaste com os olhos tão trementes
Mal percebia seres a rainha
Que à noite, no meu quarto sempre vinha
Tornar os meus momentos mais contentes.

Vontade de tocar-te se avizinha
E mostra num segundo o quão ardentes
Desejos deslumbrantes, fortes quentes
De unir a tua pele junto à minha.

O fogo do desejo me incendeia
Profusa sensação de gozo e morte,
Vislumbro na mulher uma sereia

Na boca que me morde um bom veneno,
No lábio que devora em fundo corte
Prazer feito em volúpia faz aceno...


91


Chegaste como um dia de verão
Num vento mais suave e bem ameno,
Deixando um velho peito mais sereno,
Regando com ternura um duro chão...

Meu canto se perdendo na amplidão
Envolve em alegria cada aceno,
Destrói da solidão cruel veneno
E mostra enfim caminho e redenção.

Quem veio de um inverno que em frieza
Tornou meu passo lento e sem destino,
Chegando bem mais forte a correnteza

No sol de uma paixão, calor a pino,
Impede a mutação da natureza
Mostrando uma verdade à qual me inclino...



92


Chegaste devagar, bem de mansinho
Já chegou ocupando o pensamento
Tomando para si o sentimento,
Com palavras gentis, tanto carinho...

Na boca que beijamos verde vinho
Sorvendo em cada gota avivamento
Que refazendo a vida num momento
Abriu uma esperança: novo ninho...

O som do teu silêncio se espalhando
Por toda a minha casa-coração.
Quando vi... Reparei; estava amando

A mando do que fala-se tão quieto;
Na voz tão delicada da emoção
Tomando minha vida, por completo..



93


Chegaste mansamente como a brisa,
Tomando num segundo, toda a senda.
Amor em que não cabe mais contenda,
Invade este cenário e não avisa.

Agora que minha alma se matiza
Nas cores que emoção, cedo desvenda,
Tornando a solidão, apenas lenda,
Por sobre nuvens claras, vai precisa

E segue cada rastro que tu deixas.
Sentindo o teu perfume delicado,
Na maciez que encontro nas madeixas

Dos teus cabelos longos e macios.
Viver cada momento do teu lado,
Em meio a mil gemidos e arrepios...
Marcos Loures



94


Chegaste mansamente e pouco a pouco
Tocaste bem mais fundo o coração
Deixando em profusão, confuso e louco
Entregue sem limites à paixão.

Amor que sem medidas foi tomando
A casa, a sala, o quarto em fogaréu,
Do gozo de um prazer veio inundando
Translada para a Terra imenso Céu.

Na barca de meus sonhos, timoneira
Vergastas e delícias me trazendo.
A noite se mostrando lisonjeira
Da sede do desejo eu vou bebendo

E sei o quanto quero a fantasia
Que molda em nossa vida, esta alegria..


95


Chegaste mansamente em hora boa
E sorrateiramente, devagar
Pingando no peito uma garoa
Em pouco começou a trovejar

Meu coração que andava meio à toa,
Assim já começou a disparar.
Agora, bem mais forte ele ressoa
Parece que do peito vai saltar...

Moleque coração mais sem juízo
Achando esta morena se perdeu.
Não pôde resistir ao teu sorriso

Que faço meu amor, se já sou teu.
Te espero aqui sozinho no meu quarto,
Senão meu coração vai dar enfarto...
Marcos Loures


96


Chegaste mansamente em minha vida,
De forma tão sutil que nem senti.
Aos poucos, minha história em ti querida,
Meu rumo simplesmente, já perdi.

Eu sinto tanta falta de te ter,
Queria a cada aurora ser mais teu.
Que faço nesse mundo; quero ser
Aquele que em teus braços se perdeu...

Que pena não te ter sabido outrora,
Embora sempre estive assim tão perto.
Mas tendo teu carinho, desde agora,
Meu mundo não é mais triste deserto.

Eu quero teu amor assim vital,
Por certo, estava escrito em nosso astral...


97


Chegaste no meu quarto de surpresa
Vestindo transparente lingerie
Senti-me no momento, tua presa
Em meio desta fome eu me perdi.

Comeste cada parte em sobremesa
Depois lambendo os beiços, percebi
Que a noite prometia uma princesa
Safada e generosa viva em ti.

No quase que não fomos, sofrimento,
Depois em doces gomos, um banquete;
Amor que não perdeu nenhum momento,

Se mostra com a cara e a coragem.
Na gula em que se mostra, amor repete
A festa extasiante, sem miragem.


98



Chegaste no momento derradeiro,
A minha alma em fatal putrefação
Servindo de repasto e refeição
Ao gozo deste insano rapineiro

Que crava as fortes garras no meu peito,
Os dedos amputados, minhas pernas,
Carícias das bicheiras, mornas , ternas
A carne apodrecida, mesa e leito.

Minha antiga dispnéia se agravando,
Buscando na janela, um vento brando,
O calor me sufoca, procuro ar.

A morte me tocando em mil tentáculos.
Aos teus olhos terríveis espetáculos,
A vida sinto aos poucos me deixar...
Marcos Loures



99


Chegaste num sorriso, primavera
Trazendo o teu canteiro perfumado.
Depois de tanto sonho, farta espera,
Amor no coração vem batucado,

Fazendo toda a festa que quisera,
Deixando o que não presta ali, do lado.
Amar a vida inteira, assim à vera
É quase ser um ser abençoado...

Entornas teu jardim em flores tantas,
Mostrando que os espinhos são enganos.
E qual a cotovia tu me encantas

Em versos e delícia sensual.
Sentidos se mostrando soberanos,
No aroma do jardim celestial..



4100


Chegou lá de Goiás um novo vento
Trazendo uma alegria sem igual,
Amiga, como é belo o sentimento
Que entranha a poesia, sensual...

Tua pureza imensa sempre agrada
A quem possa te ler, e faz feliz.
Tu tens delicadeza de uma fada
Escreves com ternura e bom matiz.

Pois; Loures os lauréis conquistarás
Com versos delicados e mimosos,
Por certo no infinito brilharás,
Teus dias, com certeza, gloriosos...

Eu tenho tanto orgulho em ser teu primo,
Aracelly com carinho sempre rimo!

Para a poetisa goiana Aracelly Loures que, para meu orgulho, é minha prima e minha amiga
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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