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Anéis de vida

 
"quando as marcas do teu existir marcam a tua vida, impreterivelmente marcarás a vida de outros!"


Tinha preso aos dedos as marcas de uma vida carregada de simbolismos quiméricos. Olhava para cada um deles, para cada argola adormecida, como extensões de uma vida sonhada ao detalhe. Sentia-se despido quando os tirava, algo lhe faltava, algo que o tornava incompleto, ausente, diferente do que era, diferente do que sentia. Se um lhe mostrava que o Universo é um todo nesta vida, o outro, dava-lhe a serenidade de águas calmas em dia de tempestade em terra. Eram pedaços que o protegiam do frio dado ao espírito e que lhe relembravam o porquê de estar aqui, nesta encarnação, a viver a vida que tinha, a sentir agarrado à pele os anátemas de uma prisão em si. As pessoas olhavam-no com olhos de soslaio, reparavam nas mãos percorridas por contrastes diferentes em que os pulsos ostentavam karmas tão antigos como a humanidade em si. Estranha criatura, calada, silenciosa, que vive entre dois mundos - ser o que é num mundo de faz de conta!
Vivia símbolos antigos, como vivia no acreditar de respirar do hoje. É assim desde que se lembra, desde que consegue ter capacidade de se recordar do valor que dava aos significados estranhos, as formas químico/telúricas que, sempre, desde criança lhe despertava a atenção. Ri-se com o "Fake" mundano de certos corpos que deambulam pelos caminhos humanos, almas que tentam realçar o que nunca tiveram, o que nunca foram e o que nunca sentiram. A vida ensinou-lhe que não devemos ter medo do lobo, do ser que se apresenta como sente ser, mas sim, da ovelha, que veste pele de lobo, da alma cognoscente que sabe a forma de enraizar nos outros hipérboles de verdades unicamente dadas aos olhos.

Hoje, bem hoje e depois de muitos segundos, de milhares de tempos vividos, adormecidos, sonhados, pergunto-te, e então, já consegues perceber se havia alguma verdade em mim? Se o que te mostrava ser é o que realmente sou? Se apenas te oferecia pautas de música em que os violinos te davam o que querias ouvir ou, se realmente, a melodia sem pauta que eu tinha era verdadeira e sentida? Escusas de me responder, responde-te a ti mesma, fala contigo, ouve-te e sente-te!

Sabes, as mãos continuam as mesmas, assim como as argolas negras, de prata, os símbolos de vida que se prendem a elas, mas há uma diferença, uma grande diferença. Hoje, neste dia pela graça do Senhor, elas sorriem, brilham, mesmo que sejam enegrecidas pelo tempo e pela vida que já viveram. Brilham, irradiam luz, libertam sonhos porque hoje, bem hoje, com todos os símbolos que têm impregnados nelas próprias, podem também dizer...

" Somos mãos afortunadas, porque a vida pousou em nós, ao, simplesmente, segurar nas tuas!"


"Sê aquilo que és, certamente, serás mais feliz e farás mais feliz os outros!"


"Quanto maior a armadura, mais frágil é o ser que nela habita!"



 
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Gothicum
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Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 07/01/2015 17:12  Atualizado: 07/01/2015 17:12
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 Re: Anéis de vida
Parabéns Poeta
Muito bom! Beijos!
Janna