Prosas Poéticas : 

O Enganador: a Assobiar Certezas por Aí...

 
Tergiverso, eu sei... sim, mas o que fazer? É da minha natureza! Eu estava destinado pelo "mal-nascimento" a ser um pobre encanador. Mas, tanto fiz que, depois de ser um pregador perante o Eterno, eu me tornei mesmo um enganador — e aí, quando comecei a escrever... a coisa piorou!

A comparação... um tapa na cara: que coisa mais antiga, e mais comum que um tapa na cara?! Nos filmes, nas tragédias, nos romances, nas novelas de TV, na vida... E que "coisa", que ser consegue ser mais comum, mais encontradiça que um canalha? Os canalhas são como os sinais eletromagnéticos — estão por toda parte — e atingem as pessoas pelas suas "antenas"... quais? Cada um sabe de si, isto é, sabe ou deveria saber, por onde os canalhas lhes chegam... Mas, a integridade, a ingenuidade, a credulidade, o azar, a paixão, a ilusão do amor — são alguns exemplos de "antenas para atrair canalhas"...

Ah, pois... eis o prato de hoje: quando escrevo, não tenho sossego se não consigo encaixar lugares-comuns, assim, bem ajustadinhos, bem aplicados nos textos das minhas "enganações", digo, das minhas narrativas poéticas. A força [às vezes, irritante] do lugar-comum é inegável. Irritante, mas impossível de não ser conhecido por muita gente... ou nem seria um "lugar-comum"!

A comparação... um tapa na cara: que coisa mais antiga, e mais comum que um tapa na cara?! Nos filmes, nas tragédias, nos romances, nas novelas de TV, na vida... E que "coisa", que ser consegue ser mais comum, mais encontradiço que um canalha? Os canalhas são como os sinais eletromagnéticos — estão por toda parte — e atingem as pessoas pelas suas "antenas"... quais? Cada um sabe de si, isto é, sabe ou deveria saber, por onde os canalhas lhes chegam... Mas, a integridade, a ingenuidade, a credulidade, o azar, a paixão, a ilusão do amor — são alguns exemplos de "antenas para atrair canalhas"...

O arremate grita de tão óbvio: que satisfação maior a gente pode ter do que acompanhar os instantes que antecedem o percurso, no ar, da mão que vai, enfim, estalar um tapa na cara de um canalha?! Aí está: um exemplo de um antiquíssimo "lugar-comum" — bem aplicado!

E o lugar-comum, num texto? Se aplicado com habilidade e oportunidade, o efeito é semelhante ao do tapa: clareia com um flash de relâmpago, é coisa para ser apreendida num lance de olhos, nem gasta pensar! Quem é que vai ainda pensar no que já está farto de ouvir? E mais: tem um impacto satisfaciente no leitor semelhante ao do expectador que assiste ao tapa bem aplicado na cara de um canalha!

Ah... deixem-me pensar que eu os engazopei com esta arenga... ah, sejam caridosos comigo, esta vezinha só! Vejam só, eu até meti aí esta palavra antiquada... que mal pode haver em [apenas] mais uma enganação?


[Penas do Desterro, 30 de agosto de 2010]


 
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